sábado, 30 de dezembro de 2017

lugar da minha querença... trovas


Trago na alma o canto dum regato
e os pássaros cantam no coração
olho as estrelas as saudades mato
vou lembrando a terra c' emoção

- trago na alma, ainda que vago
o toque dos sinos que dobram
um sonho precário em mim trago
neste resto de dias que me sobram

quero-me assim bem saudosa
do meu chão paraíso sonhado
foi lá q' cresci rosa tão formosa
e por lá ficou m' sonho inacabado

nas paredes azedas da m' tristeza
há uma lágrima que sempre desliza
e perante o vazio e a incerteza...
voltar ao meu chão m'alma precisa

natalia nuno
rosafogo


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

o vento sempre me leva...



sou como o dente de leão
que o vento sempre leva
e vou caindo pelo chão
até que a noite se faz treva

até que a noite se faz treva
e é crueldade a solidão
o vento sempre me leva
sou como o dente de leão

e vou caindo pelo chão
sonhos perdidos um a um
cega vou dando tropeção
na poeira sem  nenhum

sou como o dente de leão
p'lo vento ao abandono
é tão cruel a solidão...
pálpebras fecho com sono

e assim vou caindo ao chão
como fruto sem sabor
sou como dente de leão
que o vento leva com furor

as pétalas cobrem o chão
meu chão do esquecimento
e é tão cruel a solidão
é negra noite sem alento

até que a noite se faz treva
espera o ardor do vento
esse vento que me leva
e leva-me o pensamento

no silêncio do coração
e no retrato da moldura
sou como dente de leão
caindo na noite escura

trago a ternura fatigada
o corpo o amor procura
de poeta já não sou nada
nem no retrato da moldura

natalia nuno
rosafogo

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

sina amarga...



rosas em botão por abrir
esperança lhes bate à porta
o olhar, meigamente a sorrir
mulher q' a ninguém importa

ninguém a ama ou a quer
anoitece e ela na esquina
é hoje perdida mulher
mas tem alma de menina

o coração a engana
entrega-se de mão beijada
e de forma desumana
nem menina n' mulher amada.

natalia nuno

rosafogo
02/1999

trovas antigas




A trova é para troar
Aos sete ventos pois então!
Se a trova queres travar?
vais morrer de solidão.

Trova-se na madrugada
Ao doce alvor da manhã
se a trova fôr travada
Enrusbece como a  romã.

Ai...de que me serve a vida
Se há nela tanta mentira...
Trago a esperança perdida
Que até a crença me tira.

Vestígios,  do que se foi
Prós quais não há remedio
É dor que existe e que dói
E traz à vida algum tédio.

S há dor que nunca passa
é tempestade ou  bonança?
Sofrer pra nossa desgraça
é deixar morrer a esperança.

natalia nuno
rosafogo
trovas de 2003/12

solilóquio...soltas



quem vem saber
quem vem sem demora
se não quiser
"""""pode ir embora

venha à subida
não mostre cansaço
a mim unida
"""""dê-me um abraço

quem me desafia
quem rompe o nevoeiro
quem tem sede de poesia
""""que se apresente primeiro

venha a toda a hora
não fique solitário
porque noite fora
"""""pode ser um calvário

a saudade é herança
traz-nos sonhos dolorosos
traga você a esperança
"""""e abraços calorosos

e se a fonte esgotar
venha quem vier
o coração feito pra amar
""""""""amará quem o quiser

venha! venha!
tire-me desta desdita
venha a morte e me tenha
"""" numa hora bendita

natalia nuno
rosafogo
01/1990
na aldeia Sta Justa



cântico à vida...trovas soltas



a morte é parte da vida
é mar da nascente à foz
e é Deus quem nos habita
suas mãos tocam em nós

com a terra, fauna e flores
um sonho nos confiou
dávidas belas, esplendores
um sonho maior criou...

como a água deslumbrada
rasgando com seu caudal
desenlaça a vida apressada
despenha-se no vazio é fatal

a vida é como a trepadeira
que quer alcançar seu enleio
rebelde não conhece fronteira
nem tantas pedras de permeio

os nós enlaça e desenlaça
num acontecer constante
o tempo passa sem graça
e a graça passa num instante

assim a vida é uma viagem
nada, nem ninguém a detém
mar de lembranças, passagem
arauta...  da morte também.

natalia nuno
rosafogo


soltas... nostalgias



Alguém anda à procura
duma dor para sofrer?
Ame antes com ternura!
Deixe o AMOR florescer

Deixa-me sorrir ao céu
ver-me de novo pequenina
que este sonhar meu e teu
é DEUS que assim destina

Na noite brilha uma estrela
Talvez seja minha MÃE...
Quem dera de novo tê-la
pra dizer lhe quero bem.

Versos bonitos, mas vazios
silabas são contadas a dedo
versos bonitos mas tão frios
são vida entre vidas a medo

Só olho para o céu
quando te dou a mão
logo meu olhar no teu
e o bater do CORAÇÃO.

do teu BEIJO sede trago
com simplicidade digo
se o último foi amargo
dá-me outro para castigo

resvalam-me por entre dedos
buscam caminho profundo
levam com elas m' segredos
palavras q'deixo p'lo mundo

natalia nuno
rosafogo

11/12/2001





arrebata-me o tempo...



assim foi tua companhia
teu coração, tua mão
tua presença, tua alegria
chave de meu coração

o nosso sonho verdade
bebi a frescura d' água
agora nos resta a saudade
o resto... levou a mágoa

alguma coisa quebrada
nestas tardes outonais...
estamos unidos na jornada
cada dia nos querendo mais

faço quadras de improviso
se alguma coisa por dizer
da tua cumplicidade preciso
o amor está, venha quem vier

o meu grito é poderoso
quando escrevo sobre a vida
apaixonado alecrim mimoso
de sonhos ando vestida


natalia nuno
rosafogo



canto e cantarei




Canto de noite e de dia
alegre é... meu cantar!
trago  sonho e alegria
mais alguma nostalgia
de que me quero libertar

já o sol se recolheu
deixa a terra sombria
ficou de luto o céu
a lua me prometeu
decerto não dormiria

percorro oásis da mente
com uma estranha sedução
versos frescos  água corrente
num desejo tão fremente
que desce ao meu coração

o  mal que estou sentindo
quando te vejo partir...
se estás de mim fugindo
lágrimas d'amor carpindo
desilusão é  meu sentir

ninguém venha-me dizer
que a culpa é minha, errei
esteja  eu onde estiver
saudades de ti... terei!

no meu coração hei-de ter
sempre esta maldita dor
já nada tenho a perder
 se perdi o teu amor....

natalia nuno
rosafogo