quarta-feira, 31 de julho de 2013

Poeta perdido...




Poeta é canto dorido
lenda inútil de saudade
triste por ter perdido...
o viço da mocidade!

Eu era uma flor triste
prestes a perder o pé
chegaste tu e sorriste
pura ilusão é o que é.

Eu era flor... num galho!
o vento ao passar quebrou
regada com teu orvalho ?...
de novo se alevantou.

Se a doença não tem cura
valha-me Deus Nosso Senhor
que esta minha cabeça dura
não esquece a doença «AMOR»

Morri por dentro tão ferida
tocaram os sinos por mim
a  morte levou-me em vida
e a Vida esqueceu de mim.

Que está feito, está feito!
se feito, remediado está!
não há um amor perfeito
nem sei  algum dia haverá.

Quer eu queira, ou não queira
encontro sempre a harmonia
a poesia é sempre a primeira
na visita ao aororear do dia.

natalia nuno
rosafogo
quadras existentes num site onde colaborei, não sei se já constam aqui, mas para não as perder aqui ficam.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

conversa a sós





ando nas dobras do verão
mais perdida que achada
estranha à própria ilusão
em longes me vejo parada.

não sei nada da realidade
nem sei onde ela se situa
mas o que sei de verdade
é desta viagem minha e tua.

houve muito, ainda há tanto
talvez tudo, ou quase nada!
criei força renovei o encanto
à vida onde ando embarcada

ameaço tempo que ameaça
enfim me encontrei comigo
ao certo? sei que ele passa!
assim,  o tenho por inimigo.

nem o tempo, nem espelho
vão dizer de mim ou de ti...
pode o tempo até ser velho!
mas com ele tudo aprendi

assim enfrento meus dias
assim de pé... pois mereço!
velhos os sonhos, utopias...
neles me olho e envelheço.

natalia nuno
rosafogo








sexta-feira, 19 de julho de 2013

lembranças de menina



havia uma figueira ali
à beira rio plantada
dela nunca mais esqueci
nem dos figos que dava.
 
ainda relembro agora
a romanzeira florida
vinham abelhas na hora
olhando p'la sua vida
 
havia pés de feijão
subiam ao céu sem fim
dentro do meu coração
nenhum sentimento ruim.
 
o cheiro dos laranjais,
lembrando dia de noivado
aroma não esquece mais
ao lembrar do passado.
 
brincos feitos de cereja
olhos postos no caminho
não vá alguém me veja
eu me perca num instantinho
 
já se agitam meus desejos
minha esperança a compôr
que venham então os beijos
envergonhados de amor.
 
p'las sombras aninhada
a esperança me alimenta
quero por ti ser amada
a vergonha me atormenta.
 
saltam seios de ansiedade
o coração pula do peito
incontida esta saudade
que há muito não tem jeito.
 
quadras de 1988 (mês?)
 
natalia nuno
rosafogo






quinta-feira, 18 de julho de 2013

interrogações...



Onde irão meus passos dar
Não os ouço, nem ninguém
Mas meus passos vão passar
Será que seguem alguem?
*
Afinal que sei eu de mim?
Que nada sei nada vejo...
Olho o mar azul sem fim
Vive em mim o desejo.
*
Sei agora me desconheço
Mas logo a quem interessa?
Pois bem não me aborreço!
O tempo em mim se atravessa.
*
Se corro, a vida me cansa
Eu afinal não sei nada...
Se páro a vida avança
Ando na v ida enganada.
*
O que queria era ser tudo
Só não quero ser o que sou
Mas na verdade me iludo!
E eu afinal o que sou?
*
Sonhei que era só lembrança
Dum sonho que já passou
O sonho prende-me à criança
Que é afinal o que eu sou!.
*
natalia nuno
 rosafogo

eu penso que já constam deste blog, mas não sei ao certo, estas quadras são antigas, ano de 2001

nem me dei conta...



nem me dei conta...
que a escuridão caíu
verso de pouca monta
lido de fio a pavio...

não sei nada da vida
meu olhar já se perde
e a brisa à despedida
trouxe do mar o verde

hoje é tempo de traças
os versos senis estão,
o tempo faz ameaças
é de louça meu coração

ao toque da tua mão,
meu corpo ainda existe
vida é perfeita traição
fustigada ainda insiste

que é morrer de verdade
é voltar de novo a casa?
deixar nos outros saudade
 no ventre da terra sem asa

fico com uma alma nova
que se prepara e se entrega
à vida e morte faço trova
acelera o tempo... me cega.

natalia nuno
rosafogo







quarta-feira, 17 de julho de 2013

trovas soltas...dentro do peito


entre as flores tens a rosa
julgas ter o que é preciso
se  a rosa te é preciosa
ao jardim basta o narciso

entre o mármore e marfim
trabalhados ou em bruto
eu quero o negro para mim
o branco eu visto de luto

entre as flores da campina
escolho a amarela giesta
faz-me lembrar a menina
pra quem a vida era festa

cheiro a folha do loureiro
este sim é verde louro
amor que foste o primeiro
vales tu por montes d'ouro

entre a noite e o dia
o sonho não vai embora
é um bem de mais valia
sonhar a qualquer hora

entre o amor e a amizade
diferença que mal se avista
dos dois restará saudade
face a tão grande conquista.

natalia nuno
rosafogo



quinta-feira, 11 de julho de 2013

ao fim da tarde...



é a modos o verão curto
a modos que importante
mas este calor não curto
nem só mais um instante

fogão no pino do calor
ou ter que regar a horta
nem vontade para o amor
anda a vida como morta

alpendre ao fim da tarde
com  a costura no colo
sensatez é a verdade
vida carece de consolo

jovem por um bocadinho
que a modos o tempo passa
dê por onde der o caminho
tudo na vida se ultrapassa

há sempre ervas daninhas
e um calor abrasador...
e tantas saudades minhas
ao lembrar-me de ti amor

pareço sempre zangada
ao tempo não ter perdoado
sigo em frente fui amada
de coração extravasado.

agora estava a murmurar
a modos que pra mim só
passo a vida a relembrar
o dia em que demos o nó

na relva seca me sentei
com o olhar semicerrado
para muito longe olhei
longe pra lá do passado.

rosafogo
natalia nuno









terça-feira, 9 de julho de 2013

fantasias




corre o rio da saudade
dentro de minhas veias
conhece-me de verdade
somos... paredes meias!

tenho o céu, mar e a lua
luminosos, transparentes
anda o luar na minha rua
a ouvir o que me mentes

a lua brilha num sorriso
como se o mar osculando
cá na terra o paraíso
e eu por perto sonhando

o mar canta em delírio
canção à areia cansada
diz-lhe: és bela como lírio
faço de ti minha  amada

basta-me olhar para crer
que tanto Deus nos ofertou
com amor é bom de ver
Ele!toda a terra perfumou.

trovas de 04/1998

natalia nuno
rosafogo




domingo, 7 de julho de 2013

o poeta é uma andorinha



Há poeta que não goste
de as ver voar p'los céus?
Não!E há até quem aposte!
Que são negras como breus

Vem com elas a primavera
E com elas se vai o verão!
Ai quem dera...quem dera...
Que a vida não fosse ilusão

Pássaro sem asa me abrigo
Em árvore feita em pedaços
Tenho as  palavras comigo...
Deixo beijos deixo abraços.

deixo minha alegria a quem
busca carinho e amizade
para que haja sempre alguém
que me lembre com saudade

já a melancolia me embaça
o olhar turvo e cansado
passa o tempo, tempo passa
dói como sonho mal sonhado

já perdidas as esperanças
Poeta de saudade sofrida
faz versos de desesperanças
mas afortunado foi na vida.

natalia nuno
rosafogo
ano 2003/09


sábado, 6 de julho de 2013

quadras inocentes



nos bancos da escola
aprendia a ler
dentro da sacola
livros pr' aprender

uma bola de meia
feita de farrapos
sempre meia cheia
de sonhos e trapos

tempo doce este
mesmo sem doçura
menina cresceste
a saudade perdura

no saltar à corda
roda da apanhada
roda livre roda...
e nunca cansada

boneca de papelão
criança a crescer
reguada na mão
escola pr´aprender.

aqui vai o lenço
aqui eu pertenço
aqui fica o lenço
com amor imenso

rosafogo
natalia nuno


quarta-feira, 3 de julho de 2013

trovas...juras e promessas

 
 
prometeu-me e até jurou
que o amor era bem forte
saudade de mim mostrou
mas depois partiu à sorte.
 
meu peito na escuridade
 cego de amor não esquece
jura morrer de saudade
p'lo amor que o não merece.
 
dizer-te adeus eu quisera
pra não viver a queixar-me
enquanto o coração espera
vem até mim abraçar-me.
 
vivo lembrando o passado
vivo a entreter o pensamento
trago o coração magoado
batendo incerto... e lento!
 
perde um amor de verdade
logo um tormento principia
num sopro vem a saudade
e toda a vida  enfastia...
 
natalia nuno
rosafogo
imag. net
 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

rimas para quem gosta



tanta quadra tenho feito
todas rimando a primor
se as escrevo a preceito
é porque lhes tenho amor

não crio com desleixo
eu nas rimas sou briosa
rimo como Poeta Aleixo
a meu modo... saudosa.

sustento assim o querer
inda que as achem sem côr
cá por mim, as podem ler
mas só eu lhes sei o sabor

alguns lhe têm rancor
mostram-se bem alterados
acham comuns um horror
os defeitos encontrados

são esta saudade velha
que não consigo calar
sempre que me dá na telha
faço quadras mas a rimar.

junto palavras e teço
saudade também o pranto
páro agora e recomeço
vagabundo é meu canto

canto como o  passarinho
que de cantar não se cansa
faço quadras p'lo caminho
enquanto a vida avança

de modo simples misturo
inda que apontem o dedo
má criação não aturo
rimo sempre e sem medo.

natalia nuno
rosafogo






entressonhos


não ando descalça não
que o chão tem espinhos
os prazeres do coração
são teus beijos e carinhos

a saia aos malmequeres
blusa com decote ao jeito
p'la tarde se apareceres
quero estar bem a preceito

tantos os beijos que dei
pagaste-me com um só,
a razão porque amuei
e não quis dar o nó...

logo da primeira vez
me apanhaste descalça
mentiste e assim  talvez,
era tua promessa falsa

vi-te ao longe a correr
eram seis horas da tarde
pensei que me vinhas ver
fiz da mentira verdade.

fiz promessa de novena
à Senhora do Bom...fim
do nosso amor tenha pena
e tenha pena de mim...

teus olhos vou fixar
pra ver se falas verdade
não vá a boca falar
e ser tudo falsidade

desenhei o enxoval
casei contigo no altar
meu país é Portugal
vou cantar... até cansar.

natalia nuno
rosafogo