segunda-feira, 13 de abril de 2015

Beijos...trovas




um beijo no mês de maio
não posso virar as costas
fico cega mas não caio
sei que de mim tu gostas

brilha o sol lá no além
meu cansaço, minha dor
no coração sem ninguém
já lá não mora o amor

beijos dão os apaixonados
beijos se dão de amizade
na mente trago guardados
beijos dados na mocidade

quatro folhas tem o trevo
por sorte logo encontrei
nas quatro folhas escrevo
quantos beijos eu te dei

só porque não posso aspirar
a uma amor mais verdadeiro
deixa por um beijo esperançar
inda que o sinta interesseiro

natalia nuno
rosafogo

02/2002









sábado, 11 de abril de 2015

ilusões...flores murchas



Foram-se ilusões douradas
deste jardim que é a vida
somos flores desfolhadas
de primaveras despidas...

Primavera tão doce idade
quem m'a dera inda agora
feliz tempo o da mocidade
que me deixou, foi embora

De manhã me sinto rosa
à tarde me sinto cardo
da vida já tão saudosa
m' céu é cinzento pardo


Quero ver chegar a lua
já o sol se foi embora...
desponta a noite sou tua
é meu corpo que implora

De sonhos a vida é feita
sonho, não quero acordar
se esta vida não é perfeita
deixo-me no sonho ficar

natalia nuno
rosafogo






quadras...eco da minha voz



aguenta a quadra é nobre
rima e tem sempre valor
quem diz que ela é pobre
não é dela merecedor...

se minha rima é pobre
também rimo com a rica
se a pobre fica tão nobre
com a rica nobre fica...

pássaros trazem cantigas
de chilreios enchem o ar
n' promessas nem intrigas
que não me deixo enganar

o sol me olha de frente
já pouco a mim me basto
trago a morte presente...
mas da vida não m'afasto

escrevo verso com m' mão
minh''alma ao céu entrego
quero a Deus pedir perdão
do mal que fiz...não nego!

se amanhã deixar de ver
ou meu coração parar...
sempre tu podes dizer
feliz, porque soube amar

meu coração vive triste
por não dizer o que sente
a tanto amor não resiste
vive a sofrer e não mente

que esperam de mim então
não nada mais pra dizer
tenho comigo só solidão
só a saudade sei escrever

assim neste correr d' dias
q'deslizam nada os detém
vou escrevendo poesias
e assim, me sinto bem...

natalia nuno
rosafogo



emoções...trovas soltas



distancio-me da imagem
já o tempo levo gasto
levo inda alguma coragem
mas já da vida me afasto

vou olhando aqui de cima
com alguma insegurança
esmoreci em frágil rima
q'deixei  atrás em criança

hoje sou outra figura 
esbatida, sépia é a cor!
solitária vou à aventura
até ao fim, seja onde fôr!

nunca mais voltei ao rio
nem ao largo da praça
canto como a cigarra a fio
mas a saudade não passa...

já vou no fim do caminho
trago comigo esta arte
auto retrato-me c' carinho
e deste, a terra faz parte...

regresso sempre à natureza
penso que não perdi nada
ventos m' trazem certeza
que inda por lá sou amada

em versos vou cantando
a saudade que em mim há
um dia a morte desafiando
de volta...  levar-me-à...

rosafogo
natalia nuno
11/2008





sexta-feira, 10 de abril de 2015

hoje pus-me a pensar...trovas soltas



o que é mais importante
não é o que fiz... ou não!
é ver a vida tão distante
o tempo ter sempre razão

do grão se faz a farinha
que é pão para o sustento
já minha vida caminha
sem vontade nem alento

bom mesmo era esquecer
que a  vida não é senão...
nascer ...viver e morrer
Que... dolorosa desilusão!

diamantina é a madrugada
vai-se a tarde já escurece
cabelos brancos são geada
tranquila solidão aparece

trago os olhos sem sossego
e os passos sem esperança
se mais à vida me apego
mais s'afadiga a lembrança.

natalia nuno
rosafogo
10/2002



a velha casa...


Minha aldeia...Banda d' Além/Lapas

Na banda d'além do rio
tive um amor certo dia.
Hoje o coração vazio

triste chora e silencia.

Era da banda de cá
que eu morava e sorria
p'ra esse amor que já não há,
p'ra essa idade fugidia.

E entre bandas quem diria
que o rio manso e encantador
hora a hora, dia a dia,
me faz lembrar esse amor.


Paulo César
*************

Para a Natália, a poetisa da saudade do "rio de água lavada" - o nosso Almonda - e da aldeia, com suas bandas.


meu agradecimento ao amigo Paulo César

Sou da banda de além
Pela infância fascinada
N' esqueço nada, ninguém

Desta terra tão amada...

Dos amigos que criei
E que também acarinho
Dos bons... me rodeei
Neles… tu Poeta vizinho


natalia nuno

esta a casa de meus Bisavós, avós e pais, hoje triste e abandonada pelos que a adquiriram, mas a vida é isto mesmo,  não somos eternos e tudo o que possuímos por cá deixamos.