já o vento molda a areia
e o tempo a face do rosto
não sou bonita...nem feia!
madrugada ora sol-posto
ficou o tempo embaciado
novelo em emaranhamento
tal qual o amor cansado
no coração feito tormento
vou revisitar os lugares
e as aves ocultas no ramo
que lembram de m'amares
tanto quanto eu te amo...
vão-se as horas somando
e o papel onde eu escrevo
sempre para mim olhando
se me atrevo ou não atrevo
dei-me ao tempo sem exigir
que me deixasse ficar assim
deixou marcas pra me ferir
levou tanta coisa de mim
escrevo de dentro do coração
à folha vou-me revelando
pode até parecer que não
nela os olhos vão pingando.
natalia nuno
rosafogo
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