sábado, 30 de agosto de 2014

lamúrias...trovas



cansados vão os passos
enquanto o dia esvoaça
levo calados os cansaços
enquanto esta vida passa

levo os lábios sedentos
e a lembrança distante
em lágrimas pensamentos
o esquecimento, constante!

as palavras não se detêm
abrem em mim uma ferida
caem em mim, mas porém
são recordação trazida...

os sonhos me assediam
com silenciosos desejos
com fragrâncias q' existiam
com o sabor dos teus beijos

levam aos olhos  ternura
com a linguagem das flores
sonhos orvalhados, frescura
dispõe-me a vida aos amores

sonhos agora são brancos
como aves surpreendidas
maus olhados, quebrantos
com lamúrias  incontidas...

natalia nuno
rosafogo









sexta-feira, 29 de agosto de 2014

sou trovadora...



Sou poetisa sou trovadora
faço trovas sem ter fim...
desculpa se sou sonhadora
quero te lembres de mim!

fiz promessas d'amor
ao pé do rio na margem
veio depois o desamor
o amor era só miragem

 minhas ilusões são antigas
os sonhos... frescos suaves
e canto algumas cantigas
q' lembram chilreio d'aves.

 há bocas que soltam ais
umas d'amor outras d'dor
algumas que beijam mais,
outras imploram por favor

já a doce tarde recua...
não quer morrer ainda
lá  ao longe vem a lua
só a tristeza não finda

se é louco o amor não vejas
pra n' colheres tempestades
se tanto o amor almejas
 hás-de chorar de saudades

vou cantando como posso
um tempo s' tempo eu sou
de todo este tempo nosso
só a saudade... dele restou.
natalia nuno
rosafogo

2004/8


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

soltas...o caminho



o horizonte sem luz
meu coração apagou
a vida já não o seduz
nem sei na vida se estou

levo dentro de mim
a ternura da tarde
verso que não tem fim
no coração a saudade

de lembranças pedaços
frágil vai a memória
lentos vão os passos
desta inefável história

história ou talvez destino
ou meu caminho indeciso
onde eu sou um peregrino
levando no rosto  sorriso

sou a que nada possui
tudo ardeu durante a vida
já não sou o que ontem fui
sou a lembrança esquecida

natalia nuno
rosafogo


domingo, 17 de agosto de 2014

trovas soltas...cheias de nada



palavras são tempestade
chuvadas e vento forte
são saudades da saudade
que persegue até à morte

lágrimas secam no rosto
a calma volta ao coração
no mais fundo o desgosto
vai mudando de posição

és o mel que me adoça
minha luz da madrugada
amar-te sempre que possa
e me queiras tua amada...

o teu olhar me rodeia
são teus beijos o fogo
és luz da minha candeia
que ao ver-te ateia logo

meu coração desespera
logo chegas sem aviso
no vazio à tua espera
partes quando mais preciso

e que dor que o peito sente
clemente vai soluçando
cada vez que estás ausente
morre um pouco te esperando

a vida é feita de nadas
de solidões e tristeza
uns dias ensolarada
outros feita de incerteza

este tempo adverso
nem me deixa esquecer
ateia a saudade no verso
temo a solidão de a ter

nasci numa segunda feira
terrível dia de inverno
aqueceram-me à lareira
vim do céu para o inferno

são simples minhas trovas
falam com  simplicidade
não são velhas e nem novas
nelas prolifera a saudade


as mãos cheias de nada
no coração a saudade
eu e os poemas dizemos
 «Obrigada»
vosso apreço é nossa vaidade


natalia nuno
rosafogo
Março 2009 aldeia






terça-feira, 12 de agosto de 2014

quero II....trovas soltas


quero sonhos, são meus
quero-os roseiras em flor
quero sorrir aos olhos teus
dizer-te amo-te, com ardor

quero fazer versos à solta
semear letras ao vento...
quero alegria à minha volta
ser-me poesia chão sedento

só preciso dum abraço
me sustente a coragem
trago na alma o cansaço
desta tão longa viagem

as noites trazem perfumes
estrelas lâmpadas d'ouro...
trazem os dias azedumes
e aberto na face o choro

correm lágrimas a fio
sufocado é o soluçar
a inspiração é arrepio
deixa o Poeta naufragar

estas páginas são tristes
nelas vincos do passado
o que nos meus olhos viste
vem do coração agitado...

depois que importa morrer
se só memórias o que ficou
se só é triste o meu viver
e tudo depressa passou?!

quis o destino... assim quis
agora os dias venturosos
ainda que pobre mas feliz
memórias, tempos ditosos

natalia nuno
rosafogo

Maio 2005



quarta-feira, 6 de agosto de 2014

trovas...ao subir a montanha


ao subir a montanha
por onde o vento fugia
m'alma ficou estranha
em mim a melancolia

o silêncio me rodeava
as nuvens ali tão perto
o sol o céu dourava
m'coração q'era deserto

todas as coisas quietas
até o meu pensamento
e as vidas tão incertas
tão tingidas de cinzento

olhei extasiada a natureza
meu sonho foi mais além
sorri à vida com a certeza
de ser feliz como ninguém

na montanha bem no cimo
arco íris tanta cor e violeta
se mais do céu m'aproximo
mais Deus me faz de Poeta

natalia nuno
Noruega 2014/ Julho


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

soltas...saudosas




ando já ao amor rendida
mas o amor traz espinhos
não digo não, e atrevida
vou aceitando carinhos...

porquê em teu semblante
é sempre triste o olhar?
Se o amor a cada instante
vem o coração venturar.

meu coração sem razão
anda triste desencantado
louco a esquecer a paixão
s'razão ... amargurado!

depois de tantas partidas
tantas memórias desfeitas
tantas ilusões perdidas
no rosto rugas perfeitas...
..

natalia nuno
rosafogo
Maio 2001



sábado, 2 de agosto de 2014

final de vida...trovas




ao ouvir dobrar o sino
acalmou-se o coração
a ouvi-lo está o menino
já não o ouve o ancião

velho pobre e pensativo
as horas são de cansaço
olha o céu embebecido
já lhe custa dar um passo

cicatriz que traz no peito
ferida duma vida dura
amor nem sempre perfeito
lembra ainda com ternura

foi escravo sem grilhão
a terra seca ele cavou
vai levá-la no coração
terra que sempre amou

e lá se foram os anos
resta apenas a saudade
esqueceu os desenganos
velhice é a sua verdade

natalia nuno
rosafogo
2009






a dor da saudade...trovas



A saudade é dolorosa, 
A sente qualquer mortal
Essa inquietude custosa 
No mundo não tem igual 

Morrem olhos de paixão 
Ao avistar do mar as águas 
Mil anos de solidão ...
Para curar nossas mágoas. 

Mas haverá sempre um dia 
Que se quebrará tanto gelo 
E uma vaga de harmonia

Atalhará o pesadelo... 

De saudade hei-de morrer
Dos sítios onde brincava
Olho o céu q'me viu nascer
Oiço o pássaro que cantava

À beira do rio sentar-me
A olhar o clarão da lua
E a maresia a orvalhar-me
A alma que trago nua...

natalia nuno
rosafogo
Abril de 2005