domingo, 21 de junho de 2015
renascimento...soltas
não vejo como escapar-me
pra onde ninguém me veja
anda o tempo a desgastar-me
igual sorte não se deseja...
colho versos a toda hora
quer chova ou faça vento
sempre o coração implora
ao tempo que passa lento
por mais q' o tempo odeie
sabendo jamais regressa
pra onde me leva não sei!
mas sei que ele leva pressa
levo este viver por diante
é meu querer, assim quero
a juventude ficou distante
ver mais à frente eu espero
fui senhora d'outra idade
d'outro rosto, outro querer
há quem diga uma beldade
quem havia de dizer...!
desta mesmo não m'aparto
ainda q' lhe encontre defeito
será com ela que eu parto
não me engano é dito e feito
sei que há-de chegar o dia
mas quando será?não sei!
a mão de Deus é quem guia
e é com Ele que seguirei...
natalia nuno
rosafogo
02/2011
foto da amiga Manuela Gaspar, mostrando o sítio exacto onde nasci, uma casinha aí existia onde floresce agora uma buganvília, saudosa dos que partiram.
soltas...trovas ébrias
quem eu amo só eu vejo
o coração não sei porquê
dá guarida a este ensejo
meu coração de alvorada
gira, gira até ao poente!
quando por ti sou amada
dia e noite eternamente...
já o coração me dizia
que o amor era passagem
que fez de mim zombaria
me ensombrou a viagem
vou até ti por meus passos
volta a amar-me com fervor
dá-me dês beijos e abraços
sublimes, de doce amor.
natalia nuno
rosafogo
10/09/2001
foi bom beijar com amor
e com avidez possuir...
já passou por mim a dor
de te ver de mim fugir
volta a amar-me com fervor
dá-me dês beijos e abraços
sublimes, de doce amor.
natalia nuno
rosafogo
10/09/2001
a trova...
a trova é sempre um dom
é como que uma oração
como um sonho que é bom
e escreve-se com o coração
escreve-se c'simplicidade
só assim ficará formosa
escrita parece milagre...
traz até odores a rosa
não precisa sabedoria
incendiamo-la com fervor
trova-se a vida com alegria
se no coração brota o amor
trova aviva em alvoroço
como ir e vir dos pardais
fala-se do presente moço
passado q'não volta mais
no seu ritmo volta e meia
lá fica a rima meio torta
nem muito bonita nem feia
logo a Poeta meio morta...
instala-se nela o sonho
insiste-se nela a fantasia
tantas sílabas nela ponho
que a imaginação rodopia
às vezes é cega, q'cegueira
se não as faço é tormento
febre q'arde como fogueira
enlouquece o pensamento
trova que escolho despida
desprovida de preconceito
fiz eu trovas toda a vida
até na cama onde m' deito
como um jogo que vicia
como brasa q'estremece
faço trovas de noite e dia
faço uma, outra aparece
à trova não digo adeus
digo só... até mais ver
tal qual... os beijos teus
que reclamo e quero ter
natalia nuno
rosafogo
docemente recordando...trovas soltas
que linda que era
olhavam-lhe a face
ai ai quem lhe dera!
esse tempo voltasse
olhavam-lhe a face
ai ai quem lhe dera!
esse tempo voltasse
rosto primaveril
- olhar gracioso
sorrisos mais de mil
seu andar vaidoso
- olhar gracioso
sorrisos mais de mil
seu andar vaidoso
a fronte bem erguida
e a olhar em frente
o pulsar da vida
no coração ardente
e a olhar em frente
o pulsar da vida
no coração ardente
ergue os braços
à vida que a chama
vai cair nos abraços
daquele que a ama...
à vida que a chama
vai cair nos abraços
daquele que a ama...
do tempo de outrora
lhe chega a saudade
só quer paz agora,
amor... e serenidade
lhe chega a saudade
só quer paz agora,
amor... e serenidade
na apoteose do poente
o fulgor da sua alegria
e assim docemente
vive... o dia a dia.
o fulgor da sua alegria
e assim docemente
vive... o dia a dia.
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 8 de junho de 2015
soltas...alegres e tristes
canto como a cotovia
meu tempo está no fim
vou cantar dia após dia
não importa ao que vim
a vida diz-me respeito
quero lá saber do resto!
se não há amor-perfeito
não dou nem empresto
olho este mundo rasgado
venho caminhando à léguas
a Deus o meu obrigado
à tristeza não dou tréguas
a vida é um fio de seda
muita já ficou para trás
daqui ninguém me arreda
a alvorada me satisfaz
todo o ser tem defeito
menos aquele que se ama
traz- se dentro do peito
q' sempre por ele chama
saudades a toda a hora
volta não volta lá passa!
mas se ela vai embora
a vida perdeu a graça
sonho tempo que lá vai
e que até aqui me trouxe
dou comigo sem um ai
como s' ainda ontem fosse
e porque é este o fado
aqui no peito escondido
vem comigo do passado
canta meu tempo vivido
no fado poesia escorre
e saudade sem tamanho
sem ela o coração morre
ou vive ainda q' estranho.
natalia nuno
rosafogo
Abril/1998/aldeia
dei-me ao tempo...trovas soltas
já o vento molda a areia
e o tempo a face do rosto
não sou bonita...nem feia!
madrugada ora sol-posto
ficou o tempo embaciado
novelo em emaranhamento
tal qual o amor cansado
no coração feito tormento
vou revisitar os lugares
e as aves ocultas no ramo
que lembram de m'amares
tanto quanto eu te amo...
vão-se as horas somando
e o papel onde eu escrevo
sempre para mim olhando
se me atrevo ou não atrevo
dei-me ao tempo sem exigir
que me deixasse ficar assim
deixou marcas pra me ferir
levou tanta coisa de mim
escrevo de dentro do coração
à folha vou-me revelando
pode até parecer que não
nela os olhos vão pingando.
natalia nuno
rosafogo