quarta-feira, 9 de abril de 2025

tempo de saudade...




- as horas passam devagar...
ou lentas como meus passos,
   - já o Sol pousa no mar
e eu mergulho nos teus braços

palavras arrancadas à raiz
morre-se nas recordações
foi Deus quem assim quis
a vida nos dá tantas lições

sofro d' amor persistente
é este amor uma doença
saudade que dá na gente
e não há nada que o vença

trago a imaginação doente
é grito no coração saudoso
amor que não sai da mente
persegue-o o tempo custoso

natalia nuno



sonhos entrançados

cobre-se a noite de veludo
no meu peito a melancolia
as estrelas alumiando tudo
e eu à espera dum novo dia

já a luz entra pela janela
logo o vento dobra a cortina
a madrugada vem tão bela
quisera ser, sempre menina

esta luz nos olhos me cega
custa-me encarar a realidade
e logo a vida que me pega
sou só, levo comigo saudade

cá dentro da memória vai
e vem um sonho vadio,
o peso do tempo se esvai
o coração é espaço vazio.

o dia sempre amanhece
e me enebria de prazer
na noite saudade acontece
mais o q' tem de acontecer.

natalia nuno

sábado, 25 de janeiro de 2025

lembranças...





a proximidade d'água
por perto algum ruído
eu com minha mágoa
e um chilreio ao ouvido

trago a sinfonia em surdina
dos rumorejos naturais
da aldeia onde menina,
me divertia demais...

com o coração a bater
tudo pra mim era encanto
não parava de correr
o entusiasmo era tanto

pretexto andar descalça
para alcançar o frescor
uma ou outra pedra falsa
derrubava-me como flor...

chape chape água do rio
tarde entretida a nadar
sinto o coração vazio
quem dera à aldeia voltar

natalia nuno
quadras de 1986






terça-feira, 14 de janeiro de 2025

rio, choro, e esqueço...




que o coração aguente
e o corpo obedeça
seja saudável a mente
o desagregar não apareça

fosca é a neblina
que apresenta o olhar
que seja lenta a ruína
e me deixe desfrutar

não às vozes do azar
ou até ao próprio instinto
que possa continuar
pois vontade eu a sinto

são profundas as raízes
que me puxam lá pra cima
movo os pés, dias felizes
ainda rimo como quem rima.

natalia nuno


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

apenas e nada...




cansada muito cansada
vivo nas costas dos sonhos
de não ser útil pra nada
oculto instantes tristonhos

cansada muito cansada
de ir caindo, caindo
levo a vida remendada
vai ela de mim, se rindo

cansada muito cansada
de tudo o que me rodeia
minha essência desgastada
tudo se converte em areia

cansada muito cansada
como criança perdida
de mim mesma abandonada
espelho e sombra duma vida

natalia nuno