quarta-feira, 12 de junho de 2013
a vida na aldeia
a mesa era de pinho
amargo era o café
raramente havia vinho
era gente de boa fé
nela não havia vinho
mas havia agua-pé
a mesa era de pinho
amargo era o café.
a sopa era de couve
chá de dente de leão
fartura nunca houve
riqueza era ilusão...
o peixe era sardinha
com rodelas de pepino
lembro a infância minha
era tudo pequenino...
azeitonas retalhadas
com rodelas de tangerina,
são coisas lembradas
do tempo de menina...
mas nos dias de festa
havia galinha corada
a memória me empresta
ver inda a carne rosada.
era o frio na cozinha
a lareira sempre acesa
quando a comida vinha
pai nosso rezado à mesa
e a mesa era de pinho
os vidros embaciados
punha-se pés ao caminho
os ossos enregelados...
levantava o café fervura
a roupa não enxugava
a mãe olhava com ternura
filhos que Deus lhe dava
miúda de olhos fundos
enchendo a boca de pão
sonhando outros mundos
riqueza era ilusão...
e sempre despenteada
sempre, sempre aquele ar
a roupa desalinhada
a sonhar, sonhar, sonhar!
nas mãos o frio cortante
o rosto recebendo vento
ía o inverno num instante
logo esquecia o tormento
na lareira apagou a chama
um beijo de despedida
hora de ir até à cama
amanhã recomeço de vida.
de papa era o cobertor
que a noite era gelada!
da mãe vinha o calor
e do xaile que ela usava.
natalia nuno
rosafogo
quadras de 1998 (mês?)
Um retrato fiel das aldeias do antigamente.
ResponderEliminarBeijinhos.