sábado, 2 de março de 2024

de sonho me cubro... quadras soltas

sinal evidente é q' envelheci
não posso esperar milagres,
a morte serviçal está por aí!
os dias são um pouco agres

a vida não vejo como jogo
ou será?! já nada descubro 
é evidente que a vida é fogo
de verdade e sonho me cubro

a chuva aborrece os vidros
dos meus olhos inquietantes
vão-se os sonhos coloridos
sonho que os sonha distantes

anda a chuva a matraquear
as vidraças como orquestra
numa esquina o Sol a dourar
o olhar nu, à janela empresta

bolor n' meu rosto, tempo ído
gotas fervem em meu coração
olhar morto d' sombra entretecido
já não sou aquela que fui então!

qual a realidade deste poema
se me perseguem ruas vazias
a negar-me que sou eu o tema
e esta a história de meus dias?

se perder a memória mais tarde
logo as memórias distantíssimas
são retido ouro aqui, tanta verdade
rimas urdidas, quadras uníssonas

natalia nuno




momentos...





lágrimas escorrem nos vidros
que dia tão triste meu Deus
lágrimas dos sonhos contidos
sonhos que eram meus e teus

só um gesto, um movimento
E Deus nos dê um céu aberto
que temporal no pensamento,
é dia sem agasalho por perto.

o céu cinzento faz ameaça
m' hoje não lamento solidão
aqui na janela o vento passa
e nostalgia volta ao coração

natalia nuno