quinta-feira, 3 de setembro de 2020
versos desafinados...
escrevo versos tão desafinados
por não saber como melhor fazer
são como aqueles beijos roubados
que ao dar-se finge-se não os querer.
nos versos me enredo até morrer
por eles trago o coração rendido
e é tanto por eles o meu querer
que sem eles a vida não faz sentido
trago a menina em mim c' carinho
num canto do coração a dormir
ao chegar ao fim deste caminho
nem sei como dela me vou despedir
e é neste sonho m' alma se abriga
já que distante tudo da vida ficou
sou do tempo, foi ele q' me fez antiga
tempo que na vida tudo me ensinou!
as mãos vão o sonho remendando
na certeza de que só eu as entendo
e às coisas más vou-me negando
por tanto que me foram doendo...
e desta conversa fica a esperança
nas quadras sem razão, mal nascidas
talvez venha um vento de mudança
e eu escreva quadras menos sentidas.
natalia nuno
rosafogo
1991
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