Quadras soltas... loucas rimas

- são tão loucas minhas rimas

- todas elas são diferentes

- não são tias e nem primas

- mas rimam de tão contentes

- mas rimas são o que são

-surgem quando n'se espera

- rimo com elas no Verão 

- e também na Primavera!

- como é bela a Mocidade

- tão pouco leva a passar

- o tempo foge e a Saudade

- lágrimas que levo a chorar

- se soubesse o que sei hoje

- vou falar-te nesta rima

- amo-te e o tempo me foge

- saudade é minha prima...

- são de fogo os teus olhos

- já meu coração palpita

- trago minha saia de folhos

- se lhes tocas, ela grita!

- o que é vivo também esfria

- há sempre uma vez primeira

- amor em mim sempre florescia

- quando era eu donzela roseira

- talvez o coração endureça

- neste tempo que eu viver

- minha memória não esqueça

- que de amor quero morrer.

- 

natalia nuno

rosafogo

imagens do pinterest

p'la rua dos anos...

com unhas afiadas do vento

e lágrimas da chuva sem parar

embacia o meu pensamento,

e a morte sem tempo pra me dar

árvores em grande crepitação

abandonada eu ao esquecimento

como pedra descalça pelo chão

coração desterrado e sem alento

escondido resto de voz apagada

uma bolha d' angústia quebradiça

expande-se no peito, e já cansada

quebro o meu fluir fico submissa

arrojo-me até às ruas dos anos

em atitude de espera, vou caindo

estilhaços, em pedaços desenganos,

desbravando sorrisos, vou sorrindo!

natalia nuno

rosafogo

poesia tua semente...

- um traço mais

avanças lentamente

- retiras teus ais

e a tristeza da mente

- dobras as ruas

e vês como chove

- lembranças tuas!

o olhar se comove

- lembras-te na moldura

era então Agosto,

- quanta ternura!

havia em teu rosto.

- infinitos oásis

que te trazem sonhos

- ainda capazes

de dias risonhos

- as sombras apagas

fechas cicatrizes

- cauterizas as chagas

surgem dias felizes

-sossegas obsessões

teu silêncio confidente

- não tens ilusões!

debulhas poesia tua semente.

natalia nuno

rosafogo

sou da aldeia...

também eu sou da aldeia

trago o orgulho em mim
volto sempre volta e meia
numa felicidade sem fim

palpitam p'las minhas veias

saudades que são agonia
e tecendo, elas suas teias

vão sustentando meu dia

escrever é dizer adeus

é desafiar a memória

lembrar sonhos meus e teus

- bonita nossa história!

natalia nuno

rosafogo...

sonhos de então...

outros pássaros virão

numa outra primavera

a saudade meu coração

adianta-se e desespera

logo solidão sem pressa

de partir, lembra sonhos

e o amor parte e regressa

restam os dias tristonhos

não escrevo um só verso

sem a solidão a  intervir

e na melancolia imerso

fica o coração sem elixir

vou ludibriando as horas

nem sempre de escuridão

logo saudade s/ demoras

traz-me os sonhos de então.

natalia nuno

rosafogo

quadras soltas...

nestas escassas linhas

encerram-se na m' mão
todas as lágrimas minhas
saudade em substituição.

recordação se distancia

fica cinzenta a certeza.

impetuosas as fantasias

rosto amargo sem beleza

cruzo hoje velhas ruas

sabendo que a vida se foi

olhos turvos saudades tuas

esta saudade que dói...

havia luz naqueles dias

por onde andarás agora?

tanto bem que me querias

silencioso, foste embora.

natalia nuno

quadras antigas...agora encontradas

para acalmar o coração 

oh que doce acalmia

ao amor não se diz não

haja amor, noite e dia

é o mais doce caminho

com a luz que o alumia

amor e doce carinho

sustenta nossa alegria

por meu amor chamas

acordado ou a sonhar

prometes que me amas

contigo ando a sonhar

pra sempre nos amarmos

ai amor que bom seria

abraços beijos trocarmos

promessas quantas faria

jamais ficar no olvido

ficar parado no vazio

o amor não faz sentido

sentir o coração tão frio

com amor no coração

logo chega madrugada

não há amor sem senão

ou é tudo ou não é nada.

natalia nuno

trovas singelas...

As quadras que vou postar, encontrei-as por acaso, num espaço duma amiga brasileira, por volta de 2010, e são os 1ºs trabalhos que criei, todas elas muitos populares e singelas e soltas, mas ainda assim não as quero perder.

amam-se e não se deixam

feliz o amor que carregam

seus olhares logo se fecham

em mares q' só eles navegam

q' sigam do amor o caminho

façam dele uma avenida

gestos de muito carinho

tornam-lhes feliz a vida

pelas trovas tão constantes

escritas como gorjeios

como ventos doidejantes

feitas de puros devaneios

em carinhos, apaixonados

frutos próprios da juventude

trazem sonhos incendiados

sonhadores voltam lá amiúde.

natalia nuno

passa a procissão

alecrins e mais giestas

e de alfazemas um fervor

diante dos olhos as festas

e as procissões do Senhor

às vezes golpes do vento

rasgavam o arvoredo,

os trovões no firmamento

do eterno me vinha o medo

derramava no povo anseio

passava Jesus diante de mim

vinha  sua Mãe de permeio

logo abolido o medo por fim.

no mais profundo da m'alma

ao ouvido um anjo silente

o fulgor do sonho me acalma

e recordar é solidão crescente

apesar dos anos decorridos

brilha o poema na recordação

são tantos os anos vividos

trago a aldeia no coração.

natalia nuno

trovas antigas