raios já serpenteiam o céu
o sonho enche-me a cabeça
acordado o céu e eu!
não há quem esta dor mereça
olhos sonolentos, mas atentos
à procura da palavra certa
ouvindo o rumor dos ventos
nostálgica como a rua deserta
olhei o espelho não me vi
havia alguém semelhante
de tristeza os lábios mordi
coração palpitou inquietante
semelhança muito aquém
sem a essência da hortelã
ignoro o laço, nada, ninguém
apenas o dia de amanhã
olhei uma ou duas vezes
assim com ela me cruzei
foram anos, foram meses
que no sonho me quedei
arde verso incandescente
rasgo o papel encarquilhado
hoje nem me sinto gente
dou o verso por acabado
quadras de 2005
natalia nuno
imagem pinterest