quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

à terra



é tanta ,tanta a suavidade
a que sinto no coração
os choupos o rio a saudade
do meu pedaço de chão...

sou como abelha afadigada
passo o dia para lá para cá
flor, vivo ao caule abraçada
presa à raiz da banda de lá

banda de lá, da banda de além
onde a saudade se manifesta
lá na minha terra amiga e mãe
onde o coração andou em festa

trago tua imagem na memória
e o coaxar das rãs nos ouvidos
a procissão da Srª da Vitória...
sinto-te com todos os sentidos

minha aldeia bela e orvalhada
saudosa quem dela se ausenta
riqueza por Deus me foi dada
hoje é saudade que apoquenta

natalia nuno
rosafogo







quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

natal...

 
 
o natal é todo o dia
quando o homem quiser
é amor, paz e alegria
e aos outros bem querer.
 
entra o sol nasce o vento
e minhas letras cantando
trago em mim cada momento
os natais que vou lembrando
 
se o mundo não anda bem
traz  sossego mas  é  irreal
o bem estar é de ninguém
ainda que se aproxime o natal.
 
há tanta tristeza no mundo
e tantas vidas pelo chão...
países que estão no fundo
Natal ?! É já só desilusão!

Mas eu quero acreditar
Pois Deus... é Paz e Amor!
Que para o ano vai melhorar
pão na mesa, no coração calor
 
 a rua está tão deserta
 mas brilhando iluminada
a fome a alguns já aperta...
uns com tanto outros sem nada
 
vou contra maré  remando
num mundo tão desigual
aos outros eu vou amando
mesmo quando não é Natal
 
natalia nuno
rosafogo

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Coitado do Zé Povinho




esta obsessão hoje em dia
deste governo para ficar
lembra-me a mim que o rufia
quer imitar o Salazar...

desaustinado vai farejando
põe o resto do jogo na mesa
máscaras de vitória desenhando
a todos roubando já sem subtileza

qual dos dois terá gritado
Portugal está a ir prá frente?
ouvi isto em qualquer lado!
Ao irrevogável, ao incoerente?

É a cilada do costume
do Povo não querem nem opinião
não passam sem bom perfume
qual deles o mais aldrabão

tanto roubo consecutivo
tanta falta de gente séria
Portugal de orgulho caído
e o Povo já na miséria...

perante tanta estupefação
e tamanha perversidade
ralham todos e com razão
já ninguém tem serenidade

escravizados com sacrifício
sem tentativa de evasão
e eles sem saber do ofício
arrastam a Nação pelo chão.

natalia nuno
rosafogo




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

malfadado governo...



que não têm pai nem mãe
como este mundo é cruel
mas para tantos, porém,
é um mundo feito de mel

serão mal escolarizadas
mas se fosse isso somente
quantas mal alimentadas?
de estômago, coração e mente

contra o q' estava instaurado
serve bem... a constituição
mas este governo desgraçado
parece não ser dessa opinião

Desses filhos dum ladrão
ou daquela que os pariu
nunca vi tanto aldrabão
tanto ladrão ninguém viu

E pôr a mentira a nu!
já que nada é verdade
sei-o eu e sabe-lo tu...
eles mentem com maldade

e ficamos nós sem nada
como já achamos natural
relevamos a esta cambada
e nem lhes levamos a mal

Fazerem o que  quiserem
assim o povo vá permitindo
se acaso os combaterem
eles não vão ficar rindo...

natalia nuno
rosafogo
estas quadras são encadeadas, e cada primeiro verso é do poeta a quem se responde. Deixo-as para não as perder.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

trovas... murmúrios




quando a novidade se gasta
desvia-se um tanto a atenção
é que o tempo tanto afasta
que nos deixa na solidão...

ao princípio o entusiasmo
os olhos vertem desejos
cada contacto um orgasmo
cada ternura mil beijos...

os lábios soltam murmúrios
transborda o peito de amor
mensageiro de bons augúrios
tudo é ousadia...sem favor

como um sonho dourado
melhor que o olhar já vira
amada eu, e tu meu amado
como pode vir a ser mentira?

mais poderoso que magia
é este amor que nos une
Meu Deus como eu queria
fosse para sempre impune

natalia nuno
rosafogo





terça-feira, 10 de dezembro de 2013

novas...soltas

 
 
Quem pode dizer ao mar
não rebente a ondulação
sempre ele há-de rebentar
e eu, o que vai no coração
 
ainda nada me ouviste
ora sossega e ouvirás
se o coração inda persiste
nele sempre habitarás...
 
no teu rosto de horizontes
mato a sede com maresia
choram os ribeiros as fontes
choro eu de noite e de dia
 
sem medo faço a viagem
que já tem data marcada
sou romeira em romagem
trago a vida de mão dada
 
nada me perturba ou altera
digo-te adeus vou embora
cansei d'estar à tua espera
n'espero nem mais uma hora
 
cobre o monte a branca neve
o meu coração o cobre o gelo
vou subindo esta vida breve
cumpro a missão com zelo
 
natalia nuno
rosafogo
 
 
 
 

domingo, 8 de dezembro de 2013

tempo de outono...várias soltas




















avista-se o fruto na vinha
canta o rouxinol no ramo
logo o coração adivinha
estar por perto quem amo

anda m'ha boca com desejo
dum beijo dado ou roubado
que boca terá esse beijo?
que o trago tão desejado.

vou andando e não entendo
trago uma dor que esvoaça
novo amor eu não pretendo
viver sem ele não tem graça!
 
trago o sonho orvalhado
e o silêncio no coração
trago o beijo incendiado
é raio brasa ou trovão...
 
entre sonhos e pecados
perdidos no branco leito
trago amores incendiados
se aventuram no meu peito

com versos eu vou amar-te
e espalho aos quatro ventos
perfumada onda a levar-te
pra lá de meus pensamentos
 
lágrimas vêem amiúde
ao nosso amor embalado
numa tão doce quietude
que levo a cantar o fado

apertar-te forte nos braços
lembrança que me namora
ao longe ouço-te os passos
do sonho não vás embora

natalia nuno
rosafogo

trovas de 02/10/2005
 




 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

várias...estado d'alma



o vento me traz os temas
de amor ciúme ou paixão
todos eles tristes dilemas
que me arrasam o coração

olha, estão as acácias nuas
e os ramos dos choupais!
carícias que doces as  tuas,
pra mim não foram demais
 
voam rouxinóis no canavial
voejam abelhas no alecrim
amor... não me leves a mal,
nem tenhas ciúme de mim...

cegam os olhos porventura
já cansei de os enxugar
andam como a noite escura
lágrimas por alguém a chorar

digo adeus com voz sentida
cansadas dos olhos meninas
dia a dia mais um dia de vida
saudades chegam repentinas

natalia nuno
rosafogo
 

quadras à saudade


 
 
já vou a meio da distância
levo nos olhos dois lagos
um de lembrar a infância
outro de lembrar afagos

todas aquelas que eu fui
e outras que sou também
minha memória já as dilui
entre vós não sou ninguém

morreu-me o tempo chorei
ficou-me a vida sem graça
passou e eu tão pouco sei
se foi graça ou desgraça...

já descamba o sol no monte
meu coração recolhe ao ninho
raios vermelhos no horizonte
 futuro não sei nem adivinho.


natalia nuno
rosafogo
 
 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

soltas...várias

 
 
neste espaço há quietude
e brilhante inspiração
onde descanso amiúde
para refrescar meu coração
 
venho bem devagarinho
sem pedir permissão
deixo um pouco de carinho
regresso sem solidão...
 
rima o vento espalha no ar
surge original como a vida
rima-se à chegada do luar
ou perante a lua emudecida
 
agora que o sol baixou
é bom entrar na poesia
já o dia me abandonou
sem ver quem eu queria.
 
e se outra vez me perdi
na excelcitude do espaço
porque poema sublime li
não foi em vão meu passo
 
mudo fechadura à saudade
a chave no peito guardei
para se me der vontade
ter saudade de quem amei
 
natalia nuno
rosafogo
2003/08


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

soltas...tempos difíceis




de sentido muito tosco
mentiras até mais não
se vierem vou convosco
pra lhes dar um empurrão

Utilidade em ser isco...
não me parece, pois não!
mas a dizer eu me arrisco
há para aí muito aldrabão

esses senhores magnates
na vida bem instalados..
não saem nem que os mates
ou tenham os ditos apertados

nem que a própria vaca tussa
que devolvam o que é nosso!
estes doutores da mula russa
são, eu quero mando e posso

com certeza sempre em frente
que a vida não é para parar
se o governo é incompetente
temos mais é que o derrubar

s' querer chegar ao hospício
trago aqui mil e uma ideias
que tal fazermos um comício
para vasculhar as teias...

de o fazer pró pão ganhar
foi pró buraco da fechadura
agora fome temos de passar
assim o governo nos tortura

teriamos sempre saúde
se nascidos noutro país...
mas é tal a vicissitude
aqui já ninguém é feliz

sobre a conta que começa
a dar-me dores de cabeça
e não há nada que impeça
este país é uma tristeza!...

nos deu razões p'ra lutar
palavras de amor e sorte
suspiros de amor no ar
e nosso querer mui forte

os ricos enchem a pança
deixam-nos todos sem norte
se este povo não avança
ficamos entregues à sorte

chora o homem e a mulher
com espinha na garganta
de tanta injustiça ver...
os diabos a pintar a manta

onde nem percebo nada
e entrei só por entrar...
trago a alma incendiada
por me quererem roubar

revolta que lhe empresta
que ainda o leva a acreditar
é por isso que se manifesta
da liberdade não vai abdicar

das razões d'outro existir
outro melhor nos governe
está na hora deste, partir
antes que nos subalterne.

natalia nuno
quadras em resposta às quadras encadeadas do site Horizontes da Poesia, nestas quadras o 1º verso de cada uma não é meu.


domingo, 24 de novembro de 2013

trovas soltas...de amor




depois do amor a saudade
é vasta a solidão do mundo
no coração sobra a verdade
é a vida um poço sem fundo.

para amar-te eu esqueço
esqueço-me até de mim
fico louca nem me conheço
peito aberto, amor sem fim.

sem medo faço a viagem
que já tem data marcada
sou romeira em romagem
trago a vida de mão dada
 
quando a voz tiver calado
e no rosto o sorriso errar
o céu ficará triste, nublado
e nublado ficará o olhar.
 
para viver sem queixume
escrevo trova sem pranto
ao amor ateio o lume...
amar, amar é viver santo

 tantas lágrimas choradas
filho trazemos no ventre
nós mulheres abençoadas
no ventre doce a semente...
 
escrevo sobre a saudade
sobre esta luz tão intensa
no amor ando suspensa
suspensa da realidade...

natalia nuno
rosafogo

12/09/2008
 

quadras soltas (Luso)



não me posso recusar
nasce de forma perfeita
vinda da terra ou do mar
poesia em mim se deita.

poesia de transparência
fluída, alegre e vária
límpida é sua essência
surge às vezes solitária.

tão perto e tão distante
ando na vida à mercê...
só eu vejo num instante
o belo que ninguém  vê.

doce e quente teu olhar
como gostava de possuir
conseguir sempre rimar
só para ver-te sorrir...

rimas trago no pensamento
rimas trago no coração
rimas faço cada momento
as rimas me dão a mão...

são pobres rimas coitadas
como elas eu pobre sou...
mas, não somos mal amadas
como por aqui se provou.

natalia nuno
rosafogo

quadras feitas a ( comentários a outras rimas minhas por amigos) no Luso.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

momento


 
 
 
MOMENTO
 
O dia se fez saudade...
Saudosamente lá partiu
Levou com ele a claridade
Que no meu olhar existiu.
 
O dia se fez saudade
Morreu com ele o sol-pôr
A mim me veio a verdade
Não sei viver sem amor.
 
Ponte Lima, 20/07/2012
 
 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

soltas...antigas



conto histórias inventadas
sobre amores pertfeitos
já de sonhos desmaiadas
feitas de versos imperfeitos

meu sonhar é em vão
a cada verso, cada linha
neles ponho o coração
e assim a vida caminha
 
tantos nomes me chamas
 nomes por ti inventados 
se tanto assim... me amas
serão meus dias dourados
 
podes não gostar de mim
desiludires meu coração
ponto final évai ser o fim...
e longa vai ser a solidão.
 
já não sei com que contar
algo deve ser mudado
estou a pontos de chorar
p'lo amor desencontrado

mas se o amor surtir efeito
meu corpo será a estrada
onde caminharás perfeito
nem me darei por achada

natalia nuno
rosafogo
18/10/2006 (aldeia)

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

trovas à toa


fica a vida sem calor
toca a flauta toca o vento
nos salgueiros o rumor
a vida é breve momento.

entre as searas crescida
vive a papoila encarnada
com teus beijos seduzida
em teus braços apertada

nas asas do amor pousei
renascida e enamorada
vivi a esperar-te e sonhei
tua mão em mim pousada.

se digo que te odeio...
é mentira, eu que minto
é certo que tenho receio
que não sintas o que sinto.

natalia nuno
rosafogo
12/2009

domingo, 17 de novembro de 2013

soltas... sedução


lembranças são o que são
pedaços perdidos à toa
trazem com elas emoção
e sempre alguma magoa

quando chego pra te ver
vejo um pedaço de céu
sinto-me a entontecer
com o brilho do olhar teu

calo o amor no peito
és cantico és sedução
trago-te no olhar a jeito
teu coração é meu chão

de tanto querer-te  amar
palavras de amor e sorte
suspiros de amor no ar...
e nosso sentir mui forte

prazer de bem te amar
é do tamanho do mundo
como é que posso calar
este amor que é profundo.

vem, deixa-me te beijar
ao canto... da lua nova
deixa o sonho arrulhar
fruír amor nesta trova.
 
natalia nuno
rosafogo
 
aldeia...19/09/2007

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

soltas...delírios




nascem já no campo lírios
e as brancas margaridas
minhas ideias são delírios
minhas súplicas atrevidas

meu coração d'alvorada
gira, gira até ao poente
quando por ti sou amada
dia e noite, docemente.
 
sou morena como a lua
meu riso é riso livre...
a boca tem fome da tua
e o coração por ti vive
 
percorro longo caminho
sem ter pressa de chegar
fim da estrada é pertinho
sigo... mas vou devagar

já meu peito me dizia
que o amor era passagem
que faz de nós zombaria
e nos emsombra a viagem

natalia nuno
rosafogo

10/09/2008
 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

soltas...loucura minha II

 
ao tempo arranco o coração
pra que deixe viver o meu
será isto só ilusão?
mas a cada um o que é seu!
 
deixo marca do meu passo...
deixo o caminho marcado!
que este tempo já é escasso
tudo e nada tem-me cobrado
 
tempo fatídico há-de chegar
à morte fuga não haverá
fará gota d´agua transbordar
onde fôr a vida me levará...
 
é de fino ouro esta vida...
mas esvai-se feita em pó
quando a pensamos colorida
é poema que que morre só...
 
minha escrita é ladainha
ribeiro de água cristalina
nela deixo a mágoa minha
o tempo é ave de rapina.

o pensamento corre veloz
tem medo do esquecimento
e que este tempo atroz...
o cubra de solidão e tormento.
 
passa-me a vida ao lado
já sinto do tempo o peso
na alma o frio infiltrado
na mão um terço que rezo.
 
natalia nuno
rosafogo

2003/12
 
 

domingo, 10 de novembro de 2013

trovas... d'amor



intimamente a tua voz
é doce faz-me sonhar
então se estamos a sós
é cais pra me amparar

chega a lua devagar
e nem sinal de ti...
à espera para te amar
e dar-te o que prometi.

quando chego para te ver
vejo um pedaço de céu
sinto-me a entontecer
com o brilho do olhar teu

e assim logo te beijo
me deixas apaixonada
mais ainda te desejo
sinto a noite enluarada

p'lo amor vou procurando
está difícil de encontrar
anda o peito suspirando
sem ter amor para amar

a lágrima rolou e caíu
é gota de chuva que cai
quando o sol me sorrio
evaporou-se o meu ai.

natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

soltas -.-de amor



se te recuso, te quero
se te odeio, te amo
sem ti ao lado desespero
o dia todo por ti chamo
 
 esta sede de te amar
resguardada no meu peito
docemente vou cuidar
deste amor ao meu jeito
 
tua boca me entontece
tua língua é lentidão
então tudo acontece
tanto amor até mais não.

passa veloz e apressado
bando de aves por aí
no coração trago cuidado
um grande amor por ti.

vou lembrar com afeição
este amor pra toda a vida
que será sempre a razão
duma lembrança querida
 
natalia nuno
rosafogo
 
04/2006 aldeia

terça-feira, 5 de novembro de 2013

soltas...saudade trago


o amor sempre persiste
quer ter oportunidade
se é verdadeiro, se existe
acaba, deixa saudade...
  
nascem flores à beira rio
nas margens do coração
se andas de amor vazio
outros amores logo virão.

é outono dentro de mim
e o fio com que teço dias?!
é de melancolia sem fim
- sei lá escrever alegrias! 
 
parti ontem com saudade
chego hoje, saudade trago
sem teu amor de verdade
a vida tem sabor amargo
 
já não há gesto inventado
os braços já não embalam
de tantas alegrias ter dado
tristezas neles se instalam

natalia nuno
rosafogo

 

domingo, 3 de novembro de 2013

soltas...incompletas



tanto amor tanta ternura
saudade de sermos desejo
se o amor não é loucura...
de ficar louca eu prevejo

não há amor sem defeito
tudo na vida tem seu quê
desconheço amor perfeito
mas chega e ninguém prevê

se o amor nasce frustrado
pára o coração de bater
se é fogo rubro exaltado
é labareda viva a arder

quero sentir os abraços
beijos ardendo na pele
esquecer-me dos cansaços
sermos assim doce mel...

na m' alma sempre triste
paira sempre uma neblina
teu olhar sempre insiste
que me sinta inda menina.

natalia nuno
rosafogo



 
 


sexta-feira, 1 de novembro de 2013

trovas banais



deslizante a lágrima cai
nesta triste madrugada
meu coração sem um ai
uma ferida costurava
 
dos meus lábios tanta vez
ouviste a palavra amar-te
já não te lembras talvez?!
aqui venho a lembrar-te

quem vive um doce amor
acha sempre curta a vida
ama de manhã ao sol-pôr
ama sem peso nem medida

na madrugada te amei
logo ao meio dia sofri
só à noitinha te deixei...
e dei conta que te perdi

vou p'las ruas à deriva
ando por becos e vielas
sem saber da minha vida
vou amando com cautelas
 
natalia nuno
rosafogo
  

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

trovas...sem cura




o tempo tudo me gasta
gasta-me a voz os sentidos
o tempo de tudo me afasta
trago os sonhos perdidos

chorei até de madrugada
fiquei assim p'la noite fora
rosa em botão despetalada
foi morrendo hora a hora
 
sem parecença com ninguém
sou eu assim na realidade
mulher doce como convém
mas que é cinza da saudade.
 
quando a força desalenta
fica a vida insegura
como ferida que rebenta
coração fica sem cura
 
natalia nuno
rosafogo
04/2006
 

 

sábado, 19 de outubro de 2013

coisas e loisas...

 
 
se te recuso, te quero
se te odeio, te amo
sem ti ao lado desespero
o dia todo por ti chamo
 
a febre do meu amar
não é coisa que invento
mal difícil de passar
queixume que passa lento
 
nas asas do amor pousei
renascida e enamorada
vivi a esperar-te e sonhei
tua mão em mim pousada.
 
transporto nos olhos o mar
e estrelas no meu cabelo
sou teu fascínio ao olhar
teu sorriso é meu desvelo
 
não se cura um desejo
nem se curam dois ou três
o dia em que te não beijo
eu enlouqueço de vez...
 
matalia nuno
rosafogo
 
10/2010
 
 

 

amor...soltas



ponho brincos de princesa,
atrás da orelha uma flor,
no coração trago certeza
de que és o meu amor...
 
beijar repetidamente...
esses lábios apetecidos
e aconchegar na mente
tantos momentos vividos

grande é a emoção...
ver o amor a instalar-se
mensagens de mansidão
e os corações a amar-se.

como um outono inteiro
nas tuas mãos meu querer
manda recado primeiro
se o teu coração me quiser
 
e de mim não mais fugir
a lonjura da tua mão
que é bálsamo é elixir
q'conforta meu coração. 
 
de um amor perfeito...
trago o coração vazio
coração que não tem jeito
tão quente a morrer de frio
 
hoje estou de bom humor
 o melhor sorriso me resta
notícias do meu amor...
meu coração trago em festa.

 
amo-te se passas por mim
amo-te quando estás ausente
lembro-te em noites de cetim
amo-te de imaginar sómente.

não sei porque não vieste
te desprendeste de mim
amor tu nunca me deste
nem uma rosa de jardim

falar d'amor assim tanto
é sonhar mel de abelha em flor
é um sonho bom e entretanto
quem fala assim esquece a dor

 

trovas de 1999  (Out?) aldeia
natalia nuno
 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

soltas...ensejos

 

folhas a cair é outono
sonhos são folhas mortas
anda o coração sem dono
batendo a todas as portas.
 
eu digo ou sim ou não
conforme a necessidade
mas esqueço a razão
se coração chora saudade
 
quanta felicidade traria
junto à tua minha prece
vá a dor que me enfastia
logo o amor fortalece

devolveste-me o beijo
com amor te havia dado
agora resta o desejo...
dum outro beijo roubado.
 
dias e noite para amar
o coração assim me pede
medo anda a assombrar
mas o coração não cede
 
coração ao ver partir
já ao longe a mocidade
duvida do que há-de vir
amadurece na saudade

palavra dita com coração
é palavra deslumbrada...
se fôr dita com paixão
à pessoa por nós amada

natalia nuno
12/2009

 

domingo, 13 de outubro de 2013

trovas ..sem disfarces





tropecei no teu olhar
teu sorriso é meu fado
é o teu corpo para amar
ou o meu pra ser amado.

minha mão descuidada
desce, desce desonesta
quero tanto ser amada
fazer do teu corpo festa

beijo roubado à noitinha
tem sabor que não esquece
se minha mão te acarinha
tua mão já sobe e desce...

sentinela bem alerta
à espera de te ver chegar
logo o coração desperta
na ânsia de te abraçar

meu único bem é o prazer
aqui deixo a confirmação
se a vida um dia esquecer
nutro por ti minha paixão

natalia nuno
1999...?

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

quadras soltas...espelho meu



vão sonhos arrefecendo
mortos desfeitos em pó
e o coração querendo
amar pra não ficar só

ninguém diga não beberei
desta ou daquela água
ontem para o espelho olhei
e da vida senti mágoa...
 
coração também precisa
de esquecer-se do amargor
em vez do soprar da brisa
entrar nele um grande amor

meu sentir é de espanto
deu-me o mar eterno abraço
como num sonho de encanto
- uma trova d'amor lhe  faço
 
olho os passos na areia
lembram-me poesia fina
beija-os o mar e os rodeia
são meus passos de menina.

natalia nuno
rosafogo

10/09/2007 ( aldeia)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

soltas...trovas à deriva




não faço a alma sofrer...
com uma estrofe errante
deixo a pena escrever
tornando a vida aliciante

sei bem o que é amar...
e o que é amor sincero
é um rouxinol a cantar
como é desejo e eu quero!
 
 foi um pássaro que ouvi
em tamanho chilrear
logo o coração perdi
nesta trova de embalar.

se vou querer perder-te
não estou aqui, nem aí!
só não quero esquecer-te
já foi tanto o que perdi

com teu beijo tão quente
trago o coração macio
brando é, corrente de rio
que corre e mal se sente
 
o viver assim se acalma...
é soar d' água na fonte
à noite e sem viv'alma
vou olhando o horizonte

coração abarcando o mundo
é um meteorito... a arder
há nele querer profundo
quando parará de bater?

não tenho nada a escrever
escrevi trovas e sonetos...
da bagagem do meu viver
e de meus sonhos secretos.

natalia nuno
rosafogo
2009/12

 
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

trovas...saudade é grito


não me olhem com desdém
por serem estes versos de lã
colhidos do coração d'alguém
suspiros orvalhados de hortelã

nas folhas dum malmequer
contei os amores um por um
outros tantos se os tiver...
não vou esquecer de nenhum

meu mal é amar toda a gente
é o meu pecado maior...
anda a razão descontente
coração leva sempre a melhor

a saudade é o meu tema
amores ilusões sinceras
que  incendeiam o poema
quando lembro outras eras

deixei-me por lá menina
ouvindo galos na madrugada
trago ainda o sol da campina
meu rosto é papoila encarnada

dei-te um dia a virgindade
Dezembro recordo então
hoje lembro com saudade
como era rosa em botão

punha os olhos na vidraça
espreitava pelo postigo
saudade... essa não passa!
ainda hoje está comigo

os olhos lanternas acesas
deixam-se hoje humedecer
são entrançado de incertezas
e a vida neles a morrer...

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 1 de outubro de 2013

a saudade é um cantico




estava lá... vi-o partir!
o acabado  sol de verão
olho-o no horizonte a sumir
sem o esplendor de então

partiu de livre vontade
sem sequer se despedir
tudo parece normalidade
está o outono aí a vir...

foi  há uma eternidade
o despontar da existência
de longe surge a saudade
traz ternura e inocência
 
vou amando e vou sorrindo
que esta vida são dois dias
logo o coração está partindo
por cá ficam as poesias...
 
natalia nuno
rosafogo
 
tunísia 06/2006
 

domingo, 29 de setembro de 2013

trovas...dedicadas



coração requer carinho
vontade louca de acreditar
achar amor pelo caminho
 de amar e deixar-se amar.

passarinho pousou no portão
foi tão fortuito o momento
que me levou o coração...
na memória deixou assento.

ergui ao vento o meu choro
porque partiste meu amor?
se no teu coração não moro
salta-me do peito esta dor.

nasce a manhã e eu escrevo
memória fresca ao redor...
as gotas de orvalho eu bebo
à janela espero por ti amor.

sentada aqui nesta cadeira
desdobro-me na tua frente
e quer queiras ou n' queiras
vamos falar d'amor da gente.

a tua mão... na minha
causa alguma excitação
anda lá amor, caminha...
de encontro ao m' coração

enquanto houver esperança
e o coração d'amor cativo
viverás na m' lembrança
serás eterno enquanto vivo

natalia nuno
trovas 03/1999

sábado, 28 de setembro de 2013

trovas...reminiscências do tempo



ao longe raios de fogo
já as aves emudecem
minha mágoa desafogo
m'has forças desfalecem

reminiscências de ontem
dia a dia bem avivadas
memória de quem as tem
de alecrim impregnadas

aroma silvestre e bravio
fresca sombra do pomar
no doce embalo do rio...
deixei-me por ti amar.

vida é barco aventureiro
ou uma afoita jangada...
barco à vela ou veleiro
ou bandeira desfraldada

dos olhos some-se a vida
que já é sopro de brisa
a viagem já vai comprida
só de sonhos ela precisa

o agasalho que me deste
meu Deus eu te agradeço
Tu no mundo me puseste
e eu nem sei se Te mereço

ser àrvore seca resnascida
ou sombra que o vale cobre
trazer saudade adormecida
e a inspiração sempre sobre.

pula o coração no peito
com uma força exuberante
o sangue nas veias perfeito
agita-se a alma cada instante

estes versos que gerei
em noites de céu estrelado
são sonhos que acalentei
neste meu tempo inacabado.

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 24 de setembro de 2013

trovas ao Poeta

 
 
Poeta sofre sem merecer
Vai exaltando a poesia!
E pasma por não saber
por que se foi a alegria.
 
palavras de formosura
vai cerzindo trova a trova
fala de amor e ternura
logo lhe surge alma nova
 
fala ele tanto de amor...
fala de soluços e pranto
fala para esquecer a dor
desfalece de desencanto
 
sonha que é belo o sonho
seu sonho eterno sem fim
acredita o Poeta suponho!
também ele vive em mim...
 
seu coração é pássaro louco
que vai debicando maçãs...
o amor sempre acha pouco
suas esperanças sempre vãs.
 
 
natalia nuno
rosafogo
10/2009