segunda-feira, 17 de junho de 2019

a uma flor..



Ele, há lá flor mais bela
que te possa ofuscar?!
Seja branca ou amarela
não precisas invejar...
És de raiz bem nascida
q' te impede de murchar
nem vais ficar esquecida
se a morte a vida levar
Se o tempo é teu algoz!?
Mas esperança é sonho!
Não seja a lembrança atroz
nem o amanhã medonho
Não te tirem a esperança
de amanhã feliz tu seres
recorda-te sempre criança
para feliz assim viveres...
Esquece da vida revezes
de tudo o que ela te afronta
o que é preciso é às vezes
vivermos ao faz de conta.
A vida matiza dias às cores
põe-te o coração a bater
se te invejam outras flores...
tens afecto e bem-querer.
natalia nuno
rosafogo

quinta-feira, 6 de junho de 2019

zumbe a saudade à minha volta...



cantam pinhais na distância
pássaros me aguardam por lá
em sonho voltarei à infância
rever quem por cá já não está.

vou falar com a minha gente
saciar a sede com água pura
ser flor que vibra inocente
esquecer esta tristeza escura

a vida dispõe e nos talha
em primavera verão outono
a morte tarda mas não falha
logo no inverno o abandono

voa a calhandra rompe o céu
sempre menina aqui deitada
voou o tempo não sou mais eu
pobre de mim e dela coitada

ruas, roseiras ciprestes muros
as manhãs abrem-se às auroras
e os homens de aspectos duros
cheios do tempo, malditas horas

mulheres cozem o pão, oração
enchem cântaras ao amanhecer
amam marido e filhos c'devoção
sentem-se mortas antes de morrer

oiço o frio cantar da fonte
e no lagar a côr rubra do vinho
criança ainda este o horizonte
a memória leva-me ao caminho

é presente em mim enraizado
prisão de aroma e de luar
o céu que me sorria estrelado
vou amar-te até o coração gelar

nossa casa branca ainda lá está
ninguém a pode esvaziar assim
pássaros me aguardam por lá
lembranças esperam por mim

uma vez mais no meu passado
mesmo sonho, mesmo encanto
instante de sorte tocado...
ventura imensa, calado o pranto

terei sempre esta rebeldia
de desafiar o sonho e a solidão
até à luz que se apagará um dia
e eu volto a ti de alma e coração

natalia nuno
rosafogo
à minha aldeia, ao meu rincão