domingo, 4 de agosto de 2013
místico badalar...
ouço uma longa toada
badala o sino indolente
marca com voz arrastada
a breve vida da gente...
hora a hora badalando
sempre a mesma melodia
nossa vida vai marcando
ao toque da avé-maria
não pára, nem adormece
noite e dia a cantilena
pobre sino até parece
voz austera, mas é serena
batem aldraba da porta
quem será a esta hora?
aragem fria que corta,
ou a solidão noite fora?
talvez o vento na ramaria
a dor de mim se apodera...
candeia o serão não alumia
inverno, lá se foi a primavera
dobram os sinos a rigor
nas horas boas e más
há quem viva com ardor
a mim já tanto se me faz.
hoje chegou-me a saudade
daqueles que partiram já
tocou o sino com vontade
chorei de vontade d'os ter cá.
a vida acaba na morte
eu já morri quantas vezes!
mas Deus lá me dá a sorte
de enfrentar vida e revezes
ando de saudades abalada
e quantas saudades lá vão
da juventude encantada,
quando entreguei o coração
toca o sino toca a vida toda
toca, toca e não descansa
toca no dia da boda...
e quando baptiza a criança.
sua história nunca finda
já cá estava viu-me nascer
velhinho porém ainda,
há-de anunciar meu morrer.
está lá no cimo, alto porte
todos o olham sobranceiro
anuncia a vida e a morte
anuncia quem vai primeiro.
rosafogo
natalia nuno
quadras de 1999 (09)
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