sábado, 14 de novembro de 2015
talvez com sorte...trovas
tudo com o tempo se abrevia
até a dor que nos consome
quanto mais corre o dia a dia
mais a vida corre e some...
não quero viver d'assentada
deixo esperança manter-se viva
deixo-me à sorte de ser amada
não me deixo do amor cativa
ainda que a vida se entorte
não morra nunca a esperança,
vida é breve, talvez com sorte
a morte se vá, e a vida avança
assim, sempre a alegria volta
à saudade me entrego agora
trago a minha alma à solta
mandei a tristeza embora...
natalia nuno
rosafogo
Versos...de treta/ soltas
crio um por um
mais do que certo!
e se mais algum
logo o liberto.
e se for forte
mesmo a preceito
pode ter a sorte
de ser o sujeito
já a luz corre
já nasce o dia
e a vida morre
sem mais valia
nascem vogais
mais reticência
e outras tais
por conveniência
o verso rima
tudo bem lhe cai
metáfora em cima
ele ai vai...
logo as consoantes
são o que são!
breves instantes
predicado ao chão
a e i o u
a b c d
só eu e tu
e o leitor que lê.
agora a sério
letra após letra
grande mistério
verso da treta
verso é ofício
com significado
lido p'lo orifício
sai nasalado.
o gerúndio morre
inútil grandeza
vá a pena e borre
a folha indefesa
verso que é verso
tem ambição
é medalha e reverso
sorriso ou solidão
e o poeta mente
diz e desdiz
fala o que sente
e é feliz ou infeliz
é tanta a mentira
e é tanta a verdade
por mais q' a vida fira
a sua dor vira saudade
natalia nuno
e o poeta mente
diz e desdiz
fala o que sente
e é feliz ou infeliz
é tanta a mentira
e é tanta a verdade
por mais q' a vida fira
a sua dor vira saudade
natalia nuno
maio/1998
mal que me habita...soltas
anda a paixão fechada
e uma ferida tão aberta
uma dália amortalhada
já seu coração se aperta
gira o sonâmbulo vento
leva tempo de felicidade
há lençóis de sofrimento
rasgados pela orfandade
cresce sombra desolada
há pirilampos na noite
segue a vida desalojada
sofrendo o corpo o açoite
mas se orfandade já sou
palavras.. fico em pranto!
jovem chama, me chamou
mas não passou de quebranto
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
teus olhos...
teus olhos são dois carvões
deixam-me pregada ao chão
não faz parte das intenções
entregar-lhes meu coração
não percebo qual a razão
porque agitas meus desejos
se sou eu... a tua paixão
meus lábios esperam beijos
bato-me com o dilema
nem sei se hei-de ir ou ficar
quando o amor é o tema
logo a ansiedade a chegar
meu espírito redemoinho
e o corpo a desfalecer
trago-te no meu caminho
por ti me deixei prender
já pressinto a rendição
minha sensatez perdida
com o mover da tua mão
na blusa que trago vestida
olhos perdidos no vazio
a tremer dos pés à cabeça
na agitação calor e frio
à espera q'o amor aconteça
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
bati à porta so Santo...populares
fui pedir ao S. António
desse marido à maneira
deu-me foi um demónio
que me vai à algibeira...
dali fui pedir ao S. João
mas levei c' alho porro
não me sai do coração
agora por ele eu morro
por fim fui ao S.Pedro
pedi marido especial
disse ele em segredo
homem?!
como, se é tudo igual?
natalia nuno
rosafogo
rima que não rima...mas são obra prima.
À falta de inspiração aqui ficam umas quadrazitas que para homenagear os ditos até foi tempo mal empregue.
corre tanta, tanta tinta
e nos corredores d'assembleia
não há político que n'minta
mentem todos à boca cheia
nenhum quer perder o tacho
todos querem mais uns tostões
se o povo quisesse eu acho
levantavam da cadeira os ...calções!
Zé Povinho, Zé Povinho tão mal vês
O que fizeste tu nem sabes!
não viste quem mal te fez
que acha que num caixão tu cabes
Se és velho és pra abater
se és novo para emigrar
não vês só eles querem comer
e para ti estão-se a ...morrer d'amores
hoje não estou inspirada
nem reinar me está a apetecer
se a reforma outra vez me fôr fanada
eu mando-os a todos... à fava
a minha rima hoje está fraca...
natalia nuno
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
óh que grande obsessão...brejeiras
ao rio atirei pedrinhas
todas de vário quilate
só para ver se tu vinhas
ouvir o coração que bate
sentei-me então no talude
à beira do rio que corre
lembrei-me de ti amiúde
este amor por ti não morre
pus a mão... tirei a mão
queixei-me amargamente
por não saber a opinião
que fazes do amor da gente
sempre afinal apareceste
e eu de raiva perdida
pensando me esqueceste
já dizia mal da vida...
uma coisa que eu cá sinto
vou dizer-te sem demora
às vezes para mim minto
digo que vais chegar na hora
estalam beijos na boca
entra o corpo em tremideira
logo a gente fica louca
não vê rio... nem ribeira
a vida de mim desdenha
óh que grande obsessão
por mais amor que eu tenha
não vou dar-te o coração.
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
a coisa vai mal...
estes políticos da treta vão-nos depenando e não podemos tirar o pé da lama...
vá de retro...vá de retro
políticos daí pra fora
vão de burro ou de metro
é preciso é ir embora
políticos daí pra fora
vão de burro ou de metro
é preciso é ir embora
deixar S. Bento em paz
porta fechada ou aberta
ao Santo tanto lhe faz
o povo, o cinto desaperta
porta fechada ou aberta
ao Santo tanto lhe faz
o povo, o cinto desaperta
têm desarranjo mental
pensam-se eles gente diferente
revestem-de de prestígio teatral
tentando convencer toda a gente
pensam-se eles gente diferente
revestem-de de prestígio teatral
tentando convencer toda a gente
Há para aí muito menino
que os coloca no altar
pensando eles que o desatino
à porta não lhes vai chegar
que os coloca no altar
pensando eles que o desatino
à porta não lhes vai chegar
asquerosos como as cobras
nem de longe nem de perto
são manhosas suas manobras
é preciso é olho aberto...
nem de longe nem de perto
são manhosas suas manobras
é preciso é olho aberto...
natalia nuno
coelho nunca!
estou a pensar que nunca a minha goela engoliu um pedaço de coelho e já lá vão muitos anos e agora tenho que levar com ele gostando ou não...
coelho eu?nem no tacho!
nem ao longe, nem ao perto,
por que graça não lhe acho,
mesmo que se julgue esperto
nem ao longe, nem ao perto,
por que graça não lhe acho,
mesmo que se julgue esperto
goza comigo e contigo
mentiroso e delambido
deixa o povo sem abrigo
gramá-lo não faz sentido
mentiroso e delambido
deixa o povo sem abrigo
gramá-lo não faz sentido
anda a vida remendada
com tanto sacana à solta
roubar não lhes custa nada
e eles aí estão de volta
com tanto sacana à solta
roubar não lhes custa nada
e eles aí estão de volta
natalia nuno
olhar que se esvazia...trovas soltas
chove nos beirais da m'casa
chovem lágrimas de veludo
e eu pássaro já sem asa
triste vou assistindo a tudo
janelas sem sol nem brilho
flores morrendo nos canteiros
ai como é triste este meu trilho
meus olhos verdes... nevoeiros
desprendi o cabelo, está à solta
do vento ouço agora a melodia
anda saudade trago à minha volta
p'las cortinas a luz de mais um dia
ninguém me vê sou miragem
apenas ilusão, passo de areia
calada sigo a minha viagem
tal como aranha vou tecendo a teia
abro a janela e olho o céu
deixo molhar m' asas de cetim
tenho tudo mas já nada sinto meu
são meus sonhos a chegar ao fim
caem gotas de chuva rendilhadas
desbotadas, saudosas e perdidas
acabam chorando nas calçadas
deixam os olhos de lágrimas caídas
a meu lado não está ninguém
a não ser do tempo a nostalgia
a tristeza chegou... também!
pra me deixar nesta melancolia
no calendário mais um dia finda
olho a parede, vejo a tarde passar
escorre a solidão...seja bem vinda
escuto bater à porta, q' vem chegar?
já a chama aquece e o sol volta
o coração nunca a cinza apaga
vou deixar meu cabelo à solta
e guardar este sonho que me afaga.
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
trovas soltas...sortilégio
eu diria se soubesse
o quanto o mar é salgado
se meu amor me quisesse
eu diria ...óh meu amado!
onde anda a minha estrela
que me anda a escapar
pudesse eu sempre vê-la
nos teus olhos a brilhar
andam olhos a exaurir
de tantas recordações
o teu amor a sumir
apenas restam ilusões
amor habita meu peito
deixo que tal aconteça
agrilhoado o trago a jeito
para que ele padeça
não só a mim, não de hoje
o coração é quem comanda
a razão sempre nos foge
com o coração em demanda
o meu amor é imenso
é como campo de flores
e seu aroma tão intenso
está sempre onde fores.
bate a onda no rochedo
grita o mar que é maior
meu coração já bate ledo
mas grande é o meu amor
natalia nuno
rosafogo
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
das palavras nem sinais...trovas soltas
cada verão cava a distância
neste círculo que é a vida
ao longe pra sempre a infância
numa data já tão esquecida
ora se foi ontem, que nasci
tão liberta como a água!
como é que não aprendi
a libertar-me da mágoa
queria enganar os dias
e recusar-me à partida
viver de rimas e fantasias
barco a boiar deixar a vida
as coisas que fui deixando
já tão distantes do desejo
o coração louco... amando
até ele perdeu o ensejo...
é quase Setembro agora
já me traz ao ouvido a fala
prepara-te que está na hora
e é teu tempo que já abala
converso com a solidão
até minha fala adormecer
tempo sem tempo de ilusão
que quer comigo envelhecer
das palavras nem sinais!
parecem vestidas de cinzento
este outono em forma de cais
onde abandono o pensamento.
natália nuno
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
chama ardente
beija-me a boca assim
contra o peito me esmaga
até que o alento por fim
à vida me traga...
coração palpita e sente
anda numa chama acesa
é como um tarde ardente
plena de sol e beleza...
traz-me todo o teu afecto
que sinto dele saudade
és meu amor predilecto
em mim sinto esta verdade
quero tua boca apetecida
com que minha sede sacio
traz de novo brilho à vida
transforma em calor meu frio
quero da tua voz a doçura
e dos teus beijos doce mel
abriga-se em mim a ventura
sentir a macieza da tua pele
tal como uma singela flor
que o sol torna formosa
assim é o nosso amor
brilhante luz prodigiosa.
natalia nuno
rosafogo
ano 2003/10
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
meu torrão...trovas singelas
desci ao nosso lugar
ali me veio a ventura
a ventura de te amar
debruada de loucura
coitadinho do salgueiro
vendo-nos de mão na mão
segredou ao rio... ligeiro
ai que emoção, que emoção
e os dois por companhia
logo o sol envergonhado
por entre folhas reluzia
com seu rosto alaranjado
fomos então até ao adro
mão na mão nos deu jeito
formámos um belo quadro
o povo olhou satisfeito
olhei o pote na fonte...
ai que saudade me deu
e ao olhar o horizonte
sonhei com um beijo teu
sentei-me ali no chão
a olhar o rio manso
minha terra meu torrão
tudo em ti é remanso
recolhi meu pensamento
e esqueci as tempestades
tuas vielas... são alentos
minhas memórias saudades
a alma de alegria cheia
sei é sonho, não enjeito!?
à aldeia não sou alheia
seu amor banha-me o peito
será obra da idade?
ou porque a vida é escassa?
é recordação da mocidade!
saudade que em mim enlaça...
natalia nuno
rosafogo
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
palavras ...trovas soltas
das palavras sou cativa
quer queira ou não queira
nesta prisão obsessiva
livrar-me não há maneira
vivo com metáfora ao lado
que me rasga de emoção
é minha sina é meu fado...
meu destino minha canção
palavras minha aventura
liberdade redentora
são o amor, são a ternura
que no meu coração mora
são o vento que se esfuma
palavras a pulsar de magia
são tudo ou coisa nenhuma
revelam o rosto do meu dia
natalia nuno
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
desvarios...trovas soltas
sentinela bem alerta
à espera de ver-te chegar
meu coração porta aberta
os braços para te abraçar
andam meus olhos a monte
fugindo que nem ladrões...
anda o sol no horizonte
o coração cheio de ilusões
o tempo tudo esquece
o tempo queria esquecer
a tarde vai longe, anoitece
e meus olhos sem te ver
chorando está a rosa
pelo cravo desprezada
a rosa que era vistosa
e nasceu para ser amada
é feita de sonho e frio
a vida ... nela é um mar
os anos ... são um navio
que se afastam a navegar
natalia nuno
versos de paz...trovas soltas
E quem sois vós?
e quem sou eu?
se estais sós...
fiquem com Deus.
como te olharei?
como me olharás?
com palavras farei
versos de paz...
por isso os escrevo
neste jeito triste
e nem sei se devo
falar se Deus existe
às vezes já confundo
e nem sei se rezar
trará bem ao mundo
ou hei-de a boca fechar
e digo para mim...
que a vida amo!
e sossego por fim
quando por Deus chamo
palavras são belas
para quem entender
sempre encontro nelas
esperanças a crescer
palavras são perfeitas
como sóis e luas
então se as aceitas?!
são minhas... e tuas.
natalia nuno
rosafogo
domingo, 23 de agosto de 2015
pensamentos...trovas soltas
tanta maneira de entender
o que nos enche o coração
morte e vida vá-se lá saber
é como andar em contramão
estamos vivos e morremos
e pensamos, como entender?
e às vezes loucos parecemos
preferimos nem querer saber
seguimos à cata da felicidade
dia e noite o sonho buscamos
nasce-nos da força a saudade
e assim, saltitantes lá vamos
natalia nuno
rosafogo
sábado, 22 de agosto de 2015
ecos em mim...trovas soltas
dizem que não pode ser
que é minha imaginação
que é mágoa de te perder
ou a saudade no coração
que mágoa tão comprida
é grande a dor que m' ficou
é saudade em mim sentida
que o pesar me assegurou
pena foi esta que me deu
meus olhos não querem ver
nem o passado me esqueceu
porém eu, cansei de o viver
não me queiram consolar
já que o tempo me levou
pode a morte vir-me buscar
já que a desventura chegou
não quero nem me atrevo
a dizer ainda que queira
palavras que aqui escrevo
são tristes à minha maneira
natalia nuno
rosafogo
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
sentimento travesso...quadras soltas
fica tudo claro ou escuro
ao pé do fim o começo
trago o coração seguro
mas o amor é travesso
gosto de andar em perigo
sem nunca saber o fim
fugir do amor não consigo
quero-o sempre perto de mim
se tanto é o mal que faz
mesmo assim ainda o quero
fugir dele não sou capaz
sem amor eu desespero
fica a vida como cega
não atina, não sei porquê
se à mingua o amor chega
baça névoa o olhar vê
natalia nuno
rosafogo
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