
Sempre o Poeta palmeia
Como formiga não pára
Paixões, amores semeia
Feridas depois não sára
Zumbido volteando as flores
Vem a Primavera é verdade
Não sou Poeta de amores
Mas sou Poeta de saudade.
É no remanso das tardes
Que desfio rosários meus
Arrecado em mim saudades
E as contas eu dou a Deus.
Chega-me a paz nessa hora
O tempo é meu companheiro
Já meu combóio foi embora
Fiquei só no apeadeiro.
Meus dedos encarquilhados
Desfiam as contas gastas já
E os meus passos alterados
Num correr de cá p'ra lá.
A rua é de pedra incerta
Rua da minha mocidade
Hoje está de mim deserta
Deixei passos e saudade.
Deixei a janela vazia...
Onde com ânsia te esperava
Agora está a pedra fria...
Mais os beijos que te dava.
Chora o rio com saudade
Meus olhos perderem brilho
Já vai longe a mocidade
Há muito perdi o trilho.
Namorei em janela alta
Minha mãe sempre dizia
Aqui o rapaz não salta!
Não saltavas...eu descia.
Os tempos estão mudados
Romperam a velha tradição
Dantes havia beijos roubados
Hoje ninguém os quer se dão..
Hoje há flores sem côr
Há flores desaromatizadas
Hoje há namoro sem amor
Gestos e ternuras simuladas.
rosafogo
natalia nuno
imagem retirada do blog-imagens para
decoupage.