quinta-feira, 3 de setembro de 2020

encruzilhada...



horas pesadas as de hoje
caem sobre minha estrada
ao destino ninguém foge
é dormente a encruzilhada
trago minha face turvada

linhas das mãos lê-se a sina
e o fundo de mim se abeira
nem a vida já me fascina
só a solidão é companheira
dia e noite, sem que queira

denso escuro me circunda
intranquila sigo em frente
a saudade em mim abunda
a vida agora, estrela cadente
e a morte, terrível serpente

um mal ronda toda a cidade
esconde-se perigo à esquina
quem dera esquecer a idade
caminhar sobre a poeira fina
subir ao muro como menina

tamanha solidão cobre o país
amargo trago destes instantes
foi talvez Deus quem assim quis
nada voltará a ser como dantes
existe medo, um terror imenso
precisa o humano ter bom senso.

natália nuno
rosafogo
escrito em 1990






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