quarta-feira, 4 de maio de 2016

trovas soltas...já tive asas e voei





fiquei-me ali a uma esquina
a somar umas vagas horas
olhei-me era ainda menina
recordei brincos d'amoras

a manhã era de poesia
e eu brinquei até à tarde
fui menina neste dia
logo me veio a saudade

escrevi meu nome no chão
com uma pedrinha de giz
depois desenhei um coração
o que, à terra tanto quis...

mais que sombra não era
mas tinha asas e voei...
tinha os meus à minha espera
mas era sonho e chorei

meu nome já não é papoila
desfolhou-se por entre trigo
nem menina e nem moçoila
sou mulher de tempo antigo

mas me lembro de ter sido
meus olhos se lembram bem
a menina dum tempo ído
de entre o rio e a Banda d'Além.

e sempre que o sol sorrir
meu coração reaquecer
à minha memória há-de vir
o som do moinho a moer

encho as mãos de lirismo
elas que cantam e choram
há dias em que tanto cismo
que saudades não demoram

fico como uma ave lenta
sem vontade de voar...
mas o coração acalenta
que um dia hei-de voltar

faço bravos meus versos
como poeta amo a terra 
trago-os  aqui, ali, dispersos
já p'lo mundo andam na berra

natalia nuno
rosafogo

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