sexta-feira, 30 de setembro de 2016
pássaro livre...soltas
rosto moreno. trigueiro
de rainha tinha a altivez
não teve amor c' primeiro
quiméricos sonhos talvez
era como pássaro livre
com sorriso de sol puro
«d' amar ninguém a prive
sem amor tudo é escuro»
seus olhos da terra a côr
sempre a olhar mais além
no coração trouxe o amor
e traz a saudade também
tem inda braços de apertar
quem aconchega na vida
cansados de tanto remar
são cais de despedida
lembra o vestido de noiva
todo branco de candura
lembra quando era moçoila
só o sonho inda perdura...
abre-se mágoa das mágoas
q' é do amor transbordando?
no rio mira-se nas águas
de saudade, vai murmurando
alma saudosa de vida e alegria
um poema de luz e verdade
dura é a solidão do dia a dia,
da vida único prémio, saudade.
natalia nuno
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
quimeras...soltas
não vá o soalho estalar...
teus olhos eram formosos
os hei-de sempre lembrar.
Deixa-me olhar-te bem
olhar-te bem e de frente
as emoções são também
fruto d'alma da gente...
A dor sempre vem e vai
tão firme é no coração!
Dor que de lá não sai,
dor que doi até mais não.
Foi-se idade das quimeras
dos sonhos, das fantasias
foram-se tantas primaveras
cartas d'amor m' escreviasviçosos como as flores
desfeito o nosso rasto
ontem tudo eram amores
hoje temores eu afasto...
mas teimosa inda escuto
do coração a verdade
é pelo sonho que luto
a luta me vem da saudade
trago na herança dos anos
um caudal de só de ilusões
as quimeras e desenganos
doendo-me as recordações
natalia nuno
rosafogo
hoje temores eu afasto...
mas teimosa inda escuto
do coração a verdade
é pelo sonho que luto
a luta me vem da saudade
trago na herança dos anos
um caudal de só de ilusões
as quimeras e desenganos
doendo-me as recordações
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
primeiras sombras... trovas soltas
está à porta da saída
como história q' esquece
para traz ficou a vida
já a força não aparece
mariposa que sonhou
voar por outros ares
veio o tempo e lhe falou
já é tempo...de parares!
exuberante flor d' jardim
- crepitante girassol...
com o aroma do alecrim
esparramado ao sol...
fabulosa moeda d'ouro
ainda traz majestade
guarda nela o tesouro
aprisionando-o na saudade
como se não terminasse
o calor da sua chama
dela o amor se acercasse
ter pra sempre quem ela ama
és tua eterna inimiga
diz o espelho que a acusa
e diz-lhe em ar de cantiga,
o que com angústia recusa
agora que nada acontece
há vazio carente de vazio
porque a vida anoitece...
sepultada em silêncio e frio.
natalia nuno
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
sopro de sombras...trovas soltas
se um barco me levassecruzava mãos no regaçoe se o mar me embalasseadormecia no teu abraçotrago olhos naufragadosde tantas lágrimas verterno meu rosto traçadosos sinais deste sofreramanhã quando morrervais dizer: pobre coitada!levou a vida a escrevervai só e ...não leva nadase uma estrela se apagaros sinos tocarem dobresse a morte me embargarversos deixo mais pobrese o drama de não sabere de nem sequer supôramarras me irão prenderse te deixo por cá amor.já ouço mochos caladossussurra o vento. mistériosoam ecos ensombradosé a morte...não há remédionatalia nunorosafogo
domingo, 25 de setembro de 2016
palavras...trovas soltas
vou contendo o meu brio
dia a dia m' olho ao espelho
trago a vida por um fio?
ou é o espelho que é velho?
como uma onda levantada
eu nasci para ter voz
trago uma sensação amada
que levo da nascente à foz
a vida sempre se renova
não obstante o que mudou
daí que me sinta sempre nova
não a que o espelho m'mostrou
mas na mente aquela incerteza
que me fala na sua mudez
que me causa certa estranheza
que é preço que pago...talvez!
amo a liberdade e amo a vida
e até à morte assim vou ser
num fogo alto e destemida
pagarei o preço d'sonho a arder
sinto a mordida da poesia
incrédula observo-a c'atenção
o sangue que a sente quem diria
é esperança que aponta c' precisão
natalia nuno