terça-feira, 6 de janeiro de 2015

à minha terra...




fiz o tempo saber da água
 dos céus da terra lavrada
ó rio, tu levaste a mágoa
e meu sonho pela calada

já t'alcanço terra ardente
deixa q' estenda o lençol
olha o salgueiro pendente
o orvalho adormece ao sol

as palavras desbaratei
lágrimas soltei do olhar
e um pacto contigo selei
pra sempre em ti morar

cai a sombra e é noite já
tocam os sinos pra oração
no altar, preparado está!
anjo de trombeta na mão

toda a aldeia está serena
sol conversa no horizonte
no adro deixo minha pena
à lua que vem defronte...

sem saber se ainda existe
criança que deixei algures
é que o coração insiste?!
saudade, não m'amargures

d'margem á outra margem
saltei sem pousar no chão
olhei-me no rio e a imagem
trago ao peito, no coração

as mãos seguram o vento
no loureiro canta a rola
fico eu e  ela ao relento
enquanto o grilo cantarola

sei que é d'amor o laço
que nos une e nos aperta
a ti estendo meu abraço
tu tens-me a porta aberta

fazes de mim prisioneira
a palavra já está chorando,
canto à flor de laranjeira
versos d'amor conjugando

sou eu mar que leva o rio
na memória e na saudade
na poesia acendo o pavio
minha chama é liberdade.

natalia nuno




segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

À minha aldeia...



À minha aldeia d'outros tempos, em que eu ía lavar ao rio...hoje ao ver as fotos do Helder assaltou-me a saudade e...assim de repente e em directo aqui ficam versos simples.
Ó rio que amo tanto
levo a fita no cabelo!
vê só teu olhar d’ espanto
miras-me tu com desvelo!
terra minha tão doce
na memória canto a canto
quem dera …ontem fosse!
parti querendo-te tanto
fazer-te versos agora
é meu coração que pede
sobeja razão nesta hora
e saudade q’não se mede
digo-te isto de peito aberto
vivi eu sempre na esperança
o meu sonho é por certo
voltar a ti como em criança
é tarde mas descobri
quem ama seu mal cura
a vida que então vivi
faz-me sonhar c’ventura
o coração trago cativo
do teu céu, da lua cheia!
é do sonho que ainda vivo
ficam-te meus olhos aldeia
em ti nasci a cantar...
mas há muito q’não canto
mas se me vires a chorar
é porque te lembro tanto
natalia nuno