domingo, 21 de abril de 2024

quadras soltas...momentos

 




no céu pousava seu olhar...
saudade sem saber de quê
e de tanto, tanto sonhar...
s/dar conta, sem que se dê!

inventava sonhos risonhos
com a mão escrevia poema
dentro, ela ainda traz sonhos
viver, ser feliz,  é seu lema

dentro dela um sonho velho
divide s/ dias com a natureza
d' manhã q' olha o espelho
ainda sente no rosto leveza

no olhar procura certezas
no coração traz a saudade
no pensamento as incertezas
saudade d' tempo d' mocidade

natalia nuno
imagem pinterest
(quadras antigas que vou passando
do arquivo para aqui) 1998

lembranças...


melros cantam no rosto
ainda lembram a menina
banhando-se ao sol posto
brincando na rua...ladina!

na pele ardia-lhe o fogo
planície habitava o olhar
brincar e estudo seria logo
e louca de tanto sonhar

tinha segredos e medos
confidenciava às estrelas
já a poesia em seus dedos
ao vento dizia coisas belas

quando gaivotas dormiam
soltavam aromas as rosas
os sonhos com ela viviam
versos, palavras mimosas

olhar procurando certezas
nela a tatuagem da  terra
aldeia e redondezas
lembranças no coração
encerra.

natalia nuno
imagem pinterest
(quadras antigas que prenoitaram
na sebenta) 1998


quadras de improviso...





saudade o coração a sente
quando chega a madrugada
faz-se na mente presente
abraça-me pela calada...

fecho aos olhos as janelas
deixo de me ouvir, me calo
palavras s' minhas sentinelas
as lembranças são m' embalo

sem predições ou promessas
as palavras vão-me fugindo
o amor,  escuta-me às avessas
e a saudade vai-me atingindo.

o tempo voraz me consome
fico como criança sem riso
numa ansiedade sem nome
punhado d'versos, improviso

natalia nuno
imagem pinterest

quinta-feira, 11 de abril de 2024

do sonho à realidade...quadras soltas

achei.me hoje a rever
os cantos d' minha aldeia
nestas horas de lazer
que a saudade me premeia

q' boa saudade tão amena
q' na minha ideia renasceu
borbulham águas, são tema!
delírios deste momento meu

diferente a vida que levo
pobre foi minha aventura
no recolhimento me atrevo
recordar a outra com ternura

havia então a vivacidade
do rio vinha-me imaginação
passei do sonho à realidade
no dia em que deixei m' chão

levava palavras de fantasia
no olhar cantarolar das águas
longe, chorava todos os dias!
sigilosas no coração as mágoas.

natalia nuno
imagem pinterest

terça-feira, 2 de abril de 2024

trovas soltas...a vida é erva rasteira





o vento estremece estrelas
- e fustiga a erva rasteira!
sorriem' olhos ao vê-las
quando estás à minha beira

e a lembrança já indecisa
ainda me fala de aventura
porque a memória precisa
de lembrar-te com ternura

e como as águas e os ventos
que correm como cavalos!
melancólicos m' pensamentos
lembranças são meus abalos.

parece coisa s' importância
lembrar vigor da mocidade
mais distante o da infância
que também me traz saudade

apresso a estabelecer tréguas
não me debruço em demasia
que estas coisas vão a léguas
eu as lembro com nostalgia

lembrar tempos recuados
até me parece ser um castigo
mas se os deixo abandonados
vêm as saudades ter comigo

submissos meus pensamentos
são como lençóis de espigas
dobram varridos pelos ventos
lembrando as coisas antigas

mais de emoção que de frio
rodopia em mim a loucura
fere-me este tempo tão bravio
ligeiro foi tempo desta aventura.

natalia nuno
imagem do pinterest






sábado, 2 de março de 2024

de sonho me cubro... quadras soltas

sinal evidente é q' envelheci
não posso esperar milagres,
a morte serviçal está por aí!
os dias são um pouco agres

a vida não vejo como jogo
ou será?! já nada descubro 
é evidente que a vida é fogo
de verdade e sonho me cubro

a chuva aborrece os vidros
dos meus olhos inquietantes
vão-se os sonhos coloridos
sonho que os sonha distantes

anda a chuva a matraquear
as vidraças como orquestra
numa esquina o Sol a dourar
o olhar nu, à janela empresta

bolor n' meu rosto, tempo ído
gotas fervem em meu coração
olhar morto d' sombra entretecido
já não sou aquela que fui então!

qual a realidade deste poema
se me perseguem ruas vazias
a negar-me que sou eu o tema
e esta a história de meus dias?

se perder a memória mais tarde
logo as memórias distantíssimas
são retido ouro aqui, tanta verdade
rimas urdidas, quadras uníssonas

natalia nuno




momentos...





lágrimas escorrem nos vidros
que dia tão triste meu Deus
lágrimas dos sonhos contidos
sonhos que eram meus e teus

só um gesto, um movimento
E Deus nos dê um céu aberto
que temporal no pensamento,
é dia sem agasalho por perto.

o céu cinzento faz ameaça
m' hoje não lamento solidão
aqui na janela o vento passa
e nostalgia volta ao coração

natalia nuno



quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

meu ruído é o meu canto





benvinda venha esta tarde
e todos que inda me ouvis
de mim só ouvem verdade
feita com palavras senis

meu ruído é o meu canto
meu caminho, minha vida
vezes também desencanto
bandeira branca, despedida

e se algum dia a solidão
me levar ao desalento
qual verdade, qual traição
guarda portas ao pensamento?

que sítio é este sem trégua?
até mesmo o som dos pardais
depois de andar tanta légua
estou pronta! esqueçam os ais

hoje estou dura de ouvido
já por tantos anos passei
de tantos sonhos já ter tido
já nem do meu nome eu sei.

natalia nuno
rimas perdidas, em quadras
antigas



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

poeta em memória...




é tão bonita a paisagem
do chão que me viu nascer
q' inda hoje trago a imagem
da água do rio a correr...

q' a saudade não se afoite
a toldar-me o pensamento
quer de de dia quer de noite
quero lembrar a m' contento

lembrar o rio e o salgueiro
o açude e da igreja o sino
sonho do tempo primeiro
era eu menina e tu menino

pára coração no momento
lembrando o milho na eira
o pai dormindo ao relento
depois dum dia de canseira

milho alimento no prato
- come menina enjoada!
e eu fazia pose de retrato
deixando m' mãe cansada

hoje que tudo acabou
no sonho inda piso o chão
tão saudosa dele estou
poeto como q' reza oração

natalia nuno
quadras têm anos, perdidas por aí
hoje ganharam vida.


 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

quadra solta...

 

 faço meus versos doloridos
 os sentimentos espaireço
 dolentes ficam os sentidos
 em devaneio tudo esqueço

natalia nuno


palavras do Poeta...


 

de onde vem esta tristeza
 de noite ou nas horas claras
 da nostalgia é com certeza
 saudade q' em mim deixaras

 que será? sonho, delírio amor
 momento de êxtase ou saudade
 quem sabe talvez seja só dor
 que o Poeta sente de verdade

 poesia é do poeta a expressão
som do grito, talvez só rumor
 ímpetos que vêm do coração
 elegias, essências do seu amor

   _tem a palavra expressiva
     fica dela a recordação!
     Poeta de alma emotiva
     Presente seu anseio e emoção.

natalia nuno

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

trova solta...



talvez Deus concerte o mundo
que fantasia deste instante meu!
inquietante está um caos profundo,
aguardando milagre... esta sou eu.

natalia nuno





quadras perdidas por aí II...




















caminho p'los campos até
ser apanhada p'la tempestade
volto ao caminho com fé
marco importante a saudade

conto os fios do aguaceiro
vou mastigando lamentos
perdi o rumo aventureiro
são frágeis os pensamentos

procuro-me no mar da vida
lanço palavras, me queimam
numa sede intempestiva
as saudades sempre teimam.

versos que são persistentes
causam dúvidas, causam caos
mas também são as sementes
uns são bons, outros são maus.

natalia nuno
quadras que escrevi faz tempo e partilhei
soltas , mas hoje juntei.

trovas perdidas...

já contorno a encosta!
meus olhos são vitrais,
meus versos a quem gosta
já não estarei por cá mais.

caem em cascasta ao mar
as palavras entusiasmadas
aquelas que não sei calar
caem em paixão derramadas

esta tarde tão efusiva
tarde de paz não se afunda
é memória de mim viva
onde a saudade já abunda

estrelas da noite minha
olhos, lágrima errante
coitado de quem caminha
no poema, neste instante.

ouvi risos a céu aberto
ao incendiar da aurora
havia pássaros por perto
e rosas, a abrir na hora

ouvi canção entre a bruma
senti que minha voz não era
rumor de coisa alguma
era o sonho à minha espera

de par em par abro janelas
escapam-se aves para o céu
quem me dera ir com elas
coberta, com branco véu.

logo um astro anoiteceu
tinge já ...o anoitecer!
aprendizagem Deus m'deu
humilde, venho agradecer.

natalia nuno
trovas soltas que andavam por aí perdidas.





 

domingo, 4 de fevereiro de 2024

soltas...que juntei


 é justo que me lamente
 e de saudade lembrar-te
 pensa quem ama e te sente
 do pensamento apagar-te.

tudo o tempo desnuda
até a lua enluarada
fugiu juventude, n/ iluda
fica sonho prata chapeada

já serenou o meu mar
acalmou a tempestade
de que sonho, que sonhar
me chega esta saudade

olho o azul firmamento
o sol oscila no arvoredo
longe vai o pensamento
e com ele meu segredo

soa ao longe cativo o vento
fundem-se as ramas entre si
na memória vive o lamento
e eu vivo aqui e em ti...

natalia nuno



  

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

trova...

 




amor, amparo e abrigo
trago apertado ao peito
valeu a pena ter vivido
o sonhado amor perfeito
não sabe ao certo ninguém
se é infinito ou tem fim
quem vive tamanho bem
tem de acreditar que sim
vai andar sempre contente
sem ter lágrimas choradas
pois se coração não mente
serão doces, não salgadas.
natalia nuno

trovas por aí...




nos olhos da terra a côr
sempre a olhar mais além
seu coração traz amor
e traz saudade também.

aonde vou eu peregrina
a algum lugar sagrado?
talvez lembrar a menina
que trouxe sempre ao lado

natalia nuno