segunda-feira, 14 de setembro de 2015
das palavras nem sinais...trovas soltas
cada verão cava a distância
neste círculo que é a vida
ao longe pra sempre a infância
numa data já tão esquecida
ora se foi ontem, que nasci
tão liberta como a água!
como é que não aprendi
a libertar-me da mágoa
queria enganar os dias
e recusar-me à partida
viver de rimas e fantasias
barco a boiar deixar a vida
as coisas que fui deixando
já tão distantes do desejo
o coração louco... amando
até ele perdeu o ensejo...
é quase Setembro agora
já me traz ao ouvido a fala
prepara-te que está na hora
e é teu tempo que já abala
converso com a solidão
até minha fala adormecer
tempo sem tempo de ilusão
que quer comigo envelhecer
das palavras nem sinais!
parecem vestidas de cinzento
este outono em forma de cais
onde abandono o pensamento.
natália nuno
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
chama ardente
beija-me a boca assim
contra o peito me esmaga
até que o alento por fim
à vida me traga...
coração palpita e sente
anda numa chama acesa
é como um tarde ardente
plena de sol e beleza...
traz-me todo o teu afecto
que sinto dele saudade
és meu amor predilecto
em mim sinto esta verdade
quero tua boca apetecida
com que minha sede sacio
traz de novo brilho à vida
transforma em calor meu frio
quero da tua voz a doçura
e dos teus beijos doce mel
abriga-se em mim a ventura
sentir a macieza da tua pele
tal como uma singela flor
que o sol torna formosa
assim é o nosso amor
brilhante luz prodigiosa.
natalia nuno
rosafogo
ano 2003/10
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
meu torrão...trovas singelas
desci ao nosso lugar
ali me veio a ventura
a ventura de te amar
debruada de loucura
coitadinho do salgueiro
vendo-nos de mão na mão
segredou ao rio... ligeiro
ai que emoção, que emoção
e os dois por companhia
logo o sol envergonhado
por entre folhas reluzia
com seu rosto alaranjado
fomos então até ao adro
mão na mão nos deu jeito
formámos um belo quadro
o povo olhou satisfeito
olhei o pote na fonte...
ai que saudade me deu
e ao olhar o horizonte
sonhei com um beijo teu
sentei-me ali no chão
a olhar o rio manso
minha terra meu torrão
tudo em ti é remanso
recolhi meu pensamento
e esqueci as tempestades
tuas vielas... são alentos
minhas memórias saudades
a alma de alegria cheia
sei é sonho, não enjeito!?
à aldeia não sou alheia
seu amor banha-me o peito
será obra da idade?
ou porque a vida é escassa?
é recordação da mocidade!
saudade que em mim enlaça...
natalia nuno
rosafogo
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