domingo, 15 de outubro de 2017
recuso-me...trovas
recuso lembrar-me de mais
prefiro olhar algumas flores
dizer-lhes segredos, meus ais
lembrar-lhes d'alguns amores
tanto ladra aquele cão
oiço-lhe ao longe o latido
anda sem norte nem direcção
quem sabe, como eu perdido.
volto a estar c' ele ao portão
lanço um olhar à casa alta
já não há ninguém nem o cão
nem flores, tudo lhe falta...
pobre gente...pobre gente...
nada resta para lembrar
vivo... nem um pobre parente,
abraço a lembrança a chorar
recuso lembrar-me mais...
receosa de olhar para trás
lembrá-la não quero, jamais!
com saudade morrer em paz.
natalia nuno
rosafogo
trovas soltas...o coração não mente
amor, amparo e abrigo
trago apertado ao peito
amor e também amigo
sonhado amor perfeito
não sabe ao certo ninguém
se é infinito ...ou tem fim!
quem vive tamanho bem
tem de acreditar que sim
vai andar sempre contente
sem ter lágrimas choradas
pois se coração não mente
serão doces, não salgadas.
natalia nuno
rosafogo
trovas soltas...perdida
d' meus erros não espanto
são ventos endemoinhados
pecadora fui tanto, tanto!
que trago os ventos mudados
despenho o sonho no vazio
torna-se a vida uma cascata
de repente já não é mar, é rio
ou ribeira que não se acata.
perdida andei...perdida!
lá no alto dum rochedo
andava de alma... iludida
meu choro era segredo
posso dar asas ao vôo
quimérica onda, brancura
lá longe até onde eu vou
há oceanos de ternura...
memória já consumida
entre sonho e realidade
o tempo levando a vida
e eu morrendo d'saudade
caminhava à beira mar
gaivota olhou eu a olhei
ah...ter asas poder voar!
logo no sonho embrenhei
maré atrás d'outra maré
onda que vem, onda q'vai
ponho o pé retiro o pé
enquanto sussurro um ai
surgem notas ciciantes
vindas das ondas do mar
na praia beijam-se amantes
num leve e doce sussurrar
natalia nuno
rosafogo