quarta-feira, 24 de janeiro de 2018
sem palavras...trovas soltas
no vazio da tua voz
há um eco abafado
que vem até mim veloz
com um som indesejado
se o olhar que trocámos
numa hesitação tremente
as palavras apagámos
então que resta da gente?
agora já a noite sobra
e tudo que me disseste
já nada a gente cobra
talvez o sonho s'desfizesse
o tempo tudo nos esconde
de nada nos serve resistir
onde anda o amor, por onde?
deu frutos tem de seguir!
mas se ouvisse a tua voz
e não o eco que se arrasta
agora que o sol se pôs
e a vida de mim te afasta
ainda olharia para trás
ver-me menina e tu menino
olhando-te me olharás
s' apressarmos o destino
natália nuno
rosafogo
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
insistir na magia dos sonhos...trovas
criança em baloiço andei
ao frio, ao calor de verão
feliz no rio me banhei
por lá ficou meu coração
- já tudo de lá sumiu!
já a saudade é tortura
chora o salgueiro e o rio
já inverno em mim dura
chega a saudade repentina
colho saudades e suspiros
o sorriso em mim se ilumina
sorrisos vejo até nos lírios...
parte d' mim volta a nascer
alegre minha memória delira
outra parte em mim a morrer
tempo a vida e o sonho m' tira
luas inteiras a olhar o rio
horas, dias a ouvir as àguas
águas geladas, eu cheia de frio
aos seixos a contar as mágoas
trepava os muros da ladeira
havia excesso de alegria
ir aos ninhos era brincadeira
e os sonhos de magia vestia
meu rosto ela emoldurava
e ao bruxelear da candeia
histórias a avó m' contava
quem impede meu despertar
julgando sonho s' consistência
enlouqueço se não posso voltar
meus sonhos, minha insistência
natalia nuno
rosafogo
sábado, 6 de janeiro de 2018
dizem que sou triste...
dizem os outros que triste sou
flor a desfolhar caída ao chão
a Poesia nunca me abandonou
palavras ditas, são de comoção
o vento sempre me abre a porta
derrama em mim pingos musicais
viva a palavra... não estou morta!
afiadas palavras são como punhais.
enrodilham-se ideias na mente
mas o coração arde sempre mais
bate mais, pulsa indiferente...as
mãos correm não param jamais
minha cabeça louca tropeça
no orvalho dos malmequeres
na noite não há quem impeça
de dar-te amor o que quiseres
dizem que sou triste anoitecer
rasgo a noite que é só minha
rasgo o luar e deixo acontecer
algum sol qu' em mim caminha
é tempo das lágrimas recolher
dedos em movimento, escrevo,
solitária já me deixo anoitecer
escrevo o que devo e não devo
no meu rio interior sonora
rima, alegre ou triste pouco
importa... chegada a hora
do amor, sou Poeta louco!
natalia nuno
rosafogo
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