sexta-feira, 5 de setembro de 2014

trovas várias...recordações



Sou poeta pois então
 poética é m' nostalgia
faço versos ao serão
e também à luz do dia

Poesia trato por tu
risco nela a minha sina
trago-a ao mundo a nu
desde tempos de menina

Esboço nela os sonhos
com acordes de tristeza
saudade de dias risonhos
o tempo levou c' avareza

Um afecto me proteja
um abraço me console
já a boca que me beija
dá-me a lua, traz-me o sol

Vou passando de revés
pela casa onde nasci
ali me levam meus pés
mas nem murmúrio ouvi

Olho a paisagem muda
ela que foi tão cristalina
pois o tempo não me iluda
lembro-a desde pequenina

Poeta não m'envergonho
Sou  filha de cavador...
Nos versos sempre ponho
o seu nome com amor...

Na aldeia foi meu medrar
entre hortas e figueirais
de júbilo  deixo alcançar
a memória de meus pais

Transborda o rio há cheia
há quem chame de aluvião
luzes acesas é hora d'ceia
vive em mim a recordação

natalia nuno
rosafogo

Abril, aldeia 1998








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