fiz o tempo saber da água
dos céus da terra lavrada
ó rio, tu levaste a mágoa
e meu sonho pela calada
já t'alcanço terra ardente
deixa q' estenda o lençol
olha o salgueiro pendente
o orvalho adormece ao sol
as palavras desbaratei
lágrimas soltei do olhar
e um pacto contigo selei
pra sempre em ti morar
cai a sombra e é noite já
tocam os sinos pra oração
no altar, preparado está!
anjo de trombeta na mão
toda a aldeia está serena
sol conversa no horizonte
no adro deixo minha pena
à lua que vem defronte...
sem saber se ainda existe
criança que deixei algures
é que o coração insiste?!
saudade, não m'amargures
d'margem á outra margem
saltei sem pousar no chão
olhei-me no rio e a imagem
trago ao peito, no coração
as mãos seguram o vento
no loureiro canta a rola
fico eu e ela ao relento
enquanto o grilo cantarola
sei que é d'amor o laço
que nos une e nos aperta
a ti estendo meu abraço
tu tens-me a porta aberta
fazes de mim prisioneira
a palavra já está chorando,
canto à flor de laranjeira
versos d'amor conjugando
sou eu mar que leva o rio
na memória e na saudade
na poesia acendo o pavio
minha chama é liberdade.
natalia nuno
Boa noite Natália
ResponderEliminarQue bela exaltação! O lirismo impresso em teus versos é maravilhosamente inspirador e apaixonante. Uma soberba construção poética. Parabéns poetisa!
Beijos e um domingo abençoado
Obrigada Gracita, fico feliz com tua visita e teu apreço.Beijinho grande tudo bom para ti.
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