domingo, 8 de fevereiro de 2015

à minha terra.../10/1995 (quadras soltas)




minhas memórias desafio
moinho que mói o grão
nas águas francas do rio
por lá deixei o coração...

sonhos hospedam-se aí
saudade trago no peito
vim de longe me perdi
ora lágrimas são o efeito

bebo destas lembranças
embalo-as nos m'abraços
sonhos velhos, esperanças
levam no rumo  cansaços

olhos atentos na praça
sempre na mente velho rio
cheiro a laranjeira grassa
perfuma m' coração vazio

lá em baixo a velha horta
onde as flores,  são reais
é meio dia o sol à porta...
ondulam ao vento juncais

já se consomem os dedos
e estas mãos ao desafio
trazem rugas e segredos
afeitas ao tempo e ao frio

errante anda o meu olhar
morrem-me as mãos nuas
o sorriso q' já não sei dar,
morro eu de saudades tuas

restam memórias saudosas
trago agora o rosto enxuto
nas roseiras já não há rosas
nem os pássaros eu já escuto

é assim este amor sem limite
é chama q' brota e queima
é taça de vinho que permite
matar a saudade que teima

10/95

natalia nuno
rosaofogo









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