quarta-feira, 23 de outubro de 2013

trovas...sem cura




o tempo tudo me gasta
gasta-me a voz os sentidos
o tempo de tudo me afasta
trago os sonhos perdidos

chorei até de madrugada
fiquei assim p'la noite fora
rosa em botão despetalada
foi morrendo hora a hora
 
sem parecença com ninguém
sou eu assim na realidade
mulher doce como convém
mas que é cinza da saudade.
 
quando a força desalenta
fica a vida insegura
como ferida que rebenta
coração fica sem cura
 
natalia nuno
rosafogo
04/2006
 

 

sábado, 19 de outubro de 2013

coisas e loisas...

 
 
se te recuso, te quero
se te odeio, te amo
sem ti ao lado desespero
o dia todo por ti chamo
 
a febre do meu amar
não é coisa que invento
mal difícil de passar
queixume que passa lento
 
nas asas do amor pousei
renascida e enamorada
vivi a esperar-te e sonhei
tua mão em mim pousada.
 
transporto nos olhos o mar
e estrelas no meu cabelo
sou teu fascínio ao olhar
teu sorriso é meu desvelo
 
não se cura um desejo
nem se curam dois ou três
o dia em que te não beijo
eu enlouqueço de vez...
 
matalia nuno
rosafogo
 
10/2010
 
 

 

amor...soltas



ponho brincos de princesa,
atrás da orelha uma flor,
no coração trago certeza
de que és o meu amor...
 
beijar repetidamente...
esses lábios apetecidos
e aconchegar na mente
tantos momentos vividos

grande é a emoção...
ver o amor a instalar-se
mensagens de mansidão
e os corações a amar-se.

como um outono inteiro
nas tuas mãos meu querer
manda recado primeiro
se o teu coração me quiser
 
e de mim não mais fugir
a lonjura da tua mão
que é bálsamo é elixir
q'conforta meu coração. 
 
de um amor perfeito...
trago o coração vazio
coração que não tem jeito
tão quente a morrer de frio
 
hoje estou de bom humor
 o melhor sorriso me resta
notícias do meu amor...
meu coração trago em festa.

 
amo-te se passas por mim
amo-te quando estás ausente
lembro-te em noites de cetim
amo-te de imaginar sómente.

não sei porque não vieste
te desprendeste de mim
amor tu nunca me deste
nem uma rosa de jardim

falar d'amor assim tanto
é sonhar mel de abelha em flor
é um sonho bom e entretanto
quem fala assim esquece a dor

 

trovas de 1999  (Out?) aldeia
natalia nuno
 

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

soltas...ensejos

 

folhas a cair é outono
sonhos são folhas mortas
anda o coração sem dono
batendo a todas as portas.
 
eu digo ou sim ou não
conforme a necessidade
mas esqueço a razão
se coração chora saudade
 
quanta felicidade traria
junto à tua minha prece
vá a dor que me enfastia
logo o amor fortalece

devolveste-me o beijo
com amor te havia dado
agora resta o desejo...
dum outro beijo roubado.
 
dias e noite para amar
o coração assim me pede
medo anda a assombrar
mas o coração não cede
 
coração ao ver partir
já ao longe a mocidade
duvida do que há-de vir
amadurece na saudade

palavra dita com coração
é palavra deslumbrada...
se fôr dita com paixão
à pessoa por nós amada

natalia nuno
12/2009

 

domingo, 13 de outubro de 2013

trovas ..sem disfarces





tropecei no teu olhar
teu sorriso é meu fado
é o teu corpo para amar
ou o meu pra ser amado.

minha mão descuidada
desce, desce desonesta
quero tanto ser amada
fazer do teu corpo festa

beijo roubado à noitinha
tem sabor que não esquece
se minha mão te acarinha
tua mão já sobe e desce...

sentinela bem alerta
à espera de te ver chegar
logo o coração desperta
na ânsia de te abraçar

meu único bem é o prazer
aqui deixo a confirmação
se a vida um dia esquecer
nutro por ti minha paixão

natalia nuno
1999...?

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

quadras soltas...espelho meu



vão sonhos arrefecendo
mortos desfeitos em pó
e o coração querendo
amar pra não ficar só

ninguém diga não beberei
desta ou daquela água
ontem para o espelho olhei
e da vida senti mágoa...
 
coração também precisa
de esquecer-se do amargor
em vez do soprar da brisa
entrar nele um grande amor

meu sentir é de espanto
deu-me o mar eterno abraço
como num sonho de encanto
- uma trova d'amor lhe  faço
 
olho os passos na areia
lembram-me poesia fina
beija-os o mar e os rodeia
são meus passos de menina.

natalia nuno
rosafogo

10/09/2007 ( aldeia)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

soltas...trovas à deriva




não faço a alma sofrer...
com uma estrofe errante
deixo a pena escrever
tornando a vida aliciante

sei bem o que é amar...
e o que é amor sincero
é um rouxinol a cantar
como é desejo e eu quero!
 
 foi um pássaro que ouvi
em tamanho chilrear
logo o coração perdi
nesta trova de embalar.

se vou querer perder-te
não estou aqui, nem aí!
só não quero esquecer-te
já foi tanto o que perdi

com teu beijo tão quente
trago o coração macio
brando é, corrente de rio
que corre e mal se sente
 
o viver assim se acalma...
é soar d' água na fonte
à noite e sem viv'alma
vou olhando o horizonte

coração abarcando o mundo
é um meteorito... a arder
há nele querer profundo
quando parará de bater?

não tenho nada a escrever
escrevi trovas e sonetos...
da bagagem do meu viver
e de meus sonhos secretos.

natalia nuno
rosafogo
2009/12

 
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

trovas...saudade é grito


não me olhem com desdém
por serem estes versos de lã
colhidos do coração d'alguém
suspiros orvalhados de hortelã

nas folhas dum malmequer
contei os amores um por um
outros tantos se os tiver...
não vou esquecer de nenhum

meu mal é amar toda a gente
é o meu pecado maior...
anda a razão descontente
coração leva sempre a melhor

a saudade é o meu tema
amores ilusões sinceras
que  incendeiam o poema
quando lembro outras eras

deixei-me por lá menina
ouvindo galos na madrugada
trago ainda o sol da campina
meu rosto é papoila encarnada

dei-te um dia a virgindade
Dezembro recordo então
hoje lembro com saudade
como era rosa em botão

punha os olhos na vidraça
espreitava pelo postigo
saudade... essa não passa!
ainda hoje está comigo

os olhos lanternas acesas
deixam-se hoje humedecer
são entrançado de incertezas
e a vida neles a morrer...

natalia nuno
rosafogo

terça-feira, 1 de outubro de 2013

a saudade é um cantico




estava lá... vi-o partir!
o acabado  sol de verão
olho-o no horizonte a sumir
sem o esplendor de então

partiu de livre vontade
sem sequer se despedir
tudo parece normalidade
está o outono aí a vir...

foi  há uma eternidade
o despontar da existência
de longe surge a saudade
traz ternura e inocência
 
vou amando e vou sorrindo
que esta vida são dois dias
logo o coração está partindo
por cá ficam as poesias...
 
natalia nuno
rosafogo
 
tunísia 06/2006