quarta-feira, 28 de outubro de 2015

teus olhos...



teus olhos são dois carvões
deixam-me pregada ao chão
não faz parte das intenções
entregar-lhes meu coração

não percebo qual a razão
porque agitas meus desejos
se sou eu...  a tua paixão
meus lábios esperam beijos

bato-me com o dilema
nem sei se hei-de ir ou ficar
quando o amor é o tema
logo a ansiedade a chegar

meu espírito redemoinho
e o corpo a desfalecer
trago-te no meu caminho
por ti me deixei prender

já pressinto a rendição
minha sensatez perdida
com o mover da tua mão
na blusa que trago vestida

olhos perdidos no vazio
a tremer dos pés à cabeça
na agitação calor e frio
à espera q'o amor aconteça

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

bati à porta so Santo...populares



fui pedir ao S. António
desse marido à maneira
deu-me foi um demónio
que me vai à algibeira...

dali fui pedir ao S. João
mas levei c' alho porro
não me sai do coração
agora por ele eu morro

por fim fui ao S.Pedro
pedi marido especial
disse ele em segredo
homem?!
como, se é tudo igual?

natalia nuno
rosafogo

rima que não rima...mas são obra prima.



À falta de inspiração aqui ficam umas quadrazitas que para homenagear os ditos até foi tempo mal empregue.

corre tanta, tanta tinta
e nos corredores d'assembleia
não há político que n'minta
mentem todos à boca cheia

nenhum quer perder o tacho
todos querem mais uns tostões
se o povo quisesse eu acho
levantavam da cadeira os ...calções!

Zé Povinho, Zé Povinho tão mal vês
O que fizeste tu nem sabes!
não viste quem mal te fez
que acha que num caixão tu cabes

Se és velho és pra abater
se és novo para emigrar
não vês só eles querem comer
e para ti estão-se a ...morrer d'amores

hoje não estou inspirada
nem reinar me está a apetecer
se a reforma outra vez me fôr fanada
eu mando-os a todos... à fava

a minha rima hoje está fraca...

natalia nuno

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

óh que grande obsessão...brejeiras



ao rio atirei pedrinhas
todas de vário quilate
só para ver se tu vinhas
ouvir o coração que bate

sentei-me então no talude
à beira do rio que corre
lembrei-me de ti amiúde
este amor por ti não morre

pus a mão... tirei a mão
queixei-me amargamente
por não saber a opinião
que fazes do amor da gente

sempre afinal apareceste
e eu de raiva perdida
pensando  me esqueceste
já dizia mal da vida...

uma coisa que eu cá sinto
vou dizer-te sem demora
às vezes para mim minto
digo que vais chegar na hora

estalam beijos na boca
entra o corpo em tremideira
logo a gente fica louca
não vê rio... nem ribeira

a vida de mim desdenha
óh que grande obsessão
por mais amor que eu tenha
não vou dar-te o coração.

natalia nuno
rosafogo


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

a coisa vai mal...




estes políticos da treta vão-nos depenando e não podemos tirar o pé da lama...


vá de retro...vá de retro
políticos daí pra fora
vão de burro ou de metro
é preciso é ir embora

deixar S. Bento em paz
porta fechada ou aberta
ao Santo tanto lhe faz
o povo, o cinto desaperta
têm desarranjo mental
pensam-se eles gente diferente
revestem-de de prestígio teatral
tentando convencer toda a gente
Há para aí muito menino
que os coloca no altar
pensando eles que o desatino
à porta não lhes vai chegar
asquerosos como as cobras
nem de longe nem de perto
são manhosas suas manobras
é preciso é olho aberto...
natalia nuno

coelho nunca!



estou a pensar que nunca a minha goela engoliu um pedaço de coelho e já lá vão muitos anos e agora tenho que levar com ele gostando ou não...

coelho eu?nem no tacho!
nem ao longe, nem ao perto,
por que graça não lhe acho,
mesmo que se julgue esperto

goza comigo e contigo
mentiroso e delambido
deixa o povo sem abrigo
gramá-lo não faz sentido

anda a vida remendada
com tanto sacana à solta
roubar não lhes custa nada
e eles aí estão de volta
natalia nuno

olhar que se esvazia...trovas soltas




chove nos beirais da m'casa
chovem lágrimas de veludo
e eu pássaro já sem asa
triste vou assistindo a tudo

janelas sem sol nem brilho
flores morrendo nos canteiros
ai como é triste este meu trilho
meus olhos verdes... nevoeiros

desprendi o cabelo, está à solta
do vento ouço agora a melodia
anda saudade trago à minha volta
p'las cortinas a luz de mais um dia

ninguém me vê sou miragem
apenas ilusão, passo de areia
calada sigo a minha viagem
tal como aranha vou tecendo a teia

abro a janela e olho o céu
deixo molhar m' asas de cetim
tenho tudo mas já nada sinto meu
são meus sonhos a chegar ao fim

caem gotas de chuva rendilhadas
desbotadas, saudosas e perdidas
acabam chorando nas calçadas
deixam os olhos de lágrimas caídas

a meu lado não está ninguém
a não ser do tempo a nostalgia
a tristeza chegou... também!
pra me deixar nesta melancolia

no calendário mais um dia finda
olho a parede, vejo a tarde passar
escorre a solidão...seja bem vinda
escuto bater à porta, q' vem chegar?

já a chama aquece e o sol volta
o coração nunca a cinza apaga
vou deixar meu cabelo à solta
e guardar este sonho que me afaga.

natalia nuno
rosafogo



sexta-feira, 2 de outubro de 2015

trovas soltas...sortilégio



eu diria se soubesse
o quanto o mar é salgado
se meu amor me quisesse
eu diria ...óh meu amado!

onde anda a minha estrela
que me anda a escapar
pudesse eu sempre vê-la
nos teus olhos a brilhar

andam olhos a exaurir
de tantas recordações
o teu amor a sumir
apenas restam ilusões

amor habita meu peito

deixo que tal aconteça
agrilhoado o trago a jeito
para que ele padeça

não só a mim, não de hoje
o coração é quem comanda
a razão sempre nos foge
com o coração em demanda

o meu amor é imenso
é como campo de flores
e seu aroma tão intenso
está sempre onde fores.

bate a onda no rochedo
grita o mar que é maior
meu coração já bate ledo
mas grande é o meu amor

natalia nuno
rosafogo