quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Poeta insatisfeito...
Sussurra na noite o vento
sussurra como quem canta
é reza ...ou será lamento
da vida que desencanta?
Este tempo sem regresso
a luz tão pouco nos toca
todo ele virado do avesso
tempo que saudade evoca
Alquebrado o poeta desiste
esquecido da palavra «vida»
só o poema é que insiste
beija-lhe a alma desiludida
Nasce um verso nebuloso
e o Poeta insatisfeito
na simplicidade cauteloso
pensa que não está perfeito
Triste, ai de si pensa fugir
olhos lágrimas afogados
poema acabou por surgir
para mal dos seus pecados
Já desolado sem esperança
vai p'la colina da saudade
recorda sua vida de criança
e parte para a eternidade
natalia nuno
rosafogo
23/02/2014
sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
trovas ... à minha avó...
A avó cerzia as meias
rezava à noite a oração
apagava ela as candeias
logo depois do serão...
Escuro, ouviam-se as rãs
sempre surtia algum efeito
logo em todas as manhãs
era um acordar perfeito.
/////////
dizia ela...
dizia ela...
«hoje é dia de cozer o pão
logo o forno fica quente
aproveita-se coze-se o feijão
que à noite é a ceia d'gente
hoje fala-se de fulana
há falatório na aldeia
diz-se mal de beltrana
anda de barriga cheia»
/////////
A avó de rosário na mão
vai sacudindo a cabeça
como que a dizer que não
há nada que n' aconteça!
Apanha erva prás coelhas
olhar cravado no chão...
suas amigas estão velhas
faz parte da conversação
Velhice é como uma doença
lembro-me bem de a ouvir,
quando novo não se pensa?!
Não cansava de repetir...
Amplos não eram os passos
e uma agulha pra enfiar?
eram já tantos os cansaços
e logo a vida a definhar
Ao debulhar as ervilhas
no silêncio era costume
tinha em mente filhos e filhas,
chorava acendendo o lume.
Apanhava a roupa estendida
que a corar estendia p'lo chão
entreolhava o tempo... a vida,
malparido trazia o coração.
Viúva ainda bem nova,
fiel até em pensamento,
homenageá-la numa trova?!
É tão pouco meu talento.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
a minha força...
esta força que me tem
é força que me sustenta
se esta força me sustém
dela a vida se alimenta
s' ela, não sou ninguém
sou outra q' desconheço
n' quero ser sombra, porém
sem ela é o que pareço
esta força que me vem
habita-me não sei onde
gigante às vezes porém
procuro-a não m'responde
s'ela posso ter morrido
sem ela fiquei perdida
silêncio ouve-se gemido,
que fez ela da minha vida?
esta força é já miragem
a trago cingida ao peito
a esta vida sem paragem
digo adeus, sigo a direito
natalia nuno
rosafogo
domingo, 16 de fevereiro de 2014
soltas...sem grades
é herança que eu herdei
o caminho por onde sigo
nunca dele me apartarei
esperança de te ver chegar
já é noite mais que cerrada
perdido o meu esperançar
uma mão cheia de nada
mas no coração o amor
já me sinto a tua amada
chega até mim teu calor
abri janelas ao mundo
para não me sentir só...
solidão calou bem fundo
na garganta desatou o nó
grandes são minhas penas
não quero eu nem pensar.
tenho tantas...às dezenas!
que nem sei como calar...
minha dor, minhas penas
tantas que quero esquecer
quero minhas horas serenas
que já chegou o entardecer
vindo amor puro e sincero
que em abismos se desata
um sentimento que espero
seja de ouro ou de prata
natalia nuno
rosafogo
quadras feitas em tempos, uma hoje outra amanhã, juntei-as para não se perderem... aqui as solto
grandes são minhas penas
não quero eu nem pensar.
tenho tantas...às dezenas!
que nem sei como calar...
minha dor, minhas penas
tantas que quero esquecer
quero minhas horas serenas
que já chegou o entardecer
vindo amor puro e sincero
que em abismos se desata
um sentimento que espero
seja de ouro ou de prata
natalia nuno
rosafogo
quadras feitas em tempos, uma hoje outra amanhã, juntei-as para não se perderem... aqui as solto
amor...soltas X
o coração salta no peito
de tanto, eu te amo tanto
é o amor... amor perfeito
entre flores surge formosa
com sua modesta graça...
d'entre os lírios formosa rosa
veste os olhos de quem passa
do mar, pérola ou sereia
da terra papoila menina...
meu rosto de água e areia
o céu azul o fascina...
do mar, pérola ou sereia
da terra papoila menina...
meu rosto de água e areia
o céu azul o fascina...
depois do tempo passado
passa por mim e abala...
trago o peito tão agitado
quando vem comigo à fala
tudo volta a ter sentido
dentro o meu coração
anda de amor perdido
não quer saber da razão
tudo aquilo que te dou
o tempo não leva não...
o coração se entregou
morre agora de paixão
natalia nuno
rosafogo
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
amor... quadras soltas
ora se nunca me amaste
de tanto que em ti confiei
o coração de mim leváste
dizes tu que tenho medo
mas eu nem te vou dizer
guardo pra mim o segredo
que tu nunca irás saber.
bem gostaria de dizer
que te amo até mais não
mas que hei-de eu fazer?!
se não passa de ilusão?
não passo sem te dizer
desta ameaça ou perigo
a vida é difícil de viver
às vezes parece castigo
são de vidro os meus dias
de estrondo podem quebrar
com amor me endoidecias
jurando sempre me amar
natalia nuno
rosafogo
natalia nuno
rosafogo
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
Poesia...
e toda ela é um drama...
Conheço-a tenho-lhe amor
a toda hora p' mim chama
Trovadora queria eu ser
como Aleixo ou Gedeão,
palpita a ânsia do querer
à poesia dar a mão...
sou como águas do rio
seguem ao seu destino
trago a vida por um fio
logo ela corre sem tino
palavras nascem do nada
vêm à mente até mais não
nasceram e eu destinada
a recebê-las com o coração
meus sentimentos ao vento
que passa a rumorejar...
meus sonhos inda acalento
deixo-me com Poesia sonhar
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014
amor...
O amor algures se esconde
estou farta de o procurar...
Ninguém diz e não sei onde
por ele me deixo arrastar
O amor que sinto agora
em labaredas no peito...
Tem medo tu vás embora
fugindo de qualquer jeito
Não sei nem que dizer-te
este amor não tem medida
levei a vida a querer-te...
Pra andar agora perdida
Terá nosso amor mudado
sem ter nenhuma razão?
Se tanto te havia dado...
Só eu vejo, tu não vês não?
Galopa coração assustado
medo de quem o magoa
se o amor é mal, medrado
pra quê dor q' tanto doa?
natalia nuno
rosafogo
O amor que sinto agora
em labaredas no peito...
Tem medo tu vás embora
fugindo de qualquer jeito
Não sei nem que dizer-te
este amor não tem medida
levei a vida a querer-te...
Pra andar agora perdida
Terá nosso amor mudado
sem ter nenhuma razão?
Se tanto te havia dado...
Só eu vejo, tu não vês não?
Galopa coração assustado
medo de quem o magoa
se o amor é mal, medrado
pra quê dor q' tanto doa?
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
o eco d'alma...
ouvi tocar o violino
numa seara de trigo
afinal era velho sino
e a partida dum amigo
adensa-se a neblina
a terra manto cinzento
anda a morte à esquina
no olhar o alheamento
caem folhas a esmo
como a vida se esgotou!
nada volta a ser o mesmo
desde que inverno chegou
olho agora para trás
tanto caminho a acenar
meu apelo ainda é capaz
à vida, sonho voltar...
e se a noite me amordaça
e o dia me causa frio
ultrapasso a ameaça...
mas, fica a vida por um fio
já a vontade se recusa
fica presa na saudade
amortalha-me morte intrusa!
mas chega com suavidade.
natalia nuno
rosafogo
não sei de nenhum lugar...
não sei de nenhum lugar
e a saudade não me larga
trago a morte a rondar
e a palavra tão amarga
preciso soltar minha voz
às palavras quero dar vida
sou rio a correr pra foz
sinto a vida na descida
já levo tanta hora vazia
já vão cessando os passos
e numa longa melancolia
aquieto mãos e braços
m'tempo anda alquebrado
nem a solidão o conforta
o olhar é pranto chorado
e a saudade me bate à porta
não sei de nenhum lugar
minha rua está deserta
um dia o coração vai parar
logo a saudade o liberta
natalia nuno
rosafogo
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Saudade força serena...
Saudade é o que sinto
neste meu peito ferido
o presente interferindo
mas nada está esquecido
Mas porquê esta saudade
não será mera ilusão?
Como?! A sinto verdade!
No silêncio do coração.
Mas esta verdade é minha
só minha demais ninguém
no silêncio estou sozinha
e a saudade me é alguém.
Regresso então ao sonho
que perdura na memória
deixo o tempo enfadonho
e relembro minha história
História dos meus passos
não passou duma vertigem
ato o que resta com laços
e fico presa à origem...
Presa numa sombra fina
que o destino me traçou
sem saber da minha sina
nem o sítio para onde vou
Mas a vida me promete
levar-me até outros dias
saudade em mim derrete
promessas de alquimias.
natalia nunio
rosafogo
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