sábado, 25 de dezembro de 2010

QUADRAS SEM VOZ

QUADRAS SEM VOZ


Deixei florisse a saudade
Na hora que está a passar
À memória fulgor da mocidade
Na saudade me deixo ficar.


- Por onde terei andado?
Tão depressa aqui cheguei
Nem dei por ter abalado!?
- Lá do sítio que deixei.


Fui sucumbindo pelo caminho
E agora despertei dum sonho
Não há roseiras sem espinho
- Não sou diferente suponho!


Meu Deus a Vida a passar!?
Porquê nos olhos o espanto?
- Cegaram de tanto brilhar!
Queimados de tanto pranto.


- Hoje sou moinho cansado
Velho, no seu moer brando
Cantamos os dois nosso fado
E parece estarmos chorando.


Já me arrasto tanto assim?
Naufrago em temporal perdido?
Negra nuvem se solta por fim.
- Simples troféu esquecido.


-Sei que hei-de partir um dia
Tudo mais mentira e ilusão
Hei-de partir p'rá terra fria
Apagado, feito nada o coração.


Uma só verdade encontrada
Deixo neste verso gentil
As memórias da vida são nada
Mas as minhas são mais de mil.


rosafogo





natalia nuno


















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