domingo, 20 de outubro de 2019

longe de ser perfeita...



venho de longe, cheguei
trago minha alma acesa
ao cair da tarde oscilei
já dobrada na incerteza

vim do ventre da nascente
trago comigo a saudade
de todos fiquei ausente
num tempo já sem idade

no rosto trago a certeza
de que já mal me conheço
se um dia teve beleza?
ao olhá-lo me entristeço!

trago memória da viagem
e a esperança ainda arde
estandarte da minha coragem
se Deus ma deu me a guarde

fui começo e sou o fim
depois desta caminhada
já que o destino quer assim
seguirei a minha estrada

lembro bem de onde venho
mas não sei para onde vou
a esperança a que me atenho
... o tempo não esvaziou!

de flores ladeio a estrada
canteiro de rosas e jasmim
venho da terra semeada
lá atrás a chorar por mim

- trago traços de utopia
-  e longe de ser perfeita!
olhos marejados de maresia
a saudade em mim se deita

meu sonho então tropeçou
o olhar já pouco enxerga
a voz que não canta, cantou
mas a vontade não verga.

os versos são companhia
o espanto de querer viver
e a inocência se associa, a
esquecer, um dia, morrer.

natalia nuno
rosafogo
quadras feitas em viagem
5/2013








domingo, 13 de outubro de 2019

inda há pouco fui uma rosa...



traço... a traços largos
travos que a vida deixou
no coração tão amargos
que a vida de negro ficou

quando a gente imagina
vida é só contentamento
logo o sol nela declina
e sombreia o pensamento

lembranças logo presentes
ou sonhos imaginados?
como o rio levo correntes
águas dos anos passados

hoje sinto-me terra estranha
-ando de mim tão alheia!
se viver é loucura tamanha
a vida em mim foi maré cheia

inda há pouco fui uma rosa
lembrança, longa saudade
se a vida me foi generosa?
passou a manhã, já é tarde

ficou o tempo lá atrás
o sonho é meu amigo certo
agora tudo o resto tanto faz
vivo de coração aberto.

natalia nuno
rosafogo

sábado, 12 de outubro de 2019

o sol voltou...



deixo de parte a tristeza
às vezes maior que eu!
quero olhar a Natureza
este querer Deus me deu.
trago o coração activo
e a saudade de tantos anos
para agasalhá-lo assim vivo
a não lhe dar tantos danos!
e com este correr dos dias
sigo sem medo e sem reparo
sem ânsias, nem agonias
neste meu céu azul claro
e o sonho segue à maneira
no coração é areia fina...
cresce em mim não s' esgueira
trago-o em mim desde menina.

natalia nuno