trago o gosto da distância
e o cheirinho na memória
lembro tudo da infãncia
das lembranças faço história
lembro a terra dura de verão
janeiro que tudo embranquece
saudade dos meus no coração
da aldeia que jamais se esquece
lembro do burro indolente
andando à volta da nora...
lembro toda a minha gente
e o esquecimento me apavora
lembro os cantos da casa
lembro os quadros na parede
pequena eu...passarinho sem asa
lembro ída ao poço matar a sede
lembro a horta e o rio correndo
lembro a eira e o lagar
o moinho, a mó moendo
lembro as moças no rio a lavar
recordo o tempo que esgotou
o mundo é agora diferente
valores são de quem arrecadou
não há gente, como a minha gente
recordo o tempo... já não existe!
lembrança me possui e domina
e é no silêncio que ela insiste
trazer-me à memória a menina
de pequena corria na rua
as quadras eu própria cantava
sonhava com a chegada da lua
assim o sonho se agitava.
tempo não volta e tudo acabou
tudo é bonito na minha saudade
logo a mulher outro tempo chegou
deixou a aldeia vive na cidade.
coisas que não sabemos explicar
sinto ainda em mim gotas de pureza
com ardor sei ainda a terra amar
enraizada em mim esta certeza.
natalia nuno
rosafogo
setº 1999
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