quarta-feira, 30 de março de 2011

EMOÇÕES



Minha mãe me deu o ser
Marcada vinha à nascença
Trazia a coragem e o querer
Destino de poeta fazia a diferença.



Corri p'los campos borboleta livre
Dia a dia sem nenhuma inquietação
Serena como raio de luar que feliz vive
Indiferente à morte e à aflição.



Ao longe a minha serra querida
Cá em baixo o rio espelho do céu
Paisagem completa, cheia de vida
Eu borboleta ramo em ramo, corpo ao léu.



Brilhavam os olhos estrelas refulgentes
Na imaginação um Mundo todo amor
Ao reavivar memórias recordo as gentes
Agora se esgota o tempo, recordar é dor.



Nos sonhos percorria o Mundo inteiro
Numa folha de papel em velocidade
Ao Polo Norte chegava sempre primeiro
Viagens que ainda recordo com saudade.



Apaixonada eram tantas as emoções
Sonhava enquanto colhia frutos e flores
E agora nas minhas meditações
Na lembrança a vivencia destes amores.



Nas memórias os amigos de infância
Em meus versos com atenção os envolvia
Verdes anos agora já à distância
Sempre cantados em minha doce poesia.



Uma lágrima molha a folha de saudade
Que me acode do coração ao olhar
Esta folha que trouxe da Mocidade
Primaveras que o tempo soube roubar.


natalia nuno
rosafogo
quadras de 2009



imagem retirada -blog imagens para decoupage.

sexta-feira, 25 de março de 2011

QUADRAS SOLTAS XI



Trago o gosto da tua boca
Trago o  rasto do teu cheiro
O ciúme que me põe louca
Sol d'Outono, frio de Janeiro.



A Vida é feita passo a passo
O tempo começa a acabar
Tacteio adiante, me embaraço
É sempre o tempo a provocar.



Mesmo quando tudo sobra
E a Vida se traz agasalhada
Lá vem o tempo e nos cobra:
Já vais ao fim da estrada..!



Tanto para trás...olhámos
Tudo dum sonho não passou!
Vida aziaga, que amámos
Como névoa se esfumou.



natalia nuno
rosafogo
quadras de 1999
imagem- blog imagens para decoupage.

quinta-feira, 24 de março de 2011

MEUS OLHOS



Turvos meus olhos, cinzas frias
Trémulos meus pés já sem tino
Lastimosos,  são os meus dias
Em vão  sonhos em desatino.


Minhas ideias dá-las ao vento?
Brigar por elas já tudo em vão!
De que servem meus intentos?
Para fazer sofrer meu coração?


Trago as palavras sossegadas
Que é feito do meu queixume?
Trago-as  na boca cadeadas!
E no peito, cravado o gume!


Em meus versos tristes repito
São estes mesmo que eu sou !
Pedras quebradas,  um grito
De amor e saudade que ficou.


São muitos os astros nos céus
Tantos que nem sei contá-los
Tantos são já os passos meus
Que lágrimas verto ao chorá-los.


natalia nuno
rosafogo

MEU DESTINO



Às vezes interrogo o destino
Embora o saiba já marcado
Cruzo-o, sou nele peregrino
De mim já pouco lembrado.


Mas ao meu caminhar assiste
É minha sombra, e lá me leva!
Quer eu esteja alegre, ou triste
Ele é minha luz ou minha treva.


O destino me tráz entontecida
Ainda vai meus sonhos forjando
Vou sonhando meia perdida...
Destino frágil onde vou baloiçando.


Rompem aromas nesta primavera
Deixei a janela do peito aberta
Dirá o destino que não me espera?
Que importa? Só a saudade é certa.


Se me virem passar triste e calada
Se me virem passar viva mas triste
Deixem-me livre na minha jornada
No destino que encandeia e insiste.


natalia nuno
rosafogo
Imagem-blog imagens para decoupage

quarta-feira, 23 de março de 2011

DO TEMPO QUE EU ERA



A mim ninguém me obrigou
Já que eu cantei com vontade
Pois se pensa, pensa e errou!
Cantarei sempre a saudade.


Aqui me chego, aqui eu vim
Mas só me dou conta agora
Perdida da vida ou ela de mim
Quem dera esquecê-la na hora.


Lembro coisas de outros dias
Dos dias que de mim cuidaram
Juventude  de mim te perdias!
E eu perdi os que me amaram.


O tempo me trouxe onde estou
Quem disse que  assim queria?
Se tempo perdi,  pouco restou!
Tempo que eu era, e isso sabia.


E assim a Vida me leva p'lo braço
Já pouco lembro, até nem a idade
Pouco a pouco, pedaço a pedaço
Lembrança aqui, ali mais saudade.


Por isso ainda por aqui me terão
Aqui ou noutra parte, Deus queira
Quem sabe melhores tempos virão
Corra limpa e clara a água da ribeira.


Que tal sacudir hoje a tristeza?
Fá-lo-ei cantarei só...com vontade
Que a força é grande e a firmeza!
Se perdida estou é de saudade.


natalia nuno
rosafogo
imagem-blog imagens para decoupage

terça-feira, 22 de março de 2011

EM MEU SONHAR



Já que esta vida é tão escassa
Deixemos tristezas aí de parte
E enquanto passa e não passa
Escreverei até que me farte!



Não me falem da mocidade
Nem de lembranças de então
Já bem me basta a saudade
Que essa?A trago no coração.



Deixem algum contentamento
Já que a vida são dois dias
Palavras, ah!...leva-as o vento!
E o tempo...levou-me alegrias.



Será que a Vida me enjeitou?
Não me sai a dor do peito!
 - Tão depressa ela passou...
Mas lhe quero de qualquer jeito.



Sem esperança, me sinto nua
De tristeza trago mão cheia
Horas mortas, canto à Lua
Onde me deixo volta e meia.



Meus olhos tristes sem luz
Nada sabem do meu viver
A memória não sei onde pús
Meu Deus que hei-de fazer.



Hoje o sol levou meu brilho
E a luz do meu olhar voou
Já não há caminho ou trilho
A vida é nuvem que passou.



natalia nuno
rosafogo

RIO ALMONDA



Fui lavar no rio Almonda
Lavei lá todas as mágoas
Mas me deixei ir na onda
Amor espelhado nas águas.


Rio Almonda vai correndo
Canta o melro naquela banda
Nele meu sonho fui tecendo
Na fresca água, tão branda.


À sombra do velho chorão
Freixo de águas  cercado!
Entreguei meu coração...
P'lo rio  testemunhado.


E o rio ficou ciúmento
Das palavras que proferi
Correm as águas em lamento
Lágrimas que chorei por ti.


Ao rio Almonda fui lavar
E nele me achei tão nova
Nova eu  sabia não estar
Nas águas tirei a prova.


Mas que estranho este poder
Que inda hoje me tráz cativa!
Rio Almonda não vou esquecer
Por muitos mais anos que viva.


Ao rio da minha aldeia- RIO ALMONDA
LAPAS, quadras de 2005

OLHOS CAÍDOS



- Fico pasmada a olhar!
E já tudo tanto me cansa
A Vida de a ver passar
Levando nela a esperança.

Trago o rosto descorado
E os olhos em desencanto
Meu entusiasmo é passado
Se eles choram eu canto!

Já não ergo as mãos ao Céu
Trago meus olhos caídos
Intrépido este destino meu!
A esmo sonhos esquecidos.

Um dia hei-de folgar a tristeza
Ficar a sonhar o dia inteiro
Um sonho todo ele certeza
Ainda que seja o derradeiro.

Hei-de plantar cravos na boca
Deixar-me cantar como cotovia
Pairar nos ares, como louca
Esqueçer noite negra, invernia.

Sonharei mais alto que montanha
Fitarei o céu  de ouro ardente
Com ardor no peito, força tamanha
Hei-de rir e chorar simultâneamente.

Há fragâncias no ar semeadas
Quem foi que as sementes lançou?
Promessas sempre renovadas
Foi Deus quem as semeou.

Meu esquecimento já é tanto
- Meu olhar fixo e absorto!
Que já me esqueci entretanto
Esquece assim quem está morto.

rosafogo
natalia nuno

QUADRAS Á ESPERANÇA



Esperança a sigo e me foge
Já meu olhar a não alcança
P'la vizinhança procurei hoje
Onde andará minha esperança?


Já meu olhar a não alcança
Sem remédio para o meu mal
Ficam sobejos em abastança
Pesa a tristeza sempre igual.


P'la vizinhança procurei hoje
Ninguém me deu novidades
Desta esperança que me foge
Já só me restam as saudades.


Onde andará minha esperança?
Que a procurei durante anos?
Esperança que sigo de criança
Trazendo-me a Vida em enganos.


rosafogo
natalia nuno

segunda-feira, 21 de março de 2011

A MAIS FORMOSA


Fita de seda amarela
Aldeia, mas que saudade
Ou eras tu a mais bela
Ou era eu...de verdade.


Ou era eu... de verdade
Que tudo em mim reluzia
Talvez seja só saudade
Saudade da tua companhia.


Saudade da tua companhia
Tu que me deste ventura
Enquanto formosa me fazia
Dentro da tua formosura.


Dentro da tua formosura
Vestida de veludo debruado
Era tamanha a nossa ventura
Nascia o Sol  envergonhado.


Nascia o Sol envergonhado
Aldeia, mas que saudade!
Lembro o vestido encarnado
Belas éramos de verdade.


À minha aldeia-LAPAS
natalia nuno
rosafogo

NA SOMBRA DA HORA



Meu livro está cheio de penas
Rasgando o peito de  quem lê
Meus versos são ais, açucenas
Sonho etéreo para quem crê.


Minhas mãos ergui aos Céus
Fiz promessa de violetas e velas
Um pouco de esperança a DEUS
Pedi...olhando as estrelas.


Minha alma bateu asas, voou
Branqueava a luz da lua no céu
Da terra mil matizes o sol brotou
E do meu peito uma flor nasceu.


Na sombra da hora que passa
Só eu entendo o meu tormento
Talvez nova esperança renasça
E a dor fique no esquecimento.


Como um canto triste e lento
Meu livro está cheio de penas
Só eu entendo meu tormento
Meus versos são ais, açucenas.


Podem ser até enfadonhos
Amargam os olhos de quem lê
A mim  alumiam-me os sonhos
Sem eles meu coração não vê.


natalia nuno
rosafogo

LÁGRIMAS



São as lágrimas  tão salgadas
Como muitas palavras tristes!
Como as que trazia  choradas
Por ti, mocidade que partiste.


Lágrimas choro a derradeira
Choro-a com muito pesar!
Até que o coração o queira
Quando a mocidade lembrar.


Dizem é bom o tempo agora
Mas cá a  mim me dá  tristeza
Quem dera chegasse a hora...
De renascer como a Natureza


O tempo o mal me causou
Junto com ele eu  passei
Fui passando... ele passou!
Mais depressa que imaginei.


Solto minhas lágrimas então
Falam elas por mim é verdade!
Falam da alma e do coração
Deste choro é  saudade.


É esta a verdade tamanha
Dos anos que já lá vão...
Saudade em mim se entranha
Nas dobras do coração.


Então por muito que eu fale
De mim, do tempo passado?
A saudade não querque cale
Ou fale em tom magoado.


Que grande engano da gente
Andar desta Vida saudosa!
Ora contente ou descontente
Andar nela sempre queixosa.


Não me queiram consolar
Que já nada me conforta
Se a morte me acompanhar
Não sentirei, estarei morta.


Vem sem aviso...de surpresa
E nem deixa lugar a ilusões
Pequena ante sua grandeza
Lá nos leva os corações.


natalia nuno
rosafogo
imagem.-blog imagens para decoupage

terça-feira, 8 de março de 2011

QUADRAS SOLTAS X





Já passou a tempestade
O mar da vida acalmou
Deixou por cá a saudade
Dentro do peito ficou...


Corre a água na ribeira
Na ansia de chegar ao rio
Se não estás á minha beira
Fica-me a vida por um fio.


Que bom que aprendi a ler
Nos teus olhos, olhos meus
Neles leio o bem-querer
Feitiço que me leva aos céus.


Dou um passo, outro passo
Não só dois,  mas sim três.
Na esperança do teu abraço
Ou dum beijo que me dês.


Há olhos que dizem tudo
E bocas que não dizem nada
Vale mais ser-se mudo...
Que ter língua desenfreada.


Há por aí tantos Poetas
Sem saber ler nem escrever
E há tantos, tantos patetas
Julgando  tudo saber...


Mas que saudade sem fim!
Que sinto, nem sei de quê?!
É como um feitiço em mim...
E a quem eu quero nada vê.


Meus olhos viram de tudo
Já  são valetas de rua
Onde corre um rio mudo
E a minha alma vai nua.


Dizes que sou marmelada
Feita em tacho de barro
Dizes que sou tua amada
Já toda em ti me amarro.


natalia nuno
rosafogo
imagem retirada do blog-imagens para decoupage