quarta-feira, 7 de outubro de 2015

olhar que se esvazia...trovas soltas




chove nos beirais da m'casa
chovem lágrimas de veludo
e eu pássaro já sem asa
triste vou assistindo a tudo

janelas sem sol nem brilho
flores morrendo nos canteiros
ai como é triste este meu trilho
meus olhos verdes... nevoeiros

desprendi o cabelo, está à solta
do vento ouço agora a melodia
anda saudade trago à minha volta
p'las cortinas a luz de mais um dia

ninguém me vê sou miragem
apenas ilusão, passo de areia
calada sigo a minha viagem
tal como aranha vou tecendo a teia

abro a janela e olho o céu
deixo molhar m' asas de cetim
tenho tudo mas já nada sinto meu
são meus sonhos a chegar ao fim

caem gotas de chuva rendilhadas
desbotadas, saudosas e perdidas
acabam chorando nas calçadas
deixam os olhos de lágrimas caídas

a meu lado não está ninguém
a não ser do tempo a nostalgia
a tristeza chegou... também!
pra me deixar nesta melancolia

no calendário mais um dia finda
olho a parede, vejo a tarde passar
escorre a solidão...seja bem vinda
escuto bater à porta, q' vem chegar?

já a chama aquece e o sol volta
o coração nunca a cinza apaga
vou deixar meu cabelo à solta
e guardar este sonho que me afaga.

natalia nuno
rosafogo



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