sábado, 25 de janeiro de 2025

lembranças...





a proximidade d'água
por perto algum ruído
eu com minha mágoa
e um chilreio ao ouvido

trago a sinfonia em surdina
dos rumorejos naturais
da aldeia onde menina,
me divertia demais...

com o coração a bater
tudo pra mim era encanto
não parava de correr
o entusiasmo era tanto

pretexto andar descalça
para alcançar o frescor
uma ou outra pedra falsa
derrubava-me como flor...

chape chape água do rio
tarde entretida a nadar
sinto o coração vazio
quem dera à aldeia voltar

natalia nuno
quadras de 1986






terça-feira, 14 de janeiro de 2025

rio, choro, e esqueço...




que o coração aguente
e o corpo obedeça
seja saudável a mente
o desagregar não apareça

fosca é a neblina
que apresenta o olhar
que seja lenta a ruína
e me deixe desfrutar

não às vozes do azar
ou até ao próprio instinto
que possa continuar
pois vontade eu a sinto

são profundas as raízes
que me puxam lá pra cima
movo os pés, dias felizes
ainda rimo como quem rima.

natalia nuno


quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

apenas e nada...




cansada muito cansada
vivo nas costas dos sonhos
de não ser útil pra nada
oculto instantes tristonhos

cansada muito cansada
de ir caindo, caindo
levo a vida remendada
vai ela de mim, se rindo

cansada muito cansada
de tudo o que me rodeia
minha essência desgastada
tudo se converte em areia

cansada muito cansada
como criança perdida
de mim mesma abandonada
espelho e sombra duma vida

natalia nuno