entro com o pé direito
assim eu vou entrando
o que está feito, está feito!
vão meus versos acabando
quando te miro nem sei
onde vejo formosura...
olhei para ti e pasmei
mas que bonita figura
se recordar é viver
ou um grande gozo louco
minha alma há-de saber
que o tempo já vale pouco
já fui rosa de jardim
trago a vida a consumir-se
não tenham pena de mim
sou flor a despedir-se.
sou igual ao que eu era
mantenho-me nada inventei´
ser jovem ai quem me dera
mas há muito por lá passei.
tenho filhas, tenho netos
felicidade e revés...
já me dei tanto, em afectos
e recebi tanta mudez
se medito fico perdida
e quem é que não erra?
à vida ando rendida
mas é a morte que me espera.
és enleio que te enleaste
a mim sem eu saber
se disseres que não me amaste
de pena hei-de morrer...
natalia nuno