dueto...rio/salgueiro
rio:
pergunta o rio ao salgueiro:
diz-me o que foi feito dela
sempre a avistaste primeiro
quem sabe... estará à janela
salgueiro:
cada pergunta que fizeres
- tu espelho de mil faces!
vê-la-às quando quiseres
sempre que por aqui passes
um dia vais como quem
leva o regresso já perdido
mas no coração d' alguém
jamais estarás esquecido
rio:
salgueiro olha para o céu
manda recado p´lo vento
diz-lhe deste amor tão meu
q' levo ao mar como lamento
onde estará hoje em dia
o pé não pôs mais na água
nem ouve minha melodia
por isso ao mar levo mágoa
salgueiro:
pergunta então ao moinho
ao açude que por ela chora
chora por ela tão baixinho
que um nó me dá nesta hora.
minha folhagem castigada
lembranças guardo no seio
e na solidão da madrugada
sonho que ela por aqui veio
rio:
ai salgueiro que eternidade
hoje levo minha água baça
levo esta maldita saudade
que tenho dela e não passa
não trouxe a roupa de côr
nem a branca pôs a corar
escreve mil poemas d'amor
não tem data para voltar...
salgueiro:
tempo que ainda me cabe
tão decisivo e derradeiro
dir-lhe-ei que a roupa lave
ao avistá-la lá no carreiro
sabes demasiado bem
esta saudade é um inferno
tu, eu, ela e mais ninguém
entre nós um amor eterno.
natalia nuno
rosafogo
Setembro/1995
2 comentários:
Natália querida, boa noite
A saudade sempre vem rondar o coração e provoca um lamento de dor e melancolia.
Apesar da tristeza sentida que li em cada verso é uma composição lindíssima
Beijos e bom final de semana
Oi amiga, grata pela visita, omo vês sempre a saudade a apoquentar-nos o coração, a vida vai longa e as recordações são imensas.
Estas singelas quadras têm alguns anos, mas para mim sempre me dizem muito.
Beijinho amiga, bom fim de semana também para ti.
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