quarta-feira, 29 de agosto de 2012
trovas...tanto amor...tanto tanto!
é aqui no cais da saudade
onde meu coração aportou
que escrevo a simplicidade
do que fui e o que sou...
sinto o pulsar da terra
e o vento vai silvando
este meu verso encerra
saudade em mim sangrando...
fruto amadurece e cai
anda o destino à toa
a saudade que não sai
já a vida se esboroa...
raios de sol cativos
na noite fios de luar
andam meus olhos vivos
na sede de te encontrar
sou poeta ou talvez não
mas aos poetas sou igual
dizem louco e com razão
sou de ignorância total...
anda no ar cheiro a tília
aroma tão estonteador
meus olhos fazem vigília
aos teus olhos meu amor
estrada a perder de vista
levo os meus pés já nús
ainda que a vida insista
a estrada é minha cruz
não há palavras bastantes
que m' enxuguem o pranto
ao lembrar tantos instantes
de tanto amor...tanto, tanto!
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
fado...vou à noite pedir
perdi o rasto ao amor
esqueci de mim então
chegou Setembro e a dor
agrilhoou meu coração
vou a esta noite pedir...
que outro sonho invente
pra nos teus braços cair
quando acordar de repente
trago o fado pela mão
m' acompanha a qualquer hora
este fado que é condição
choro com ele se ele chora
a esperança foi embora
deixou esta dor somente
triste fado este agora...
me deixa de ti ausente.
como borboleta cega
a ti me neguei confesso
a verdade não se nega,
mas agora amor te peço...
não tortures de saudade
nem me tragas só sobejos
não quero tua piedade...
só ventura dos teus beijos
natalia nuno
rosafogo
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fado chorado...
passei hoje à tua porta
na esperança de te ver
a esperança quase morta
hoje acabou por morrer...
deixei lá na tua rua
meu amor o meu olhar
para quando chegar a lua
me encontres a chorar
o fado bateu-me à porta
pensando aqui te encontrar
encontrou-me quase morta
de cansaço de te esperar
chorei à beira do cais
e o fado chorou comigo
o mar levou nossos ais
deixou saudade como castigo.
natalia nuno
rosafogo
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trovas....0 amor
o amor está em tudo
e com tanta energia...
às vezes se faz de mudo
mas a vida nele confia
amor dá sentido à vida
habita na alma do ser
há a ideia desmedida
do medo de o perder
amor é livre e sereno
quem ama não impõe
condição, é doce, ameno
não é posse nem retenção
amar traz serenidade
floresce no corpo e alma
sentimento que é liberdade
comunga conosco e acalma
é este o amor maior
amor que de dentro vem
outros são alvos do amor
deste, que em nós se tem
o amor traz o céu à terra
assim seja luz equilibrada
mundo de sentidos encerra
afectos e emoção partilhada
rosafogo
natalia nuno
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quinta-feira, 16 de agosto de 2012
fado...calei minha dor
calei minha dor calei
pra teu amor esquecer
só ao fado confessei
este tão grande sofrer
só ao fado confessei
este meu grande sofrer
agora, amor te peço
não me negues a verdade
perdida por ti confesso
sofro de amor e saudade
teu barco partiu do cais
fiquei de lenço a acenar
o fado ouviu os meus ais
veio a solidão pra ficar
fica minha alma à escuta
procura-te na noite escura
e o meu corpo numa luta
acorda em mim a loucura
calei minha dor calei
deste meu grande sofrer
só ao fado confessei
o teu amor esquecer
só ao fado confessei
o teu amor esquecer
2ª tentativa de fado
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
trago o fado a meu lado
trago o fado a meu lado
falo com ele a qualquer hora
fado triste e magoado
que no meu coração mora
fado triste e magoado
que no meu coração mora
disseste que me amavas
e eu quase acreditei!
quando nos olhos me olhavas
eu, nos teus me abandonei
trago o fado pela mão
a par da minha vontade
num sonho de exaltação
exaurido de saudade...
chamaste-me teu tesouro
e teu madrugar de prata
és meu anoitecer d' ouro
tua ausência é que me mata
trago o fado a meu lado
falo com ele a qualquer hora
fado triste e magoado
que no meu coração mora.
fado triste e magoado
que no meu coração mora
natalia nuno
rosafogo
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1º tentativa de criar um fado
trovas... restos da memória
nosso amor anda perdido
em delírio meu coração...
o beijo trago esquecido
anseios frementes em vão
trago esperança p'lo chão
e o coração... um deserto
a Deus faço uma oração
pedindo ter-te por perto
meu coração fica à espera
da esperança que lhe deste
do outono à primavera...
só de vazio o encheste...
pelo tempo desarmada
já me ameaça a saudade
vai a vida na encruzilhada
será a morte serenidade
os meus seios são tão doces
e a minha pele é morena
quem dera amor que fosses
já não és...e tenho pena!
a vida é de choro ou riso
meus olhos inundam d' água
azuis de céu, ou paraíso...
chorosos andam de mágoa
nos meus sonhos perdidos
bate o coração sem cadência
já se foram meus sentidos
da dor desta tua ausência...
se um dia ficar esquecida
por cansaço ou desilusão
levo saudade desmedida
deixo em ti meu coração
natalia nuno
rosafogo
trovas de 2006
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
trovas...do amanhã nada se sabe
meu escrever é sempre igual
sou poeta de pouco saber...
tenho a mais valia tal qual
a vida me deu pra aprender
sou como o sol a cada dia
que não se cansa de nascer
tal como ele não trocaria
a luz deste meu saber...
com audácia vou brincando
aos poetas vida afora...
vou como pássaros cantando
trovas da boca para fora...
e nunca o prazer se perde
meu enleio é este prazer
cansado meu olhar verde
triste de morte há-de morrer
sem atingir a perfeição
ando das trovas cativa
fica mais forte o coração
e criando me sinto viva
sinto-me rica de esperanças
sonho, minha vida aumenta
dá Deus bem-aventuranças
o diabo a mudar não tenta
Deus o meu peito inspirou
deu-me por musa a saudade
poeta ou não... sou o que sou!
pois do amanhã, nada se sabe.
natalia nuno
rosafogo
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domingo, 12 de agosto de 2012
trovas...com rigor já nada sei
já a noite serena avança
dou meu dia por perdido
contemplo-a como criança
sonhando com tempo ído
quanto agora não daria
por este dia passado...
deixou-me a vida vazia...
levou de mim um bocado
serei a mesma ainda serei
quando novo dia chegar
mais saudade, eu sei, eu sei!
neste meu doce naufragar
hei-de lembrar meia perdida
a juventude que se apagou
ando viva... meia esquecida
mal sabendo que sei quem sou
natalia nuno
rosafogo
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sexta-feira, 10 de agosto de 2012
trovas...suspiros ao vento
deixo-me por aqui a morrer
já nada me atiça o coração
da razão não quero nem saber
coso-me com a solidão...
trago a esperança p'la mão
e no sono trago o sonho
brinco ao amor com coração
com algemas no teu o ponho
sobem e descem as águas
loucas por chegar ao mar
comigo levarei mágoas
quando me fôr e te deixar
há sempre em nós a ventura
na vida que por sorte coube
o mal nem sempre dura...
há sempre Deus que nos ouve.
não há cheio, nem vazio...
nem gaiola com liberdade
não há febre que não dê frio
nem amor que não dê saudade
reina o tempo entristecido
já nem choram as guitarras
fica a vida sem sentido...
e eu presa nas amarras.
natalia nuno
rosafogo
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natalia nuno
rosafogo
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quinta-feira, 9 de agosto de 2012
trovas...dei-te o sol que não tinha
eis-me um cismar magoado
vai-se o barco a afundar
trago o caminho degastado
e a viagem a terminar...
a saudade é a semente
do desgaste do caminho
cresce constantemente
faz do coração o ninho
há tanto caminho andado
saudades eu trago agora
de tanto ter caminhado
saudade trago de outrora
não sei se cante ou chore
no que me resta pra viver
meus olhos são verde cor,
campo deserto a escurecer
escassos foram os beijos
à distância vão ficando...
guardo pra sempre desejos
nos confins de mim pairando
dei-te o sol que não tinha
dei-te flores pelo caminho
foste meu rumo, sina minha
luar chegado de mansinho.
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
trovas...água dos sonhos
há peixes de água doce
e peixes do mar salgado
quem dera que ainda fosse
meu amor do teu agrado
miro brincos de princesa
misteriosa é a saudade...
não há na vida a justeza
como será na eternidade?
parte de mim é estrela
outra parte um girassol
metade é barco à vela
outra metade farol...
agora flor de inverno
do outono despetelada
no olhar o fogo eterno
e de saudade abastada
cresci urze p'lo monte
digo-me da terra dela sou
fui com a cântara à fonte
e a juventude ali ficou...
quem me sabe lá me vê
terra, vento, proximidade
no meu rosto logo lê...
crescendo assim a saudade
enleio, hera de recordação
memórias são a herança...
trago em mim a canção
do rio da minha lembrança
ondula o trigo p'la tarde
nas pastagens do meu olhar
minha terra, minha verdade
água d'sonhos do meu sonhar
natalia nuno
rosafogo
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quinta-feira, 2 de agosto de 2012
trovas...o poeta atravessa a ponte
não tenho rio nem barco
a saudade é que me leva
o meu tempo é tão parco
não sei se vá se escreva
notícias vêm uma a uma
aí estou eu sempre à espera...
mais vale nem ter nenhuma
pois quem espera desespera.
o poeta atravessa a ponte
deixa os olhos na margem
lava as rugas da fronte...!
vai mirando a sua imagem
o fundo do rio é escuro
das lágrimas côr de carvão
traz-me o choro do futuro
não há bela sem senão!
a passagem está cortada
só pássaros podem passar
anda a vida desertada...
o coração a querer parar
saudade em mim se enreda
e eu sem asas para voar...
a vida no ninho se queda
trovar é m'ha forma de estar
abraço manhã de saudades
me concede tranquilidade
vão pingando as novidades
e à noite chega a saudade
natalia nuno
rosafogo
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quarta-feira, 1 de agosto de 2012
trovas...trago a alma colorida
trago a alma colorida
vai-se negando ao medo
forjo, ando cheia de vida
lanço ao tempo arremedo
salgueiro nu minha nudez
chora ao rio m´ha imagem
levo comigo m´ha surdez
ainda um pouco de coragem
volto a sorrir singelamente
minha expressão a cada dia
nuvem fatigada ao poente
mas girassol ao meio-dia...
esfrego olhos p'la paisagem
respiro o cheiro das espigas
no vento aguento a viragem
gaivotas são minhas amigas
rasgões salpicam a vida
relampagos salpicam os céus
colada aos sonhos sem saída
enredada nos meus e teus
leva o tempo a lentidão...
e nele tanto arrastar...
nas minhas horas o senão
que é ver a vida a passar...
perdi o pé deste chão
já sinto o sol afrouxar
tenho sempre a tentação
de na curva encruzilhar
estou p'lo tempo desarmada
palavras trago de vidro...
e a lágrima já chorada
saudade do que foi querido
natalia nuno
rosafogo
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