segunda-feira, 29 de agosto de 2011
QUADRAS Á SOLTA XXX
Mirando a água que corre
Vejo a vida que não demora
Vejo o sol que nasce e morre
Quase sempre à mesma hora.
Mirando campo sem semente
- Lembro as mãos calejadas
Do meu povo, pobre gente!
Que o cavou com as enxadas.
Pássaros fugiam aos brados
Nas eiras o trilho girando!
Havia pares de namorados
Juras de amor...íam jurando.
Nada resta senão as estevas
A mesma Senhora da Vitória
Partes contigo saudade levas
A candura da aldeia na memória.
O Povo é livre está contente
Apesar de levar vida sofrida
Não cala que calar consente!
Consquitou viver livre a vida.
Lembranças minhas e tuas
Entre sonhos e realidades
À procura de mim lá p'las ruas
Com olhos vazios de saudades.
Guardo na lembrança a praça
Onde um dia encontrei teu olhar
Teu gesto tentador, a tua graça
Sempre os olhos hão-de recordar.
Se fôr? Esta saudade é condão!
Saudade é então tudo que ficou
Sentir o que perdi é imensidão
Restam versos a quem me dou.
rosafogo
natalia nuno
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sábado, 27 de agosto de 2011
QUADRAS SOLTAS XXIX
Queria devolver-te o beijo
Que me entregáste um dia
Procurei mas não o vejo!
Transformou-se em agonia.
Fechei meu amor num cofre
Guardei chave da fechadura
Mas meu coração ainda sofre
Ao lembrá-lo com ternura.
Ninguém tira o que é meu
Do sonho que é meu Mundo
Se Deus o sonho me deu?
Sou Poeta...e vagabundo!
Vagabunda anda perdida
Num jardim de fantasia!
De vazio e solidão vestida
Com saudade d'algum dia.
Lavei a roupa lá no rio
À sombra do choupo amei!
Era moça cantei ao desafio
E ingénuamente me entreguei.
As estrelas entontecidas
Os beijos vinham espreitar
Enquanto as mãos atrevidas
Eram sombras rubras ao luar.
Trago rugas é a velhice
E a saudade me faz chorar
Já chorei na meninice
Ando triste não vou negar.
Palavras saltam da boca
pra fora...sem qualquer razão!
As saudades me deixam louca?
Sim! Aqui deixo a confissão.
rosafogo
natalia nuno
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quarta-feira, 24 de agosto de 2011
LEMBRANÇAS
Minha aldeia tem a torre
Da igreja tão branquinha
Toca o sino, alguém morre
Lá se foi a gente minha.
Lá em baixo tem o açude
Lá meu coração nasceu
No meio do alecrim rude
E cipreste erguido ao céu.
Há uma casa com varanda
Com um vaso de flores
Por lá meu coração anda
A relembrar meus amores.
Oiço a algazarra infantil
Em redor do campanário
Éramos tantos, mais de mil
Sem sapato nem infantário.
Infância de tanta fortuna
Infância de coisa nenhuma
Tanta brincadeira oportuna
Tanto pássaro sem pluma.
Já nem em sonhos adivinho
Já vacilante é a memória
Lembro o rio com carinho
Seu canto perfeita glória.
Olhos fazem a despedida
Ao ombro a vida suspensa
Terra me encontro perdida
Terra minha bem querença.
natalia nuno
rosafogo
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QUADRAS DE BEM QUERER
E escrevo para afrontar a dor
Às vezes me sinto bem ansiosa
Mas tuas palavras me dão valor
E me sinto verdadeira, corajosa.
Quem dera ser a Correia
Mas sou apenas a Canais
Não é grande minha veia!?
Mas canto como os demais.
Sem poesia já não vivo
Lhe dou graça e a acarinho
Meu tempo dela é já cativo
Teço-a como quem tece ninho
É tão simples o meu rimar
Rimo nele a noite escura
Mas rimo sempre a sonhar
Que Deus me dê a ventura.
É sempre a alma que chora
Mas às vezes também sorri
E é a alegria que em mim mora
Quando vejo o Poeta por aqui
Eu nasci em Portugal
Numa província soalheira
Tenho um coração leal
Gosto-te à minha maneira.
Em mágoas ando perdida
Mas tenho a tua amizade
Nada mais quero da Vida
Já tenho de ti saudade
Sinto em mim a escuridão
Desta noite e tu ausente
Daqui te mando meu coração
E a amizade que por ti sente.
A lembrança é saudade
Lembrar até faz doer
Mas eu lembro a mocidade
Mesmo que me faça sofrer
Tenho saudades da Vida
Dos encantos que ela tem
No mistério ando envolvida
Sem sonhos não sou ninguém.
Aqui é noite de pensamento
A saudade em mim já doi
Te mando daqui um lamento
Um ai? Não!Um beijo,já foi!
Quadras feitas em directo aos comentários a outras quuadras
no Luso. (trouxe-as para não as perder).
natalia nuno
rosafogo
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011
DESAFIO
Portugal é pequenino
É como altar eu bem sei!
E o fado é seu destino
E eu também já o cantei.
Encanto e muita história
Mas nada mais que lhe reste
Triste é sua trajectória
Não tem governo que preste.
Mas tem noites enluaradas
Belas paisagens, belo mar!
Pobres gentes bem apertadas
Futuro de cinto pra apertar.
Falar-te de Saramago
Também nasceu no meu chão
Levou com ele o travo amargo
Que sentiu da incompreenssão.
Os outros nasceram tortos
Sou eu tua amiga quem o diz
Falam deles depois de mortos
É assim neste pobre País...
E eu sou do verso inquilina
Meu canto visto de verdura
Sou do Povo, menina traquina!
Tenho por ele muita ternura.
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=195427&com_id=788382&com_rootid=788331&com_mode=nest&com_order=0#comment788382#ixzz1UqQzKLc1
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Estas quadras feitas de improviso para responder a um desafio a um comentário no Lusopoemas.
Estas quadras feitas de improviso para responder a um desafio a um comentário no Lusopoemas.
NESTA VIDA BREVE
Chorei em frente ao mar
E meu lamento o despertou
Queria o dele ao meu juntar
Mas o meu se envergonhou.
Sem saber se o que desejo
Seja o que fôr, melhor será
Fecho olhos, espero o beijo
Que o mar de longe trará.
Fui amada e fui traída
Ficou meu rumo incerto
Remei em barca perdida
Com a solidão por perto.
Chorei como choro agora
De saudade doida varrida
Quem dera fosses embora
Quero-te mais que á vida.
Saudade que tens de mim
Estás a tempo de a parar
Doravante direi assim
Não me voltas a enganar.
Sabe que eu outra não sou
Sou eu por dentro,por fora
Meu coração amou-te, errou
A alma sozinha tenho agora.
Olho ao longe a maré vaza
Onde um dia hei-de morrer
Levo em ferida a minha asa
De tanto te amar sem querer.
O meu rosto já se inclina
Rasgado ao peso da idade
Já fui moça, já fui menina
Princesa, o sol na mocidade.
rosafogo
natalia nuno
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
HORA DERRADEIRA
E a noite então descerá
Como ela estarei sombria
No céu a Lua surgirá
Levando m'ha alma fria.
O relógio horas dará
Assim se resume a vida
- Virá a morte... virá!
Pronta pra me dar guarida.
Ao ver-me triste coitada
Bem dirá a meu respeito!
Levo a vida perdoada...
A saudade dentro do peito.
Mais não quero só violetas
Atiradas... com firmeza!
Tudo mais não me prometas
Nasci pobre e sem grandeza.
Sou poeta sem ostentação
Que já teve e nada tem!
Só no coração a paixão
P'la Poesia se mantém...
Se ouvires o sino tocar
Deixa-o tocar à vontade
Ele sabe do meu finar
E sabe da minha saudade.
E a vida que foi torvelinho
Deixo para trás agora...
Alvoreço em outro caminho
Já nada mais me apavora.
rosafogo
natalia nuno
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QUADRAS ATREVIDAS
Se fosse fogo te encendiava
Em brasa amor tu me amarias!
Mas brasa é cinza daqui a nada
Tão breve amor me deixarias.
Se eu fosse água te inundava
Pra não olhares com olhar falso
Ah...dum golpe só eu te matava!
Pra não andares no meu encalço.
Se eu fosse vento te impediria
Olhares as outras com ternura
Então contigo, ao céu subiria!
Abrindo portas à minha ventura.
Se eu fosse onda te beijaria
Até a boca exaurir em beijos
Tuas promessas cumprir faria
E em ti afogar os meus desejos.
Se eu fosse golpe te atravessava
Para saberes que a dor é maldita!
Quanto mais cresce mais é malvada
Essa dor de amor que nada evita.
Se eu fosse treva , ou sol ardente
Amargas lágrimas ou doce canto?
Com minhas forças tão docemente
Eu te amaria, sabe Deus quanto!
Mas se fosse apenas uma rosa
presa... entre os lábios teus
julgaria a vida bem generosa
afogaria nos teus olhos os meus
rosafogo
natalia nuno
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terça-feira, 2 de agosto de 2011
PRIMEIRO AMOR
Já não cabem mais horas
Nesta dor que me aperta!
E a saudade sem demoras
Deixa no peito ferida aberta.
Surge uma lágrima confusa
Que ainda hoje me alucina
Amor assim já não se usa
Como este amor de menina.
Era a tua vida na minha
Era o meu corpo no teu!
Ainda aos olhos se avizinha
Esse acenar que me emudeceu.
Uma voz no tempo fugitiva
Cativa na minha memória
Não morre... eternamente viva!
É este o amor da nossa história.
Cai a chuva com obstinação
Cai monótona e obsessiva!
Roubando o sol da recordação,
Que recordo, cem anos que viva.
rosafogo
natalia nuno
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