segunda-feira, 31 de março de 2014

trovas...sonho ou pesadelo?



Com as mãos sonho teço
o mundo em mim não cabe
já no sonho eu adormeço
vôo, p'los céus q' nem ave


Daqui não vejo estrelas
que brilhavam aqui perto
mas um dia hei-de vê-las
com o olhar bem aberto

Invento pra mim o mundo
onde sinto a liberdade
e neste querer profundo
trago presente a saudade

Palavras por mim falam
e cantam em pleno grito
na minha boca não calam
se o coração está aflito

Trago os sonhos quentes
e as ilusões a crescer
assim os dias diferentes
na esperança de acontecer

Nos olhos a solidão
em pesadelo a gritar
ao ver-me ali no caixão
para nele embarcar

Com dor dentro de mim
tanta gente à minha roda
olhos rasos, lágrimas s' fim
a morte tanto incomoda

Ao acordar, estranho gelo
fico na noite enredada
neste escuro pesadelo
mais uma noite passada

Silêncio aqui estendido
à espera de mim ninguém
como se nunca existido
no coração de alguém

natalia nuno
rosafogo














quinta-feira, 27 de março de 2014

Memórias...incompletas



de memórias sou feita
memórias na solidão...
saudade em mim se deita
vinca-me a pele e coração

as memórias no caminho
a trazerem-me sentimentos
são rosas e nelas espinho
que ferem meu pensamento

no meu corpo, corpo inteiro
um silêncio, silêncio d'amor
a lembrar, lembrar primeiro
que  o silêncio afaga a dor

marcas largas de sorriso
que são como terapia
são a força que é preciso
prós momentos que antevia.

porventura é só ilusão
todas as dores d'hoje
gastam o meu coração
enquanto a vida lhe foge

no clamor da tempestade
anda o olhar moribundo
recordando com saudade
o que deixo p'lo mundo

natalia nuno
rosafogo
 
 










sexta-feira, 21 de março de 2014

soltas...instantes



Estranha é a ausência
de flores na primavera.
Esgota-se a paciência
quem espera desespera.

São hoje o nosso tema
versos de toda uma vida
são eles longo poema...
de solidão desmedida.

O amor é grande ilusão
que se mantém vida fora
é como flor em botão
que abre e morre na hora.

Já sou menina grande
senhora do meu destino
peço à vida  que ande
devagar... sem desatino.

O meu olhar vibrou tanto
quando olhou o olhar teu,
virou um vitral de pranto
porque o teu o esqueceu

Neste outono tão agreste
é radiosa a nostalgia
lembrar amor que me deste
é sonho ou é magia...

Chama que se manteve
é  seiva a soçobrar
mesmo a vida sendo breve
tens-me ainda pra te amar

natalia nuno
rosafogo
trovas de 2010



 

terça-feira, 18 de março de 2014

livre como o vento...soltas



escrevo para me lembrar
quero ser livre como vento
quero espinhos retirar
da vida e do pensamento

noite de estrelas serena
não quero mais despertar
no coração nasce a pena
que o anda a despedaçar

cheira a noite a luar
não páro de me iludir
nascem estrelas no olhar
estou aqui para te ouvir

depois encosto-me a ti
e faço por as esquecer
lágrimas que te escondi
andam p'lo rosto a correr

pensei em verso cantar-te
amor duma vida inteira
mais do que verso amar-te
sempre tua companheira

nos soluços duma trova
tanto te quero dizer...
esta saudade sempre nova
e lembrança a não perder

vida passa e não se nota
eu sobre ela me debruço
vou seguindo a m' rota
que a vida é breve soluço

o nosso amor suponho
é como esse mar sem fim
n' quero sucumbir ao sonho
de ter-te perto de mim...

natalia nuno
rosafogo





sábado, 15 de março de 2014

novas d'amor



Trago os olhos bem abertos
não os quero eu em pranto
andam desejos encobertos
desde que por ti m' encanto
 
Até as flores... coraram
ao ver teus olhos de veludo
também os meus os olharam
e o coração ficou mudo
 
Passa a água buliçosa
fica meu olhar ardente
brilha a lua vitoriosa
ao ver o namoro d'gente

Solidão onde me embalo
onde espinhos são veludo
em sonhos eu contigo falo
mas teu coração é surdo

Olho o passado meu mar
com ondas tão alterosas
outras doces de embalar
altares onde eu pus rosas

Amor jamais se olvida
emoldura-se na mente
nunca se dá por vencida
a lembrança que se sente

Trago a lacerar-me o peito
momentos a que disse adeus
amor em temporal desfeito
foram sonhos meus e teus

Àgua no tempo ...parada
no coração um vazio
desse amor já quase nada
água não regressa ao rio

Rio que é agora secura
de tantos desejos já idos
são já saudade e ternura
embalo dos meus sentidos

natalia nuno
rosafogo








terça-feira, 4 de março de 2014

Faz de conta...trovas



sonho num faz de conta
trago alegrias penduradas
lembrança que desponta
em alegres gargalhadas

minha porta tem postigo
e uma cortina de renda
cá dentro é meu abrigo
abriga quem eu entenda

à minha janela encostas
eu te aguardo em segredo
dizes que de mim gostas
acredito mas tenho medo

a porta hoje é só saudade
saudade nela a não caber
solidão é ... crueldade...
por dentro já vou morrer

pus na porta fechadura
na saudade pus batente
fechei lá dentro a ternura
e todo o amor da gente...

agora não se pode entrar
nem sentimento mui forte
se a saudade se aproximar
decerto... perderei o norte.

natalia nuno
rosafogo

sábado, 1 de março de 2014

Lembranças....



amanhã vai estar quente
o sol vai estar abrasador
é meu coração que sente
ao olhar teu olhar amor...

como o sol está vermelho
coração de amor coberto
é o teu olhar  um espelho
onde m'miro se estás perto

vai o tempo às arrecuas
trago às costas a saudade
saudades minhas e tuas
carrego até à eternidade

cheira o campo a alecrim
tem seu incenso espalhado
ai que saudades de mim...
e do tempo que é passado

andei por terra batida
quando tempo era de sobra
trago na memória a vida
e a saudade é disso a prova

meu caminho de menina
cheira a flor de laranjeira
a luz do sol nos destina...
fazer da vida sementeira.

olhos luz de lamparina
são eles candeia acesa
nesse caminho de menina
fui canteiro de beleza

oiço pássaros à distância
o coração a querer sair
oh meu caminho de infância
fundo do tempo... a fugir

as lembranças são afagos
margaridas na primavera
cacho d'uvas dourados bagos
presentes à minha espera.

natalia nuno
rosafogo