segunda-feira, 31 de outubro de 2022

quadras sem encanto...

navego pra lá do firmamento!
entrego a alma ao universo
em labirinto, fica o pensamento
coração em saudade submerso.




ouço o hino que o mar canta
e um braço imenso me envolve
a força do mar me encanta
apaixonada linguagem devolve.

o mar é hoje o meu poema
ponho nele a infância recordada
deslumbrado e sombrio é o tema
estertor, duma vida agora acabada.

a vida é agonia que soa
às vezes traz-nos a ideia do medo
traz às vezes ruído que magoa!
e nosso mar é nosso segredo.

vai-se alargando a sentença
da morte do poema e do autor
o tempo não há quem vença
é a força que guarda o rancor.

natalia nuno

sonhos, que sonhos?!



trago lágrimas escondidas
quando o chão quase me falta.
angústias por mim vividas
no silêncio o coração me salta

escrevo triste desassossegada
de que me serve sonhar?
e à noitinha pela calada
sinto a vida o cerco apertar.

debruço-me sobre a janela
o tempo corre, não perdoa!
vem a lua falo com ela,
faz-me sonhar, e a vida escoa

embalo ainda o que basta
para a vida ter sentido
do meu coração n/se afasta
lembrança do tempo vivido

meu querer não quer partir
deixo meus olhos por aqui
invento vontades para sair
deste versos que eu revivi

volto pra te falar e nem sei
dizer-te da minha amargura
teci versos, não te os deixei
mas fi-los com muita ternura.

natalia nuno

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Quadras no tempo que parte...



nesta quadra inquietante
no seu furor nascente,
abro palavras e distante.
meu coração não as sente.

badala coração como sino
rasgando minha emoção
ou toca como um violino
o amor efémero d' estação.

o sonho é pedra na água
que escurece como magia
longe de ti... esta mágoa!
que cresce dia após dia.

esta quadra ouve-me a voz
e um branco cisne m'alerta
que esqueça da vida os nós
porque amor a vida conserta.

vida sulcada de promessas
que são oásis na mente
amor darei sem que me peças
lateja em mim, reprimente.

natalia nuno