domingo, 23 de setembro de 2012

trovas...e a cinza reacendeu



baixei os olhos ao chão
quando passaste por mim
meus olhos choram em vão
secos como o alecrim...

passaste à minha janela
ficaram-me os lábios sedentos
passaste por lá com ela
não ouviste meus lamentos.

sabe o destino ao que vim
o que penso e o que sinto
ao ver-te passar por mim
ateou o amor não minto

brilho vivo que encendeia
que ateia em mim a chama
esqueço tudo que me rodeia
diz meu coração que te ama

passaste e não me falaste
um do outro já esquecido?
mas nos meus olhos ficaste
e não me sais do sentido

e a cinza reacendeu...
d'alguma parte regressada
o coração não esqueceu
tua promessa falseada.


rosafogo
natalia nuno


sábado, 22 de setembro de 2012

trovas...erro fatal cometi...




já de sobrolho carregado
e aprendido tudo na vida
deixo rezinguises de lado
não quero a vida perdida

esqueço mal-entendidos
solto minhas gargalhadas
o tempo traz-nos perdidos
mas eu não perco passadas

a vida não exita em bater
batendo a todas as portas
qual vento a não esquecer
de levar as folhas mortas

uma gaivota levanta vôo
dentro da minha cabeça
uma melodia então entôo
para que não adormeça

é coisa que eu ouvi?
ou esqueci de perguntar?
erro fatal cometi...
deixei o tempo passar...

era mulher magra bonita
debaixo de olho traziam
agora ninguém acredita
nem os olhos que a viam

e a paisagem primaveril
tornou um tanto envelhecida
só os sonhos mais de mil
e os olhos postos na vida

agora no final do acto
deixo-me de modo distraído
faço com a vida um pacto
trazer meu sonho vestido...

rosafogo
natalia nuno

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

trovas...amor de verdade é que é!

 


ser feliz é também dar
e estar sempre de boa fé
as injustiças não calar!
amor de verdade é que é

há lábios que dizem tudo
não servem só pra beijar
que nunca se fique mudo
para a verdade calar...

vivo bem com disciplina
e sentimentos de verdade
aprende, também ensina
actos e  responsabilidade

pergunto ao mar,sol e vento
amigos desinteressados...
pela esperança que acalento
nos meus sonhos inventados

meu coração é um poço
traz saudade até á fundura
no silêncio ainda o ouço
batendo de amor e ternura

a vida agora é poente
já foi um sol a nascer
e o tempo práticamente
já é tempo de morrer

não volto as costas à fonte
não quero meu cantaro vazio
quero olhar o horizonte
e a lua espelhando o rio

bebo uma taça à vida
não me esqueço de a beber
quero vivê-la bem vivida
enquanto por cá estiver.

natalia nuno
rosafogo



terça-feira, 18 de setembro de 2012

trovas... valha o que valer




valha o que valer
poesia vou deixar
e se alguém a ler..
se vá de mim lembrar

despojo desejo legar
a todo o vindoiro
que há-de apreciar
guardar como tesoiro

assim parece evidente
é o mais vivo de mim
de mim que inda sou gente
gente a chegar ao fim...

é todo o meu percurso
como se abrisse uma porta
é meu rio em livre curso
a deixar depois de morta

tudo deixo à posteridade
meu prazer mais delicado
e toda a minha saudade
deste caminho andado

e quando a morte chegar
e eu não existir mais
lembrem só de a amar
pois não quero pedestais

trago comigo o nevoeiro
que fragiliza minha estrada
meu mês é janeiro, primeiro
início da minha caminhada

há menos risco se viajar
agora com tranquilidade
não ganho senão tentar
levo comigo a saudade.

rosafogo
natalia nuno

sábado, 15 de setembro de 2012

trovas... pedaços de revolta




a vida é uma comédia
num palco improvisado
ás vezes é uma tragédia
mas é assim nosso fado

levamos lição aprendida
nem sempre acomodada
domina-nos a revolta da vida
uns com tudo e outros  nada

como âncora que se afunda
já nada o coração nos dita
só o sonhar não abunda...
em tempos turvos de desdita

sem futuro, ilusões perdidas
anda gente sem trabalhar...
que será destas vidas
sem alegrias para celebrar?

a vida é criança travessa
utopia querer asas para voar
sonhar o céu pra que aconteça
ver a  tempestade passar...

de horizontes dispusemos
envolvidos por um bem estar
p'la liberdade pouco fizemos
quando vinha a despontar...

venceremos as muralhas
sigamos de mãos unidas
levemos avante as batalhas
na defesa das nossas vidas

natalia nuno
rosafogo















quinta-feira, 13 de setembro de 2012

trovas...pedaços de mim



Ao longe se ouvem os ais
no silêncio querem dizer,

que a alma sofre demais
a vida é como não viver

sorri o sonho na boca
e o sol nos canaviais
a vida é já tão pouca...!
os sonhos não são demais

ao tempo ninguém escapa
quiz amar-te perdidamente
já a vida se esfarrapa...
levando-nos definitivamente

tivesse ainda aquela idade
de menina de arrumo e zelo
não crescia esta saudade...
nem no coração este atropelo

meus gestos e meu sorriso
tudo continua bem vivo...!
nos versos quando é preciso
deixo meu sonho cativo...

choro de olhos enxutos
limpo o rosto com a mão
as palavras são os lutos
que carrego no coração

não quero enterrar a vida
ainda que se vá a esvair...
trago a coragem amolecida
por um século ver partir...

fecho as cortinas da tarde
em branda saudade caindo
nos meus lábios a liberdade
que a palavra está exigindo...

rosafogo
natalia nuno

domingo, 9 de setembro de 2012

trovas...pinto aguarelas de lembranças

 

 

voa a minha imaginação
o tempo está-se a esgueirar
minhas palpebras na solidão
a tarefa é continuar a sonhar


sardinheiras vestem vermelho
das cigarras vem o zumbido
enquanto me olho ao espelho
ficam meus sonhos no olvido

há aguaceiros na madrugada
cobre a terra erva daninha
tempo é pouco mais que nada
levando a vida que é minha

tudo acontece a cada minuto
conto meus passos um a um
vou assim colhendo o fruto
da vida passada em comum

sobre o quanto eu vi e vivi
pinto aguarelas, recordações
água fresca  do amor que bebi
lembranças boas ou desilusões

corpo recusa o tempo invasor
as rugas no rosto estão a florir
que vivam...! vivo trago o amor
viva... adio o tempo de partir!

natalia nuno
rosafogo




domingo, 2 de setembro de 2012

trovas...pequenos desabafos





atravesso a solidão
pra mim deixou de ser dor
tão natural p'la minha mão
às vezes um bem maior...

nasci e morro sózinha
caminhar é sina minha
na linha da mão se adivinha
a vida é vôo de andorinha

plantei lágrimas e sorrisos
colhi dias sempre iguais
as rugas são os narcisos
inventados p'los meus ais

a juventude passa não fica
cruzamos com ela uma vez
vem o tempo a sacrifica
 e os sonhos que ele desfez?

são janelas de emoções
os olhos que Deus me deu
meninos rezando orações
rituais que a vida teceu

dentro do sono delicado
trago gestos de menina
o tempo de sonhar acabado
e as lembranças na retina

natalia nuno
rosafogo
imagem da net

Meus queridos amigos vou de férias volto breve, obrigada pelas vossas visitas, voltem sempre!