terça-feira, 30 de abril de 2024

quadras soltas... da vida e não só!

- o amor e os anos...
portas para um e pra mil
foram tanto desenganos
q/ na solidão ficou senil

para quê tantos planos
e tantas linhas traçadas
nos tornamos insanos
com ideias baralhadas

entre a boca e o beijo
tudo ao ímpeto resistir?
- o temor e o desejo,
dois olhares e o sorrir

- jamais a separação!
imensa lonjura, saudade
eis o que nos faz solidão
logo então a serenidade

nasci na casa pequena,
virada ao Sol e ao Vento
hoje recordação serena
serenidade e sentimento

amar a vida pela vida
presente q' Deus m/deu
eu gaivota decidida
Voei à conquista de ser eu.

natalia nuno





domingo, 21 de abril de 2024

quadras soltas...momentos

 




no céu pousava seu olhar...
saudade sem saber de quê
e de tanto, tanto sonhar...
s/dar conta, sem que se dê!

inventava sonhos risonhos
com a mão escrevia poema
dentro, ela ainda traz sonhos
viver, ser feliz,  é seu lema

dentro dela um sonho velho
divide s/ dias com a natureza
d' manhã q' olha o espelho
ainda sente no rosto leveza

no olhar procura certezas
no coração traz a saudade
no pensamento as incertezas
saudade d' tempo d' mocidade

natalia nuno
imagem pinterest
(quadras antigas que vou passando
do arquivo para aqui) 1998

lembranças...


melros cantam no rosto
ainda lembram a menina
banhando-se ao sol posto
brincando na rua...ladina!

na pele ardia-lhe o fogo
planície habitava o olhar
brincar e estudo seria logo
e louca de tanto sonhar

tinha segredos e medos
confidenciava às estrelas
já a poesia em seus dedos
ao vento dizia coisas belas

quando gaivotas dormiam
soltavam aromas as rosas
os sonhos com ela viviam
versos, palavras mimosas

olhar procurando certezas
nela a tatuagem da  terra
aldeia e redondezas
lembranças no coração
encerra.

natalia nuno
imagem pinterest
(quadras antigas que prenoitaram
na sebenta) 1998


quadras de improviso...





saudade o coração a sente
quando chega a madrugada
faz-se na mente presente
abraça-me pela calada...

fecho aos olhos as janelas
deixo de me ouvir, me calo
palavras s' minhas sentinelas
as lembranças são m' embalo

sem predições ou promessas
as palavras vão-me fugindo
o amor,  escuta-me às avessas
e a saudade vai-me atingindo.

o tempo voraz me consome
fico como criança sem riso
numa ansiedade sem nome
punhado d'versos, improviso

natalia nuno
imagem pinterest

quinta-feira, 11 de abril de 2024

do sonho à realidade...quadras soltas

achei.me hoje a rever
os cantos d' minha aldeia
nestas horas de lazer
que a saudade me premeia

q' boa saudade tão amena
q' na minha ideia renasceu
borbulham águas, são tema!
delírios deste momento meu

diferente a vida que levo
pobre foi minha aventura
no recolhimento me atrevo
recordar a outra com ternura

havia então a vivacidade
do rio vinha-me imaginação
passei do sonho à realidade
no dia em que deixei m' chão

levava palavras de fantasia
no olhar cantarolar das águas
longe, chorava todos os dias!
sigilosas no coração as mágoas.

natalia nuno
imagem pinterest

terça-feira, 2 de abril de 2024

trovas soltas...a vida é erva rasteira





o vento estremece estrelas
- e fustiga a erva rasteira!
sorriem' olhos ao vê-las
quando estás à minha beira

e a lembrança já indecisa
ainda me fala de aventura
porque a memória precisa
de lembrar-te com ternura

e como as águas e os ventos
que correm como cavalos!
melancólicos m' pensamentos
lembranças são meus abalos.

parece coisa s' importância
lembrar vigor da mocidade
mais distante o da infância
que também me traz saudade

apresso a estabelecer tréguas
não me debruço em demasia
que estas coisas vão a léguas
eu as lembro com nostalgia

lembrar tempos recuados
até me parece ser um castigo
mas se os deixo abandonados
vêm as saudades ter comigo

submissos meus pensamentos
são como lençóis de espigas
dobram varridos pelos ventos
lembrando as coisas antigas

mais de emoção que de frio
rodopia em mim a loucura
fere-me este tempo tão bravio
ligeiro foi tempo desta aventura.

natalia nuno
imagem do pinterest