segunda-feira, 30 de julho de 2012

trovas...tudo é feito do que sei



não sei nunca o que vem
não sei nunca como vai
trago a vida num vai-vem
vai-vem sem dar um  ai...

vai andando meio sem tino
na viagem dos meus dedos
barco na mão de menino
onde navego sem medos...

cada emoção cada ideia
tudo é feito do que sei
sou aranha faço a teia
e o próprio fio eu fiei...

há entradas e saídas...
vão partindo ou chegando
amores de nossas vidas...
tão breve nos vão deixando

na dúvida ando perdida
já não é só hesitação...
ou tempo guarda a vida
ou me leva o coração...?

ou fico ou vou embora!
anda a vontade empatada
tomo outro rumo agora
este já levo enfadada...

rosafogo
natalia nuno
imagem da net

domingo, 29 de julho de 2012

trovas...horas vazias



ficam as horas vazias
e notícias sem chegar
saudades nestes dias
difíceis de suportar...

tudo acaba não me iludo
em minha sombra tropeço
penso que existo e é tudo
mas até de mim esqueço.

nem sei bem que quero
sigo atalhos de outono
só o espelho me é sincero
saudade em meu abono

ferida aberta faz doer...!
quando chega hora exacta
levei tempo a perceber
que a vida ata e desata

dou-me ao abraço da vida
criança à corda..saltando.
da minha mão decidida
pombas saem em bando

perante os olhos perplexos
abrem caminho à maneira
as trovas sem complexos
retalhos duma vida inteira

rosafogo
natalia nuno
imagem da net











sábado, 28 de julho de 2012

trovas...a dor das coisas





as imagens na memória
são brandas fogueiras
são brasas duma história
ardendo vidas inteiras


minha alma uma fonte
pássaros em liberdade
traz o sol ali defronte
e detrás vem a saudade


o estio está em chama
deixa saudade á  porta
a lonjura pra quem ama
só ao coração  importa


tecto e chão onde moro
é a casa onde eu piso...
onde amo, canto e choro
chove nela amor e riso


vida escrita com o suor
partindo pedra e coração
solidão maior a do pastor
que abre gaveta sem pão


endurecem no meu peito
mágoas que a noite traz
vou morrer não tem jeito
eu e o tempo, tempo faz.


natalia nuno
rosafogo
imagem da net



quarta-feira, 25 de julho de 2012

trovas loucas



a tirania do espelho
continua a atirar-me
que o rosto é velho
não devo mirar-me

mal coloco o olhar
minha sombra vejo
vontade a escorregar
perdido o desejo...!

redescubro na saudade
aquele rosto tão jovem
é tão grande ansiedade
que lágrimas chovem...

um rasgão  no olhar
silêncio entre sepulturas
quando a vida me deixar
deixo da vida as agruras

hão-de pedras florescer
a claridade me atravessar
jamais eu vou querer...!
a sombra do espelho olhar



natalia nuno
rosafogo
imagem da net








segunda-feira, 23 de julho de 2012

MOMENTO



O dia se fez saudade
Saudosamente partiu
Levou com ele a claridade
Que no meu olhar existiu.


O dia se fez saudade
Morreu com ele o sol-pôr
Em mim a minha verdade
De não viver sem amor.

natalia nuno
rosafogo


Ponte Lima, 20/07/2012









quarta-feira, 18 de julho de 2012

trovas...delírios



Obra se faz pedra a pedra
com persistência e suor
também a vida só medra
com serenidade e amor...


Nunca fui rica nem pobre
e o tempo sempre correu
ser-ser pobre é se-ser nobre
foi Deus que honra me deu


Livro velho bom de ler
acaba com um bom final
todo o Poeta tem o querer
sentir sua Poesia imortal...


Dormem pássaros ao relento
na minha memória cansada
folhas se agitam ao vento
está o Outono de abalada.


Solto palavras por aí...
criança a fazer de conta
a fazer de conta que morri
que a vida vai a uma ponta.


natalia nuno
rosafogo
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terça-feira, 17 de julho de 2012

TROVAS...DELICADAS




À distãncia dum pensamento
Me encontro com a eternidade
Trago meu dia cinzento...
Mas no coração a felicidade.

Nada concede tranquilidade
Como o sentir da tua mão
Redescubro nela a saudade...
Escrevo no tempo com paixão.

Paixão que é fogo e chama
Que se acendeu entre nós
Minha saudade te chama...
Fica a garganta sem voz.

A claridade nos atravessa
Assim a esperança criamos
Não há distância que impeça
O amor que disfrutamos.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net



QUADRAS ...MOMENTOS



Esqueço a vida os abrolhos
Refugiada nos braços teus
E até a luz dos teus olhos
Incendeia o brilho dos meus.


Trago-te sempre no sentido
Como se fosses meu mar
Que faz eco ao meu ouvido
E me faz sorrir ou soluçar.


Ah...se pudesse eu esquecia!
A saudade que não me larga
Até então amor?! Eu não sabia!
Que a saudade era tão amarga.


Tens a graça gentil que ilumina
Dessa graça nasceu esta paixão
Até quando? Só Deus determina!
Cá dentro do peito com devoção.


Quem anda assim amor perdido
Perdido de amor, culpa não tem
Prende-se à razão de ter nascido
Ao redor do sonho que mantém


natalia nuno
rosafogo
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segunda-feira, 16 de julho de 2012

TROVAS...COISAS SIMPLES



Não aparto o pensamento
até meus olhos ficaram lá
na terra fria onde o vento
não deixa que o sonho vá.

Afeição não posso negar
noite e dia é lembrança
posso então ainda arriscar
o sonho ousado de criança.

Desenho então a carvão
a terra sonhada floresce
poiso o olhar e o coração
e o meu sonho acontece.

Não sou só uma lembrança
sou todas as lembranças...
imerjo num sonho de criança
sonho o mundo de esperanças.

Sou a rima que canta
a palavra que a vida exulta
Com afinada garganta
sem raiva a vida indulta.

Arrecado na mente o céu
quem sabe uma lua nova
ela que sonhos me deu
consertando minha trova

Outra coisa é estar vivo
sem nunca sentir amor!
mas ser do amor cativo?
também é morrer de dor.

E deito contas à vida
sou trapezista voadora
dia a dia ... aplaudida
da poesia... amadora!

Faço tantas descobertas
rego a vida com sorriso
portas do coração abertas
saudade quando é preciso.

natalia nuno
rosafogo

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terça-feira, 10 de julho de 2012

VERSOS...VERSOS



Palavras que se soltaram
Não as pudemos reter...
Outras por aqui ficaram
Para novos versos fazer.

Só Poetas vão entender
Os pensamentos dispersos
Se os não pudemos reter?
Então se soltem em versos.

Versos são nossa criação
Semente na terra nascida
Regamos com o coração
Como quem cuida da vida.

Versos são nossa riqueza
Passado, presente e futuro
Refrescados p'la natureza
Ninho de folhas, seguro

Versos de asas pra voar
Sem amarras nem prisão
Que se atrevem a acordar
O que vai na alma e coração.

Versos, chuvas Outonais
Sonhos, desejos, quimeras
Guiso de flores canto de pardais
Sonhando, saudosa Primavera.

natalia nuno
rosafogo
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sábado, 7 de julho de 2012

TROVAS ..MATAR A SAUDADE



perdi-te ou me perdeste
perdida ando eu de mim
desde que me esqueceste
que a vida chegou ao fim

a culpa de ter-te perdido
são desencontros da vida
é culpa de eu ter nascido
sem ser à tua medida

dá-me pretexto pra amar-te
ou então para esquecer-te
perdida como encontrar-te?
só amor pode prender-te.

prendo tuas mãos primeiro
nos teus braços quero sonhar
quando fores meu por inteiro
presa para sempre vou estar

o teu olhar não se desprende
do meu coração aos pedaços
que louco, louco não aprende
que se quebraram os laços...

não... não partas desta prisão
não quero nunca perder-te
já que não tenho o condão
deixa-me ilusão de prender-te

rosafogo
natalia nuno
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

TROVAS DE AMOR ETERNO










O amor faz milagres
Enlouquece qualquer um
Já dele trago saudades
Pobre? É não ter nenhum!

Para um tão doce amar
Sempre haverá solução
Deixar no coração entrar
Amor...ou louca paixão!

Meu coração é de penas
Tão leve como andorinha
Traz perfume de acuçenas
Do amor que tu me tinhas.

No teu corpo me deitei
A descansar da jornada
Tantos os beijos que te dei
Que agora me sinto cansada.

Vim de longe e encontrei-te
No meu coração de Outono
Pra que me visses...gritei-te!
Estou no sonho ao abandono.

Tenho-te na rota dos braços
Flutuas entre meus medos
Segues todos os meus passos.
Tenho-te na força dos dedos.

Que escrevem todos os gritos
Que querem sair-me do peito
Dos esconderijos infinitos!
Deste meu coração imperfeito.

natalia nuno
rosafogo
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terça-feira, 3 de julho de 2012

QUADRAS DE AMOR - ATREVIDAS











Se fosse fogo te incendiava
Em brasa amor tu me amarias!
Mas brasa é cinza daqui a nada
Tão breve amor... me deixarias.


Se eu fosse água te inundava
Pra não olhares com olhar falso
Ah...dum golpe só eu te matava!
Pra não andares no meu encalço.


Se eu fosse vento te impediria
Olhares as outras com ternura
Então contigo, ao céu subiria!
Abrindo portas à minha ventura.


Se eu fosse onda te beijaria
Até a boca exaurir em beijos
Tuas promessas cumprir faria!
Em ti afogava os meus desejos.


Se eu fosse golpe te atravessava
Para saberes que a dor é maldita
Quanto mais cresce mais é malvada!
Essa dor de amor... que nada evita.


Se eu fosse treva , ou sol ardente
Amargas lágrimas ou doce canto?
Com minhas forças... tão docemente
Eu te amaria... sabe Deus quanto!


rosafogo
natalia nuno
imagem da net



TROVAS DE AMOR















E num beijo exasperado
Sobe o sangue e a pulsação
O olhar enamorado...
Traz de volta teu coração.

***

Beijos querem-se roubados
Têm um outro sabor!
Mas os teus os quero dados
E mais doçuras de amor.

***

Escrevo versos com beijos
Com afagos e prazer...
Sacio os teus desejos!
Os meus em mim a crescer.

***

Trago o sangue a latejar
Com saudades da tua boca
Nos meu peito vou embalar
Este amor que me põe louca.

***

Teus olhos são cor do vento
São da cor do favo mel
Não me saem do pensamento
Nem a maciez da tua pele.

***

Já se apressa a madrugada
Viaja no teu meu olhar
A tua língua molhada
Veio à sede me condenar.

***
À sede de todos os aromas
do rosmaninho, dos limões
Sou teu fruto e me tomas
Num turbilhão de sensações.

***
´Tu és a minha dose certa
O meu amor minha loucura
Espero nesta noite deserta
Que me agarres p'la cintura

***
Ensina-me o que desconheço
Traz-me teu amor absoluto
Porque que te amo mereço!
Por ti sonho, por ti luto.
***
natalia nuno
rosafogo
imagem da net

Quadras muito antigas, Fevereiro de 1968.