quarta-feira, 27 de setembro de 2017

saudade de lã...



giestas moram no peito
e um lírio me endoidece
porquê amar deste jeito
se o amor já me esquece

rompem estrelas no céu
rastejam sóis nos montes
em mim este amor só teu
imutável solidão d' fontes

vim alagada de suspeitas
fico a esperar os poentes
e o modo como te ajeitas
não me diz tudo que sentes

dói a alma na despedida
fica a ferida que não sára
coração é beco sem saída
solta-se a veia... não pára

esperança ao acaso sumiu
mal saem rosas do botão
bate a tristeza, alguém viu?
não sei do meu coração.

estrelas vão dando sinais
logo a verdade mais doeu
pousou pássaro nos m' ais
das minha lágrimas bebeu.

natalia nuno
rosafogo





quinta-feira, 21 de setembro de 2017

...trovas soltas...fantasia



caíu a folha...caíu...
foi outono q' chegou
amor também me viu
e logo me abandonou

e logo me abandonou
deixou-me sem alento
minha  alma se toldou
amargo o pensamento

amargo o pensamento
e as palavras ausentes
em prazer ou sofrimento
eu sei q' sinto e tu sentes

sei que sinto e tu sentes
não pára o coração de bater
somos agora indiferentes
dor que aprendi a colher

dor que aprendi a colher
como uma flor no deserto
teu amor queria eu ser
e ter-te sempre por perto

e ter-te sempre por perto
quando a vontade é amar
não me deixes neste aperto
em permanente disfarçar

em permanente disfarçar
e noutro sonho adormecer
sentindo-me a desfolhar
e o coração sem bater

e o coração sem bater
e de lembranças carregada
rosa de Maio a morrer
já ao vento desfolhada

natalia nuno
rosafogo
Maio de 2002