segunda-feira, 22 de setembro de 2014
chora a noite...trovas
chora noite, noite chora
sobre a vila e a cidade
porque chora tanto agora
e me causa a mim saudade?
a noite triste... denuncia
q'o tempo está de mudança
q' ficou mais velho um dia
angústia de não ser criança
parece noite de assombração
s' estrelas, nem meias estrelas
noites sem sono... cansaço dão
q'ninguém tente entende-las...
noite negra, tinto cinzento
é agora negro de escuridão
mistério, luto, tormento
s'norte, nada mais q' solidão
não se vê palmo, só pranto
a tempestade quase passou
com velhas rezas ao santo
da noite chorosa nos livrou
noite onde morro mil vezes
como ela choro, me desfaço
choro da vida... os reveses
e outras mil vezes renasço
natalia nuno
rosafogo
Hoje 22/09/21014 a chuva alagou Lisboa
antigas trovas
chora a noite...trovas
chora a noite, noite chora
sobre a vila e a cidade
porque chora tanto agora
e me causa a mim saudade?
a noite triste... denuncia
q'o tempo está de mudança
q' ficou mais velho um dia
angústia de não ser criança
parece noite de assombração
s' estrelas, nem meias estrelas
noites sem sono... cansaço dão
q'ninguém tente entende-las...
noite negra, tinto cinzento
é agora negro de escuridão
mistério, luto, tormento
é morte, nada mais q' solidão
não se vê palmo, só pranto
a tempestade quase passou...
com velhas rezas ao santo
da noite chorosa nos livrou
noite onde morro mil vezes
como ela choro, me desfaço
choro da vida... os reveses
e outras mil vezes renasço
natalia nuno
rosafogo
Hoje 22/09/2014 a chuva alagou Lisboa
domingo, 21 de setembro de 2014
vês amor?!...trovas
vês amor como te quero
tanto?... tanto ...tanto!
que o coração desespera
mas bate ufano de encanto.
sai a mente do lugar
pra que o coração não chore
vem o sorriso adornar
pra que o sonho não demore
que nenhuma pena sinta
na verdade é o que quero
meu coração nunca minta
vês amor como te quero!
vou ficar distante então
verdade! que hei-de fazer?
se hoje oiço o coração
é por muito te querer...
vês amor como te quero
prende-me o tempo é corrente
ando insegura ... desespero,
por te amar sou penitente
nem sei o que mais quero
nem sei onde me abrigar
meu pensar não tolero
se o coração te quer amar
vês amor...final feliz,
que não provoque dano?
o pensamento me diz
q'o coração segue ao engano
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 19 de setembro de 2014
porque Deus quer...trovas
Deus trouxe-me até aqui
e tudo me dá hora a hora
logo Dele não me esqueci
anda em mim até agora...
em tudo Ele me conforta
quando o meu dia se faz
escuro, ou a vida torta...
me auxilia dando-me paz
assim m' pranto pouco dura
a esperança... fica presente!
parto da tão noite escura...
só porque Ele mo consente
está no meu peito presente
Ele que a minha vida vê
e eu O sinto claramente
meu coração nele crê
natalia nuno
rosafogo
desabafos...trovas
foi tempo, foi tempo faz
tempo de fazer inveja
agora o tempo só traz
aquilo que não se deseja
tempo que só desfeia
que é tão feroz para mim
a idade d'ouro alcancei-a
mas já fui flor de jardim
passa o tempo nada resta
quer o tempo que disponha
se ele nada me empresta
torna-me a vida enfadonha
em tempo, tempo algum
pedi ao tempo piedade
dele n'quero favor nenhum
me deixe ao menos saudade
pois se amor ainda tenho
e do tempo o resguardo
digo ao tempo q'desdenho
mas do tempo medo guardo
este tempo que é tão curto
se esconde e m'apoquenta
m' incomoda, a ele me furto
tempo assim quem aguenta?
neste meu canto m' lamento
tempo me deixa a morrer
sem piedade...deixa-se atento!
não me deixa dele esquecer
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 18 de setembro de 2014
amuleto...trovas
ando cinzenta de fadiga
s' vontade de acrescentar
à minha poesia antiga
forma de a abrilhantar
comigo nunca se sabe
se é pra norte ou oriente
vou arribando como ave
q'conhece o tempo e o sente
trago no baú a passagem
comprei num tempo s' fim
quando ainda tinha coragem
e o fim era tão longe de mim
cheia de sede... engoli
já vai a idade avançada
as mágoas, e do que aprendi
sei pouco ou quase nada...
trago um amuleto ao peito
não interessa o significado
pra me proteger é o jeito
de fugir à tentação do pecado
o sonho trago sustentado
dia a dia hora a hora...
quem traz o sonho gorado
não foi feliz e nem é agora
à procura duma fuga...
me sinto dum modo estranho
apareceu... mais uma ruga
e uma dor sem tamanho..
natalia nuno
rosafogo
6/2207 Stª Justa
é tempo de sonhar...trovas
venho subindo os degraus
subindo venho de pés nus
uns dias bons, outros maus
acendendo lâmpadas na cruz
o que eu sinto, e a meu ver
a vida tem de ser sustentada
que serve viver e não viver...
mesmo que longa a caminhada
é tempo, é tempo, exclamo
é música que só eu ouço...
p'lo mundo fora...eu amo!
viajar sempre que posso...
o artista vive para a arte
saberão o que é poesia?
q' importa, do coração parte
seja ela arte, ou utopia
dois passarinhos no peito
provocam uma sinfonia
mantê-los é o meu jeito
seus cantos são poesia...
canto sem acompanhamento
rio, choro, respiro fundo
triste, alegre o pensamento
pra esquecer males do mundo
para aqui fico tagarelando
que é estranho e para espanto
limpo lágrimas enquanto
rezo rosário no meu canto
natalia nuno
rosafogo
6/2007 Sta Justa
quarta-feira, 17 de setembro de 2014
ao entardecer...trovas
profunda ruga na testa
parece a carne cortar
o sonho ainda empresta
a imagem real pra sonhar
pra esconder a confusão
rio ainda entusiasmada
novo é meu coração...
o da imagem recordada
olho e volto a olhar
as fotos amarelecidas
e tento ainda lembrar
mas são-me desconhecidas
a preto e branco sombrias
apoio-me nos cotovelos
a recordar outros dias...
que só nelas consigo vê-los
dão-me vontade de chorar
a vida é uma doutrina!
ponto assente, há-de acabar
nem sempre se é menina...
às reminiscências m'encosto
balouço-me com nervosismo
espero as estrelas... eu gosto
ao entardecer ... eu cismo
gosto da frescura, da aragem
ver o jardim a escurecer
ver as fotos... e a tal imagem
nos meus olhos anda a morrer
para trás e para a frente
há sempre sinais de vida
só a morte abruptamente
torna a vida desaparecida
nesta semi/obscuridade
bela como uma pintura...
rapariguinha com saudade
olha-se nas fotos com ternura.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 15 de setembro de 2014
soltas...à memória
hoje sobra-me a alegria
nestas palavras escritas
foi-se o sol na tarde fria
cai a chuva... em gotitas
por mim... vaga de tédio
sem cor, palavra ou fala
já nem sei se há remédio
ou minha fé também abala
veio de longe a saudade
instalou-se no coração
diz-me ela que a verdade
é que a vida é só ilusão!
e a memória... é ficção?
mal maior é não a ter!
pra ter a infância à mão
e de saudade... morrer
os versos dentro de mim
centelhas... incendiadas,
candura ardente sem fim
são bandeiras desfraldadas
não vou ceder... à vida!
da morte nem vou falar
tristeza... triste, afligida,
que demore ela a chegar
mais aqui, ou mais além,
eu nem sei o que dizer!
é o frio da noite que vem
minha palavra... emudecer.
natalia nuno
domingo, 14 de setembro de 2014
quem se lembra?...
quem se lembra do rumor
que o silêncio calou...
versos gemidos... d'amor
nos lábios de quem amou?
quem se lembra d'procurar
pergunta que ninguém ousa
se a morte a vida abafar
onde é que a alma repousa?
quem se lembra dos ruídos
que nos afastam dos sonos
murmúrios e olhos caídos
causados por abandonos?
quem lembra do riso ainda
e logo do amargo rosto...
aquela dor que não finda
de tão amargo desgosto?
quem lembra sulcos d' vida
pássaros negros, tempestades
lágrimas dos olhos corridas
emoções libertas, saudades?
quem lembra rosto desfeito
da insónia que o desafia...
emudecido, amor perfeito
da noiva de algum dia?
todos se lembravam dela
mas todos a morte levou
do retrato... hoje ao vê-la
é flor que o tempo ocultou
natalia nuno
rosafogo
imagem da net
quinta-feira, 11 de setembro de 2014
volta de mansinho...
ouvem a menina do baloiço
ainda no baloiço a baloiçar?
olho para trás e ainda a oiço
como que por mim a chamar
vêem como a mim se enlaça
protege-se da sua fragilidade
não a derrube o vento q'passa
e a menina chore de saudade
vêem como baloiça tão alto
como a querer chegar ao céu?
deixa em mim o sobressalto
se lhe dói, dói o que é meu
ouvem o ranger dos ramos
que suportam seus sonhos?
inquietantes dias, tamanhos
apanha amoras e medronhos
vêem-na n' ondas do centeio
nas tardes nuas de verão?
atravessou m'ha memória veio
adormecer no meu coração
vêem como é ave que voa
livre, de asas estendidas?
não há saudade que não doa
é ela bálsamo das feridas
natalia nuno
rosafogo
imagem da net
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
lenço da saudade...trovas
destas minhas mãos vazias
caem pétalas uma a uma
são cansaços de meus dias
s/ esperança de coisa alguma
trago na memória antiga
pássaro que m'estende a asa
trinando a mesma cantiga
q' trinava no telhado da casa
pra q' eu saiba donde venho
não me larga o pensamento
passado é tudo o que tenho
como estes versos que invento
outro modo de voar eu não sei
a vida só a sonhar faz sentido
morrendo já... nada mais direi
já meu coração... é de vidro!
deixo-me ir antes que alguém,
sempre encontro uma saída
vou de jornada, e de ninguém
quero fazer minha despedida
aceno de longe um lenço
todo enfeitado de saudade
então percebo que pertenço
ali, onde busco minha verdade.
já q' o tempo me vai fugindo
a toda a hora... mingando...
fecho os olhos, vou fingindo
que sou eu... quem o comando
a saudade é-me tão familiar
prende-me a coisas pequenas
leva-me no tempo e ao voltar
fica em meu coração a morar
pra que esqueça minhas penas.
natalia nuo
rosafogo
2011/6
À gente maldizente...
ainda a sonhar me atrevo
palavra é minha liberdade
quem ultraja o que escrevo
ou tem inveja ou maldade
mastiga teu ressentimento
para quê dar-te respostas?
teu pensamento oco de vento
q' importa de mim não gostas?
perpectua tudo o que fazes
mas aquilo que fazes com jeito!
deixa em paz os que desfazes
ninguém na vida é perfeito...
por muito q' tentes denegrir
com a voz árida que nada vale
olha-te, depressa vais descobrir
não me importa q' de mim fale
vais cavando a própria ruína
nos teus olhos vejo vil desolação
é maldade ou é tua sina?
deixa que entre amor no coração.
rosafogo
natalia nuno
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
trovas várias...recordações
Sou poeta pois então
poética é m' nostalgia
poética é m' nostalgia
faço versos ao serão
e também à luz do dia
Poesia trato por tu
risco nela a minha sina
trago-a ao mundo a nu
desde tempos de menina
Esboço nela os sonhos
com acordes de tristeza
saudade de dias risonhos
o tempo levou c' avareza
Um afecto me proteja
um abraço me console
já a boca que me beija
dá-me a lua, traz-me o sol
Vou passando de revés
pela casa onde nasci
ali me levam meus pés
mas nem murmúrio ouvi
Olho a paisagem muda
ela que foi tão cristalina
pois o tempo não me iluda
lembro-a desde pequenina
Poeta não m'envergonho
Sou filha de cavador...
Nos versos sempre ponho
o seu nome com amor...
Na aldeia foi meu medrar
entre hortas e figueirais
de júbilo deixo alcançar
a memória de meus pais
Transborda o rio há cheia
há quem chame de aluvião
luzes acesas é hora d'ceia
vive em mim a recordação
natalia nuno
rosafogo
Abril, aldeia 1998
a gaveta do meio...trovas
abri a gaveta do meio
fotografias descoloridas
abri com algum receio
lembranças d'outras vidas
abri a janela e depois
inalei o odor do jasmim
recordei-me de nós dois
namorando no varandim
olhei então o apeadeiro
lá ao longe na estação
tu amor vinhas ligeiro
estremecia-me o coração
na extremidade da rua
debaixo de iluminação
jurei ali... amor ser tua
na tua enlacei m' mão
o passado se afastou
como livro por colorir
cuja criança se ausentou
e hoje lembra a sorrir
dois velhos actores
a quem a vida deu arte
vives tu inda d'amores
e eu vivo para amar-te
natalia nuno
rosafogo
abril 65
quarta-feira, 3 de setembro de 2014
quase uma desgarrada...
Na banda d'além do rio
tive um amor certo dia.
Hoje o coração vazio
triste chora e silencia.
Era da banda de cá
que eu morava e sorria
p'ra esse amor que já não há,
p'ra essa idade fugidia.
E entre bandas quem diria
que o rio manso e encantador
hora a hora, dia a dia,
me faz lembrar esse amor.
*************
Para a Natália, a poetisa da saudade do "rio de água lavada" - o nosso Almonda - e da aldeia, com suas bandas.
E aos lapenses, todos, claro!
Sou da banda de além
Pela infância fascinada
Não esqueço nada, ninguém
Desta terra tão amada
Dos amigos que criei
E que também acarinho
Dos bons me rodiei
Neles… tu Poeta vizinho
natalia nuno
terça-feira, 2 de setembro de 2014
nem doce nem vinagre...trovas
eu hoje brindo à vida
lhe levanto minha taça
Deus ma deu colorida
eu agradeço essa graça
nem doce nem vinagre
o meu dia renovado...
aguardo sempre milagre
seja d' amor perfumado
de tanto que caminhei
recordo sem ilusão...
que todo o amor que dei
foi belo e com paixão
tudo se distanciou
é agora fumo negro
mas o coração guardou
teu coração em segredo
não deixo a obscuridade
entre e sente à m' mesa
quero comigo a saudade
desse amor que foi certeza
natalia nuno
rosafogo
2011/05