não há mais tempo é tarde,
nasce o poema roto e velho
morre com ele a saudade
do rosto que viu ao espelho
nunca fui eu por inteiro
essa é que é a verdade
só fui da flor o cheiro
logo se foi a mocidade
trago as mãos inda feridas
e afasto de mim o medo
sombras nunca esquecidas
trago em mim em segredo.
crio palavras de ilusão
até na hora mais cinzenta
ponho ao luar m'coração
o amor sempre me tenta
o poema nunca se rende
apesar de roto e velho,
acorda a lua e a desprende
alude meu rosto no espelho
rosto triste de saudade
que a mim já nada me diz
breve foi nele a claridade
e o tempo de ser feliz.
natalia nuno
rosafogo